quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A divina Ava Gardner

Ava Gardner (Ava Lavinia Gardner), atriz, nasceu em Grabtown, Carolina do Norte, EUA, em 24/12/1922, e faleceu em Londres, Inglaterra, em 25/01/1990, aos 67 anos. Atriz americana do cinema clássico de Hollywood, é considerada uma das mais belas da história do cinema e uma das grandes estrelas do século XX.

Nascida no condado de Johnston, foi a sétima criança do casal Mary (Molly) Elizabeth Gardner e Jonas Gardner. Ava teve os irmãos Raymond (que morreu, aos dois anos de idade, de uma forma trágica, quando sua mãe, Molly, jogou no fogo, por engano, um detonador de dinamite que explodiu em seguida), Melvin, Beatrice, Elsie Mae, Inez, e Myra.

Seu cunhado Larry Tarr era fotógrafo em Nova Iorque e encheu suas vitrines com fotos de Ava Gardner, então com 16 anos de idade. Uma dessas fotos foi vista por um funcionário da Metro Goldwyn Mayer, Barney Duhan que aconselhou Larry Tarr a encaminhar fotos de sua cunhada para o estúdio. O diretor George Sidney gostou do que viu e convidou-a para Hollywood, onde desembarcou a 23 de agosto de 1941. Conseguiu um teste e um pequeno contrato com a produtora a 50 dólares por semana.

Foi também modelo da agência nova-iorquina de John Powers. Estudou dicção a fim de perder o forte sotaque sulino e estreou em um filme de Norma Shearer, "We Were Dancing" de 1942 e a partir daí fez uma série de pontas em filmes em que seu nome nem sequer aparecia nos letreiros.

Em 1941, Mickey Rooney era o pequeno rei da Metro: fazia um musical chamado "Babes On Broadway", no qual imitava Carmen Miranda, de baiana e maquiagem exagerada. Ava foi-lhe apresentada nesse dia. Casaram-se em 10 de janeiro de 1942, divorciando-se um ano depois, após uma série de brigas, em 21 de maio de 1943 (no mesmo dia em que sua mãe faleceu).

Seu segundo casamento deu-se em 17 de outubro de 1945, com o músico, compositor e regente Artie Shaw, homem extremamente culto e inteligente, que tentou fazer dela uma erudita, "inundando" sua vida com obras literárias clássicas e famosas. Esse casamento também não deu certo, durando apenas um ano e sete dias.

Seu último casamento foi com o célebre cantor Frank Sinatra, em 7 de novembro de 1951 e durou dois anos, embora a separação oficial só ocorresse em 1957. Ela nunca teve filhos e nem se casou mais, embora tenha mantido um romance com o toureiro Luis Dominguin por alguns anos.

Também teve um caso amoroso nos anos 1940 com o aviador bilionário Howard Hughes que durou até os anos 1950.


Para o cineasta Cecil B. DeMille, Ava era "a mulher mais linda do mundo". Nos estúdios ela era definida como possuidora de um olhar de gata, por isso o poeta Jean Cocteau a definiu como o "mais belo animal do mundo".

Passou seu último ano de vida reclusa em seu apartamento de Londres - eram suas companheiras apenas sua antiga governanta Carmen Vargas e seu amado Welsh Corgi, Morgan. Frank Sinatra pagou todas as suas despesas médicas após seu acidente vascular cerebral em 1989, que a deixou parcialmente paralisada e acamada.

Vargas levou seu corpo para sua casa nativa na Carolina do Norte para um funeral privado. Nenhum de seus ex-maridos participou. Gardner foi sepultada no Sunset Memorial Park, Smithfield, ao lado de seus irmãos e seus amados pais, Jonas (1878-1938) e Mollie Gardner (1883-1943). O centro de Smithfield tem o Ava Gardner Museum.

Prêmios

Academy Awards:

1954 Melhor Atriz, Mogambo

BAFTA Awards:

1957 Melhor Atriz Estrangeira, Bhowani Junction
1960 Melhor Atriz Estrangeira, On the Beach
1965 Melhor Atriz Estrangeira, The Night of the Iguana

Golden Globes:

1965 Best Motion Picture Actress - Drama, The Night of the Iguana

Laurel Awards:

1958 Top Estrela Feminina - sétimo lugar

San Sebastián International Film Festival:

