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Salomé Parísio |
Salomé Parísio nasceu em 3 de junho de 1921 em Bonito
-PE. Seu nome de batismo é Dulce de Jesus Oliveira, mas resolveu adotar o
nome da mãe para entrar no meio artístico. Começou a carreira cantando
na Rádio Clube de Pernambuco. A partir daí fez shows em cassino até ser
levada para o teatro de revista.
A mulher com as mais belas pernas, como ficou conhecida, foi descoberta
por Chianca de Garcia, um famoso empresário teatral. A comediante
Celeste Aída enviou uma foto de Salomé para o empresário que
imediatamente pediu que ela embarcasse rumo ao Rio de Janeiro. Chegando
ao aeroporto, Chianca, com um forte sotaque português, lhe disse: "É a
mulher que eu quero".
Sua estreia foi no espetáculo "Um Milhão de Mulheres", ao lado de Colé e
Celeste Aída. Já começou como vedete e estrela do espetáculo. Do Rio
foi para São Paulo, onde atuou em "Eu Quero é me Badalar"; "Cai cai
Balão"; "É com Essa que eu Vou", entre outras. Trabalhou em filmes do
Mazzaropi, voltou a fazer parceria com Colé e trabalhou ao lado de
Virgínia Lane.
Em 1950, Salomé Parísio foi para Portugal. Estreou "Saias Curtas",
espetáculo que fez enorme sucesso no Cassino do Estoril. Em 1955, a
Argentina se rendeu aos encantos e às pernas de Salomé. Foi outra
temporada grandiosa.
Mas Salomé estava prestes a receber o maior convite de sua vida:
substituir Carmen Miranda nos Estados Unidos. Tudo começou quando o
famoso arquiteto Oscar Niemeyer, fã confesso da vedete, levou o
empresário Carlos Machado para assistir a um show de Salomé. Machado,
conhecido como o rei da noite, era produtor de musicais de revista. Seus
espetáculos faziam sucesso na alta sociedade brasileira. Só que ele já
havia produzido três espetáculos nos Estados Unidos que não tinham
agradado o público. Por isso, o empresário americano que o contratara
veio ao Brasil escolher os artistas pessoalmente para seu próximo show. O
americano, encantado com Salomé, exclamou: "She’s wonderful!"
E lá foi Salomé, com Nelson Gonçalves, estrelar o show Extravagância
Brasileira na Radio City Music Hall, em NovaYork, em 1960. O espetáculo
foi um estouro. Havia sessenta mulheres no palco e de repente entrava
Salomé Parísio, de costas, cantando: "Soca, soca, soca pilão, Abana
sinhá, peneira na mão". O público delirava com o rebolado da morena. O
maestro, sem entender a letra da música, pedia para ela entrar de
frente, não de costas.
Ele falava: "Miss Salame (era assim que os americanos pronunciavam),
please, look for me". E ela falava: Não!Tem que ter o re-bo-la-do. O
maestro ficava hipnotizado com o requebrado da vedete e acelerava a
música de acordo com o balanço do quadril de Salomé, deixando doidos os
músicos da orquestra.
O plano do empresário americano era ensaiar Salomé Parísio para
substituir a estrela internacional Carmen Miranda. O projeto contava até
com um filme em Hollywood para o lançamento da artista. Mas Salomé não
viveu o seu sonho. Sua mãe sofreu uma fratura no fêmur e Salomé
abandonou o trabalho para cuidar da mãe.
De volta ao Brasil, foi trabalhar com Walter Pinto. Com o declínio do
teatro de revista, continuou a fazer shows como cantora, foi contratada
pela Tupi e fez "Almoço com as Estrelas", com Airton Rodrigues. Também
participou do "Clube dos Artistas", com Lolita Rodrigues, depois foi
para a Record e Bandeirantes.Trabalhou com Dercy Gonçalves no Esplanada,
no Rio de Janeiro, e com vedetes como Anilza Leoni, na revista "Chica
da Silva 65", em que interpretava a personagem-título.
O ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, dizia que ia ao teatro
só para ver a pinta da perna de Salomé Parísio e exclamava: "Você é a
número 1".
Se os Estados Unidos escolheram Marilyn Monroe para cantar para seus
soldados antes de ir à guerra, o Brasil preferiu Salomé Parísio. A
artista foi convidada a cantar para os pracinhas brasileiros antes da
partida deles para a Itália, na Segunda Guerra Mundial.
Salomé também participou da lendária montagem de "Macunaíma", dirigida
por Antunes Filho. Em novelas trabalhou em "Sangue do meu Sangue" de
Vicente Sesso, em 1969, ao lado de Fernanda Montenegro, Tônia Carrero,
Sadi Cabral e Armando Bógus, e fez uma participação na primeira versão
de "Mulheres de Areia", em 1973, na TV Tupi.
Na década de 1980 participou das peças "Violinista no Telhado", "Dilúvio" e "Aí vem o Dilúvio".
Salomé Parísio vive hoje em São Paulo e continua a cantar, a fazer shows
e programa festejar seus 60 anos de carreira com um grande espetáculo.
Em suas aparições ainda canta uma marchinha que sempre fez sucesso:
"Beata, ta, beata, ta, / Este coco saboroso / Você come / E não me
dá...".