1964 Melhor Atriz, The Night of the Iguana

Filmografia

1941 Fancy Answers
1941 Shadow of the Thin Man
1941 H.M. Pulham, Esq.
1941 Babes on Broadway
1942 We Do It Because
1942 Joe Smith, American
1942 This Time for Keeps
1942 Kid Glove Killer
1942 Sunday Punch
1942 Calling Dr. Gillespie
1942 Mighty Lak a Goat
1942 Reunion in France
1943 Du Barry Was a Lady
1943 Ghosts on the Loose
1943 Young Ideas
1943 Swing Fever
1943 Lost Angel
1944 Two Girls and a Sailor
1944 Three Men in White
1944 Maisie Goes to Reno
1944 Blonde Fever
1945 She Went to the Races
1946 Whistle Stop
1946 The Killers
1947 Singapore
1947 The Hucksters
1948 One Touch of Venus
1949 The Bribe
1949 The Great Sinner
1949 East Side, West Side
1951 Pandora and the Flying Dutchman
1951 My Forbidden Past
1951 Show Boat
1952 Lone Star
1952 The Snows of Kilimanjaro
1953 Ride, Vaquero!
1953 Mogambo
1953 Knights of the Round Table
1954 The Barefoot Contessa
1956 Bhowani Junction
1957 The Little Hut
1957 The Sun Also Rises
1958 The Naked Maja
1959 On the Beach
1960 The Angel Wore Red
1963 55 Days at Peking
1964 Seven Days in May
1964 The Night of the Iguana
1966 The Bible: In the Beginning…
1968 Mayerling
1970 Tam Lin
1972 The Life and Times of Judge Roy Bean
1974 Earthquake
1975 Permission to Kill
1976 The Blue Bird
1976 The Cassandra Crossing
1977 The Sentinel
1979 City on Fire
1981 Priest of Love
1982 Regina Roma
1985 A.D. (minisseries)
1985 The Long Hot Summer (TV)
1986 Harem (TV)

Fonte: Wikipédia.

Anne Francis

Anne Francis, atriz americana, nasceu em Ossining, Nova Iorque, em 16/09/1930, e faleceu em Santa Barbara, California, em 02/01/2011. Começou bem cedo trabalhando como modelo, aos seis anos já trabalhava no rádio e aos 11 estreou na Broadway.

Contratada pela MGM, apareceu em pequenos papéis em musicais e dramas a partir de 1948, mas retornou a Nova Iorque logo depois, onde atuou na TV. Chamou a atenção do magnata do cinema Darryl F. Zanuck e assinou novo contrato com a 20th Century Fox.

Viveu sua cota de papéis de louras ingênuas, mas teve boas oportunidades em Sementes de Violência (1955) e no clássico da ficção científica Planeta Proibido (1956), no papel da encantadora Altaira, ao lado de Leslie Nielsen e de Robby, o robô.

Na TV, chegou no início dos anos de 1950, com participações especiais em séries como Os Intocáveis, Além da Imaginação, Rawhide, Rota 66, Dr. Kildare, Culpado ou Inocente, Alfred Hitchcock Apresenta, Ben Casey, Histórias do Velho Oeste/Death Valley Days, O Agente da UNCLE, O Fugitivo, A Lei de Burke, Os Invasores, Missão: Impossível, Dan August, Os Audaciosos, O Homem de Virgínia, Gunsmoke, Columbo, Kung Fu, Barnaby Jones, Petrocelli, A Mulher Maravilha, Demônios do Ar, Police Woman, Vegas, As Panteras, Os Grandes Heróis da Bíblia, Dallas, A Ilha da Fantasia, Assassinato por Escrito”, Nash Bridges, The Drew Carey Show e Without a Trace.

Entre 1965 e 1966, estrelou Honey West, primeira tentativa de Aaron Spelling de produzir uma série estrelada por uma detetive feminina. A decisão de produzir a série veio da paixão de Spelling pela inglesa Os Vingadores/The Avengers, na época estrelada por Patrick McNee e Honor Blackman. Spelling tentou reproduzir seu estilo em várias ocasiões diferentes ao longo de sua carreira, como em As Panteras e Jovens Bruxas/Charmed.

Para estrelar Honey West, Spelling convidou Honor Blackman para o papel principal, mas ela recusou. Por isso, o produtor procurou por alguém que fosse fisicamente parecida com ela. Foi assim que encontrou Anne Francis, que estrelara o filme Planeta Proibido, ao lado de Leslie Nielsen.

Introduzida como um episódio de A Lei de Burke, a série, adaptada da literatura policial, apresenta Honey, uma jovem que assume a agência de detetives do pai após sua morte. Para ajudá-la a resolver seus casos, ela conta com o apoio de Sam Bolt (John Ericson), da tia Meg West (alusão a Mae West), interpretada por Irene Verney, e do leopardo Bruce, seu bichinho de estimação.


A personagem era uma espécie de James Bond de saias. A proposta foi bem recebida pelo público e pela crítica, levando a atriz a ser indicada ao Emmy e ao Golden Globe. Mesmo assim, a ABC cancelou a série. Dizem que o motivo teria sido o fato do canal ter comprado Os Vingadores. O valor de compra da produção inglesa seria menor que o custo de produção de Honey West. A série foi cancelada com apenas uma temporada de 30 episódios. No entanto, ao longo dos anos, Honey West ganhou status de cult.

Em 1982, a atriz publicou sua autobiografia, com o título de Voices From Home: An Inner Journey. Anne foi casada duas vezes, sendo que as duas relações terminaram em divórcio. Em seu segundo casamento, teve uma filha, Jane Elizabeth Uemura. Em 1970, a atriz adotou Margaret West, tornando-se uma das primeiras mulheres solteiras a adotar uma criança no estado da Califórnia.

Em 2007, Anne foi diagnosticada com câncer no pulmão, passando por um tratamento de quimioterapia. Em 2008, foi submetida a uma cirurgia para remoção de parte de seu pulmão direito. A doença retornou, atingindo o pâncreas. Nos últimos anos, Anne vivia em uma casa de repouso em Santa Barbara.

A atriz faleceu no dia 2 de janeiro de 2011, aos 80 anos, vítima de câncer no pâncreas.

Fontes: Revista Carcasse; Anne Francis - Wikipédia; Anne Francis (1930-2011) - Revista Veja.

Ursula Andress, a bond girl

Ursula Andress, atriz, nasceu em Ostermundigen, próximo a Berna, na Suíça, filha da suíça Anna e de Rolf Andress, diplomata alemão que foi expulso da Suíça por motivos políticos. Andress tem quatro irmãs e um irmão, e é fluente em inglês, francês, italiano e alemão.

Em 1953 iniciou sua estréia nos estudios de Roma, apesar de alguns trabalhos como figurante, atraiu mais a atenção por seu casamento com o ator John Derek que por suas primeiras interpretaçoes.

A fama veio dez anos depois, como Honey Rider no primeiro filme de James Bond, o agente 007 Dr. No (1962) interpretado pelo ator ingles Sean Conery, sob a direção de Terrence Youg. Ela fez sucesso pelo seu corpo sensual e pelo seu traje de banho reduzido ostentando um largo cinturão com enorme fivela e portando um fuzil-arpão.

Honey Rider - Dr. No (1962)
Posteriormente fez alguns papéis com mais ou menos roupa e foi muito bem dirigida por Robert Aldrich em Quatro Heróis do Texas (1963). Fez também uma feiticeira imortal em Ela a Feiticeira (1965) de Robert Day, baseado numa novela de Edgar Rice Burrougs o célebre criador de Tarzan.

Ursula trabalhou com atores famosos como Jean Paul Belmondo, James Masson, George Peppard, David Nivem e muitos outros.

Curiosamente Ursula Andress não queria trabalhar em Dr No, no entanto seu marido John Derek, aconselhou-a a aceitar o papel, pelo qual recebeu 12.000 dólares, e lhe abriu as portas do mundo da sétima arte.

Na vida pessoal, namorou astros como James Dean, Marlon Brando. Foi casada com John Derek, entre 1957 e 1966. Tem um filho, Dimitri Alexander Hamlin (nascido em 1980), com Harry Hamlin.


Filmes

Die Vogelpredigt (2005)
Cremaster 5 (1997)
Alles gelogen (1996)
Fantaghirò 4 (1994) (TV)
Fantaghirò 3 (1993) (TV)
Man Against the Mob: The Chinatown Murders (1989) (TV)
Il professore - Diva (1989) (TV)
Klassäzämekunft (1988)
Liberté, égalité, choucroute (1985)
Krasnye kolokola, film pervyy - Meksika v ogne (1982)
Clash of the Titans (1981)
The Fifth Musketeer (1979)
Letti selvaggi (1979)
La montagna del dio cannibale (1978)
Doppio delitto (1977)
Le avventure e gli amori di Scaramouche (1976)
Africa Express (1976)
Safari Express (1976)
Spogliamoci così senza pudor (1976)
L'infermiera (1975)
Colpo in canna (1975)
L'ultima chance (1973)
Soleil rouge - Sol Vermelho (1971)
Perfect Friday (1970)
The Southern Star (1969)
Le dolci signore (1968)
Casino Royale (1967)
Once Before I Die (1966)
The Blue Max (1966)
La decima vittima (1965)
Les tribulations d'un Chinois en Chine (1965)
What's New Pussycat - O que é que há gatinha? (1965)
She (1965)
Nightmare in the Sun (1965)
4 for Texas (1963)
Fun in Acapulco - O Seresteiro de Acapulco (1963)
Dr. No - 007 contra o Satânico Dr. No (1962)
La catena dell'odio (1955)
Un americano a Roma (1954)

Fontes: Cinema Clássico; Sapo Cinema, Wikipédia.

O homem das nádegas frias

A historinha que vai contada abaixo, naquele estilo literário que fez de Stanislaw Ponte Preta um escri­tor de importância transcendental, é absolutamente ver­dadeira e — a par de ser jocosa — serve para provar que na época hodierna a mulher está tão desacostumada ao cavalheirismo, que engrossa a toda hora, por falta de treino.

A pessoa que foi testemunha do episódio merece todo crédito e garante que aconteceu no interior de um desses ônibus elétricos que a irreverência popular apelidou de chifrado. O ônibus vinha lotado e, como acontece com tanta freqüência, com vários passageiros em pé.

Antiga­mente, quando havia passageiro em pé, era tudo homem, porque a delicadeza mandava que os cavalheiros cedessem seus lugares às damas. Hoje, porém, é na base do chega-pra-lá.

Vai daí, havia um senhor que estava sentado distraidamente lendo o seu jornal e nem percebeu que havia em pé, ao seu lado, uma jovem senhora dessas que não são nem de capelão largar batina, nem de mandar dizer que não está. Em suma: uma mulher bastante razoável.

O senhor acabou de ler o seu jornal, dobrou-o e deu aquela espiada em volta, ocasião em que percebeu a dis­tinta viajando em pé, ao seu lado. Devia ser um cavalhei­ro de conservar hábitos d'antanho porque, imediatamen­te, levantou-se e disse pra dona:

— Faça o obséquio de sentar-se, minha senhora. Seu ato não parecia esconder segundas intenções, tão espontâneo ele foi. Mas, se o cavalheiro era antigão, a madama era moderninha. Achou logo que o senhor esta­va querendo fazer hora com ela e, desacostumada ao gesto delicado, torceu o nariz e falou:

— Muito obrigada, mas eu não sento em lugar quente. Houve risinho esparso pelo ônibus e comentários velados, o que deixaria o senhor com cara de tacho, não fosse ele — conforme ficou provado — pessoa de muita presença de espírito.

Notando que todos o olhavam como se ele fosse um palhaço, o gentil passageiro voltou a sentar-se e disse, no mesmo tom de voz da grosseira passageira, isto é, naque­le tom de voz que desperta a atenção geral:

— Sinto muito que o lugar esteja quente, minha se­nhora. Mas não existe nenhum processo que nos permita carregar uma geladeira no rabo.

Alias, ele não disse rabo. Ele disse mesmo foi bunda.
______________________________________________________

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

Debbie Reynolds

Debbie Reynolds (Mary Francês Reynolds), atriz, nasceu em El Paso, Texas, Estados Unidos, em 01/04/1932. Em 1948, quando tinha 16 anos, ganhou um concurso de beleza de Miss Burbank, localidade californiana onde morava desde criança.

Esse título lhe deu um contrato com a Warner, estúdio onde obteve uma participação no filme June Bride, que foi o seu de estréia (uma comédia protagonizada por Bette Davis y Robert Montgomery).

Ela nunca tinha dançado, até que foi escolhida por Gene Kelly para protagonizar ao seu lado Sing' In the Rain (1952). O filme se tornou um dos maiores sucessos de todos os tempos e Debbie seguiu fazendo musicais e comédias românticas.


Em 1955 contracenou com Frank Sinatra, em Armadilha Amorosa. Em 1964 foi indicada ao Oscar pelo seu papel em A Inconquistável Molly Brown.

Foi casada com Eddie Fisher, com quem teve dois filhos. Dentre eles, a atriz Carrie Fisher, mais conhecida como a Princesa Leia de Stars Wars. Seu segundo marido foi o magnata Harry Karl.

Com a decadência de sua carreira, seguiu se apresentando nos palcos. Comprou um cassino em Las Vegas e atualmente junta itens de sua coleção para seu próprio Museu, onde constam artigos de filmes, roupas usadas por outros atores, como Judy Garland e memórias.

Filmografia

June Bride (1948)
The Daughter of Rosie O'Grady (1950)
Three Little Words (1950)
Two Weeks with Love *Mr. Imperium (1951)
Singin' in the Rain (1952)
Skirts Ahoy! (1952)
I Love Melvin (1953)
The Many Loves of Dobie Gillis / The Affairs of Dobie Gillis (1953)
Give a Girl a Break (1954)
Susan Slept Here (1954)
Athena (1954)
Hit the Deck (1955)
The Tender Trap (1955)
Meet Me in Las Vegas (1956)
The Catered Affair (1956)
Bundle of Joy (1956)
Tammy and the Bachelor (1957)
This Happy Feeling (1958)
The Mating Game (1959)
Say One for Me (1959)
It Started with a Kiss (1959)
The Gazebo (1959)
The Rat Race (1960)
Pepe (1960)
The Pleasure of His Company (1961)
The Second Time Around (1961)
How the West Was Won (1962)
Mary, Mary (1963)
My Six Loves (1963)
The Unsinkable Molly Brown (1964)
Goodbye Charlie (1964)
The Singing Nun (1966)
Divorce American Style (1967)
How Sweet It Is! (1968)
What's the Matter with Helen? (1971)
Charlotte's Web (1973) (voz)
Busby Berkeley (1974) (documentário)
That's Entertainment! (1974)
Kiki's Delivery Service (1989) (voz na versão em inglês de 1998)
The Bodyguard (1992)
Jack L. Warner: The Last Mogul (1993) (documentário)
Heaven & Earth (1993)
That's Entertainment! III (1994)
Mother (1996)
Wedding Bell Blues (1996)
In & Out (1997)
Halloweentown (1998)
Fear and Loathing in Las Vegas (1998)
Zack and Reba (1998)
Rudolph the Red-Nosed Reindeer: The Movie (1998) (voice)
Keepers of the Frame (1999) (documentário)
Rugrats in Paris: The Movie (2000) (voz)
Halloweentown II: Kalabar's Revenge (2001)
Cinerama Adventure (2002) (documentário)
Connie and Carla (2004)
Halloweentown High (2004)
Return to Halloweentown (2006)
Mr. Warmth: The Don Rickles Project (2007) (documentário)
The Jill & Tony Curtis Story (2008) (documentário)
Blaze of Glory (2008) (voz)
The Brothers Warner (2008) (documentário)
Fay Wray: A Life (2008) (documentário)
Broadway: Beyond the Golden Age (2009) (documentário)
One for the Money (2011)(Vovó Mazur)

Fonte: Wikipedia; alohacriticón; Cinema Clássico.

Carmen Miranda, a pequena notável

Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha), cantora, atriz e dançarina, nasceu em Marco de Canaveses, Portugal, em 9/2/1909, e faleceu em Beverly Hills, Los Angeles, EUA, em 5/8/1955. Com um ano e meio veio para o Brasil com a mãe, Maria Emília Miranda da Cunha, e Olinda, a irmã mais velha. Seu pai, José Maria Pinto da Cunha, barbeiro, chegara antes.

No Rio de Janeiro RJ nasceriam Amaro, Cecília, Aurora e Oscar. Em 1919 foi matriculada na Escola Santa Teresa, de freiras, que dava instrução gratuita às meninas pobres da Lapa.

Aos 15 anos conseguiu trabalho como balconista de loja de gravatas e depois em loja de chapéus femininos, onde aprendeu a confeccioná-los. A pensão da mãe era freqüentada também por músicos, como Pixinguinha e seu grupo. Vivia cantando e fazendo planos, até ser convidada por Aníbal Duarte, futuro deputado, para participar de um festival de caridade no Instituto Nacional de Música, em 1929.

Cantou então tangos e a canção Chora violão, acompanhada do pianista Julinho de Oliveira, tendo atraído a atenção justamente do autor da canção, Josué de Barros, professor de violão, que se ofereceu para ajudá-la. Depois de algumas apresentações nas Rádios Sociedade e Educadora, foi levada por Josué para gravar na etiqueta Brunswick um disco com Não vá simbora e Se o samba é moda, duas músicas dele, só lançado em janeiro de 1930, ano também de seu segundo disco, pela Victor com Triste Jandaia e Dona Balbina (ambas de Josué de Barros).

O sucesso veio em seu segundo disco Victor, com a marcha de Josué, laiá Ioiô, lançado no Carnaval de 1930. A fama viria no disco seguinte, com Pra você gostar de mim (Ta-hi), marcha do médico Joubert de Carvalho especialmente para ela e que, depois do Carnaval, bateria o recorde nacional de vendas com 36 mil cópias. Ainda em 1930, apenas cantando, atuou na revista musical Vai dar o que falar, no Teatro João Caetano.

Em 1931 gravou sucessos como Carnavá tá ai (Pixinguinha e Josué de Barros), Amor, amor (Joubert de Carvalho) e realizou sua primeira viagem ao exterior, à Argentina, com Francisco Alves, Mário Reis, os músicos Luperce Miranda e Tute e um casal de bailarinos. Em 1932 estreou no cinema, no filme Carnaval cantado de 1932 no Rio, um semidocumentário de média metragem, produzido pelo exibidor Vital Ramos de Castro, no qual canta o samba Bamboleô, de André Filho.

Em 1933 participou do filme Voz do Carnaval, da Cinédia, dirigido por Ademar Gonzaga e Humberto Mauro. Já era chamada A Pequena Notável, slogan criado por César Ladeira. Lançou sucessos como Good bye e Etc (Assis Valente), Moleque indigesto (Lamartine Babo), este junto com o autor, Chegou a hora da fogueira (Lamartine Babo), em dueto com Mário Reis, Inconstitucionalíssimamente (Hervé Cordovil). São destaques de 1934 Alô, alô (André Filho) e Isto é lá com Santo Antônio (Lamartine Babo), ambas em dueto com Mário Reis, Primavera no Rio (João de Barro), Coração (Sinval Silva) e outras.

No início de 1935 aparece no filme Alô, alô Brasil!, da Waldow-Cinédia, no qual cantou Primavera no Rio. Transferiu-se mais tarde para a gravadora Odeon e apareceu no filme Estudantes, da Waldow-Cinédia, único filme brasileiro em que atuou como atriz. Nele cantou a famosa marcha junina Sonho de papel, de Alberto Ribeiro. Lançou pela Odeon, além do citado Sonho de papel, O tic-tac do meu coração (Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva), Adeus batucada (Sinval Silva), Casaquinho de tricô (Paulo Barbosa), entre outros sucessos.

Começou 1936 com o filme Alô alô Carnaval, da Waldow-Cinédia, dirigido por Ademar Gonzaga, no qual cantou Querido Adão (Benedito Lacerda e Osvaldo Santiago) e Cantores de Rádio (Alberto Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo), em dupla com Aurora Miranda, ambas de fraque e cartola dourados (foto ao lado), traje criado por Carmen, numa cena clássica. Entre os seus maiores sucessos desse ano estão o citado Querido Adão, Como vaes você e No tabuleiro da baiana (ambas de Ary Barroso) e Polichinelo (Gadé e Almanir Grego).

No final de 1937, voltou para a sua querida Rádio Mayrink Veiga. São desse ano O samba e o tango (Amado Régis), Camisa listrada (Assis Valente), Eu dei (Ary Barroso), Quem é? (Custódio Mesquita e Joraci Camargo) e outros sucessos.

Em 1938, abalada pela morte de seu pai, afastou-se por alguns meses, só voltando para receber mais uma confirmação de ser a maior cantora do Brasil por votação dos leitores da revista Fon-Fon. Em fins de 1938 apresentou-se pela primeira vez vestida de baiana no Cassino da Urca, cantando Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso. Então conheceu o ator Tyrone Power e sua noiva Annabella, presenteada por ela com uma baiana, traje que estilizou e fixou como típico da mulher brasileira em todo o mundo.

No início de 1939, vestida de baiana, foi a atração do filme Banana da terra, da Sonofilms, dirigido por J. Rui, cantando O que é que a baiana tem?, do estreante Dorival Caymmi, samba gravado em seguida com ele, e Pirulito, marcha de João de Barro e Alberto Ribeiro, que substituíram Na Baixa do Sapateiro e Boneca de piche, porque Ary Barroso, autor das duas músicas, pedira muito alto para cedê-las. Logo depois, acompanhada do Bando da Lua, que até estão colaborava com ela apenas por amizade e quando suas apresentações coincidiam, foi vista no Cassino da Urca pelo grande empresário americano Lee Shubert e pela atriz-patinadora Sonja Henie, que insistiu em sua contratação. Carmen aceitou ir para os EUA mas impôs como condição a ida do Bando da Lua, para garantia do ritmo.

Consagrada na América do Sul e absoluta no Brasil, embarcou em 4/5/1939 com uma multidão na despedida mas chegou a New York completamente desconhecida e sabendo umas poucas palavras em inglês. Foram-lhe reservados apenas seis minutos num dos quadros da revista musical Streets of Paris, que aproveitou para cantar trechos de Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva), Marchinha do grande galo (Lamartine Babo e Paulo Barbosa), Bambo de bambu (Donga, P. Teixeira, Almirante e V. Abreu), Touradas em Madri (João de Barro e Alberto Ribeiro), além da canção South American Way (Al Dubin e Jimmy McHugh) adaptada ao ritmo de samba e cantada em português e inglês. Da noite para o dia seu êxito extraordinário passou para os anais do mundo do espetáculo. Lançou moda, gravou na Decca e fez com que a 20th Century Fox deslocasse sua equipe a New York para filmar seus números da revista, encaixados no filme Serenata tropical (Down Argentine Way, direção de Irving Cummings, 1940). Tornou-se popularíssima como a Brazilian Bombshell.

Voltou ao Brasil em 1940 e teve majestosa recepção popular no cais e na avenida Rio Branco. No Cassino da Urca foi recebida com frieza por uma platéia diferente, de grã-finos, por dizer algumas palavras em inglês e cantar South American Way. Suspendeu a temporada e voltou com músicas em que rebateu as acusações de se ter americanizado, como Disseram que voltei americanizada, Disso é que eu gosto, Voltei pro morro, todas de Vicente Paiva e Luís Peixoto. Seria esse triunfo sua última apresentação pessoal no Brasil, pois fixaria residência em Beverly Hills.

Pela Fox filmou Uma noite no Rio (That Night in Rio, de Irving Cummings, 1941). Nesse ano imprimiu mãos e sapatos de plataforma (para compensar seus 1,53 m de altura) na calçada do Teatro Chinês, primeira e única sul-americana a receber tal honraria. Depois filmou Aconteceu em Havana (Weekend in Havana, de Walter Lang, 1941), Minha secretária brasileira (Springtime in the Rockies, de Irving Cummings, 1942), Entre a loura e a morena (The Gang`s All Here, de Busby Berkeley, 1943), Quatro moças num jeep (Four Jills in a Jeep, de William A. Seiter 1944), Serenata boêmia (Greenwich Village, de Walter Lang, 1944), Alegria rapazes (Something for the boys, de Lewis Seiler, 1944), Sonhos de estrela (Doll Face, de Lewis Seiler, 1945).

Requisitada pelo cinema, rádio, gravações, cassinos e casas noturnas tornou-se a mais bem paga mulher em 1945 considerados todos os ramos de atividade. Em 1946, fez seu último filme na Fox, Se eu fosse feliz (If I'm Lucky, de Lewis Seiler). No ano seguinte, casou-se com o americano David Sebastian e estrelou, com Groucho Marx, Copacabana (de Alfred E. Green). A convite do produtor Joe Pasternak, da MGM, atuou no filme O príncipe encantado (A Date With Judy, de Richard Thorpe, 1948), contracenando com Wallace Beery Jane Powell e a jovem Elizabeth Taylor.

Foi das primeiras artistas a atuar na televisão. Em 1950, mais um filme na Metro, Romance carioca (Nancy Goes to Rio, de Robert Z. Leonard). Em 1953 foi lançado seu último filme, Morrendo de medo (Scared Stiff; de George Marshall), ao lado de Dean Martin e Jerry Lewis.

No final de 1954, depois de 14 anos fora, voltou ao Brasil para tratamento de esgotamento nervoso. Restabeleceu-se mas teve de voltar aos EUA. Quatro meses mais tarde o Brasil foi paralisado com a notícia de seu falecimento por colapso cardíaco em sua casa em Beverly Hills, depois de filmar com Jimmy Durante um programa de televisão em Los Angeles. No dia 12 seu corpo embalsamado chegou ao Rio de Janeiro, foi velado na Câmara dos Vereadores e sepultado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista, com mais de um milhão de pessoas, quase a metade da população carioca.

Em 1995 Helena Solberg fez o filme Bananas is my business, documentário-ficção elogiado pelos jornais The New York Times e Village Voice. No mesmo ano, o Lincoln Center, de New York, promoveu espetáculo em lembrança do 40° aniversário de sua morte, com direção de Nelson Mota e participações de Bebel Gilberto, Aurora Miranda, Eduardo Dusek, Maria Alcina, Marília Pêra e outros. Deixou sua voz e personalidade em 281 gravações brasileiras e 32 americanas. Lançou internacionalmente a moda dos turbantes, colares, brincos, balangandãs e sapatos de sola alta, contraponto de uma gesticulação peculiar das mãos em compasso com olhos irrequietos.

O "mirandismo", mais de 40 anos depois, mantém aura que ainda fascina a juventude, justificando a afirmação de que ela é um dos ícones mundiais do séc. XX.

Algumas letras e cifras:


Fonte: Blog MPB Cifrantiga.

Charles Dickens

Um dos mais célebres romancistas ingleses, Dickens é também o mais típico da Inglaterra vitoriana. Criou uma prosa original, rica de símbolos, e viu-se cercado da fama de reformador por ter narrado os horrores dos asilos, escolas e prisões da época.

Sua obra, impregnada de mistério, é aparentada com o romance gótico e constitui um vasto painel melodramático da Londres industrial de 1830-1850.

Charles John Huffam Dickens nasceu em Portsmouth, Hampshire, em 7 de fevereiro de 1812. Seguiu para Londres com a família, que em 1823 se instalou no bairro popular de Camden Town e passou por grandes dificuldades financeiras. O pai foi preso por dívidas e Charles teve de se empregar aos 12 anos numa fábrica.

Uma herança inesperada permitiu-lhe prosseguir os estudos. Depois de trabalhar como escrevente de cartório, dedicou-se ao jornalismo. Como repórter, aprofundou seu conhecimento da cidade e entrou em contato com a vida dos tribunais e do Parlamento. Desde 1833 publicou crônicas humorísticas, em diferentes periódicos, sob o pseudônimo de Boz.

Em 1836 casou-se com Catherine Hogarth, com quem teve dez filhos. De início, lançou seus romances em fascículos, com os quais obteve grande sucesso. Viajou pelos Estados Unidos, Itália, França e outros países. Foi editor de vários periódicos e, em 1846, fundou o Daily News. Ligou-se à atriz Ellen Ternan (1857), com quem passou a viver, e a partir de 1858 dedicou-se a leituras públicas de suas obras, já então internacionalmente famosas.

As primeiras crônicas humorísticas de Dickens, com cenas da vida cotidiana, foram reunidas no volume Sketches by Boz (1836; Esboços feitos por Boz). O sucesso valeu-lhe a encomenda dos Pickwick Papers (1836-1837; Documentos de Pickwick), romance burlesco sobre as peripécias de um grupo de esportistas amadores, cuja trama lhe serviu de pretexto para satirizar o sistema judiciário inglês.

Inspirado na Londres de sua infância, escreveu a seguir Oliver Twist (1838), história de um menino, vítima das condições sociais, que em meio à corrupção preserva sua pureza. Nicholas Nickleby (1839) descreve os horrores do internato, as perseguições sofridas pelas crianças e os abusos de mestres ignorantes e perversos.

Em The Old Curiosity Shop (1840-1841; Loja de antiguidades), Dickens examina os efeitos do jogo sobre o caráter, mas o livro tornou-se célebre pelo episódio da morte lenta e sofrida de Little Nell. Em Dombey and Son (1846-1848; Dombey e filho) é Little Paul quem enternece os leitores. A obra parte de um problema pessoal -- o orgulho -- para examinar o mundo do comércio na sociedade da época.

Romances históricos

Situado na época dos distúrbios anticatólicos de 1780, Barnaby Rudge (1841) enaltece a pureza e a simplicidade do povo e denuncia os políticos e a depravação dos grandes. É a única obra de Dickens que narra os movimentos sociais revolucionários de seu próprio tempo. A obra está cheia de reminiscências autobiográficas e revela influências da filosofia socializante de Carlyle. A Tale of Two Cities (1859; História de duas cidades), tido como o romance mais sentimental sobre a revolução francesa, alcançou enorme sucesso de público.

A postura essencialmente sentimental de Dickens expressou-se com muita nitidez em seus contos de Natal. Christmas Carol (1843; Canto de Natal), que é quase um conto de fadas, tornou-se parte integrante da mitologia natalina anglo-saxônica. Outros textos de Dickens sobre a mesma temática são The Chimes (O carrilhão) e The Cricket on the Hearth (O grilo na lareira), ambos publicados em 1845.

Outros títulos célebres

David Copperfield (1849-1850) é considerado por muitos a obra-prima de Dickens. Trata-se de um romance semi-autobiográfico, com incidentes e personagens exagerados. David tem muito em comum com Charles menino, mas, como na maioria dos romances de Dickens, a realidade é deformada para aumentar o efeito dramático e cômico. O imprevidente e bonachão Mr. Micawber parece inspirado na figura de seu pai. O enredo é intrincado e coincidências fantásticas resolvem os problemas na hora exata. David é um anjo incompreendido, como todos os heróis infantis de Dickens.

Seguiram-se Bleak House (1852; Casa desolada), sobre a corrupção nos tribunais e a exploração das crianças trabalhadoras, com descrições inesquecíveis de Londres sob o fog (nevoeiro), e Hard Times (1854; Tempos difíceis), a obra mais bem construída de Dickens, na qual manifesta hostilidade aos sindicatos operários, mostrando que o suposto defensor do povo era antitrabalhista. Little Dorrit (1857; A pequena Dorrit) denuncia a letargia burocrática e o sistema de prisão por dívidas.

Em 1861 Dickens publicou o mais equilibrado de seus romances: Great Expectations (Grandes esperanças). Acreditava, como todo inglês médio da época, na imutabilidade da hierarquia social e condensou no destino de Pip sua própria experiência: os perigos de uma ascensão social demasiado rápida. Em Our Mutual Friend (1864; Nosso amigo comum) tratou da nova plutocracia que surgia entre os ruídos ininterruptos e sinistros do porto de Londres.

Deixou inacabado o romance policial The Mistery of Edwin Drood (O mistério de Edwin Drood), que revela influência de seu amigo e discípulo Wilkie Collins. Charles Dickens morreu em Gad's Hill, perto de Chatham, Kent, em 9 de junho de 1870.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Suplício chinês

Era um hotelzinho pacato e que só recebia hós­pedes durante o verão. Clima de montanha, boa comida e muito sossego. Enfim, essas bossas.

Durante a maior parte do ano os cozinheiros ficavam dando peitada um no outro. Não tinham mesmo nada pra fazer!!! Cidade pequena, sabe como é? Igual a Cachoeirinha, onde nasceu Primo Altamirando. Diz ele que a popu­lação da cidade não aumenta porque sempre que nasce um filho... foge um pai.

Mas voltando ao hotelzinho: o velho escrivão do car­tório local, um cara solteiro e doido por mulher, morava lá e sua constante reclamação era justamente a falta de hospedagem feminina, para que ele pudesse praticar o salutar esporte da paquera.

Por longo tempo foi assim. O escrivão sendo o mora­dor mais antigo e fiel, ocupava o melhor quarto (o quarto nupcial, que hotelzinho mixa também tem dessas bestei­ras) e era tarado como um Pelé em Santos. Até que — um dia — um coronel político foi ao hotel e pediu um quarto para a filha. A mocinha — que era o que havia de mais redondinho e cor-de-rosa na região — ia casar e passaria a lua-de-mel ali.

Então foi feita a troca. O dono do hotel conseguiu convencer o escrivão de mudar de quarto e o pilantra topou logo, desde que ficasse num quarto ao lado. Lua-de-mel era o que mais incomodava o serventuário da justiça, porque ele ficava olhando o casalzinho na hora do jantar e, de noite, não tinha jeito de dormir: ficava acordado, imaginando coisas.

No dia do casamento o escrivão fechou o cartório mais cedo, mandou a justiça para o inferno e chegou no hotel antes da hora. Não quis conversa com ninguém e, quando não viu o casal na sala de jantar achou que os dois tinham comido no quarto. Alvoroçado que só bode no cercado das cabritas, subiu para seus aposentos provisó­rios e só reapareceu no saguão no dia seguinte, mais páli­do que o Conde Drácula.

— Mas o senhor não dormiu bem no outro quarto? O vizinho fez muito barulho? — perguntou o solícito gerente.

— Pois é... sabe como são essas coisas. Casal em lua-de-mel no quarto ao lado, sempre incomoda, né? A gente fica pensando besteira — insinuou o escrivão.

— Mas... — o gerente estava boquiaberto: — o casal não veio. O quarto estava vazio. Apareceu aqui um chinês com dor de dente. Eu botei o chinês lá — e acrescentou: Coitado do chinês, gemeu a noite toda.
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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

Charles Baudelaire, o poeta maldito

Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas "malditos". De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício.

Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos. Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.

Acontecimento capital na vida do poeta é o processo a que foi submetido em 1857, ao publicar Les Fleurs du mal (As flores do mal). Além de condená-lo a uma multa por ultraje à moral e aos bons costumes, a justiça obrigou-o a retirar do volume seis poemas. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Uma nova estratégia da linguagem

Quase toda a crítica moderna concorda que Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem. Erich Auerbach observou que sua poesia foi a primeira a incorporar a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo. Nesse sentido Baudelaire criou a poesia moderna, concedendo a toda realidade o direito de ser submetida ao tratamento poético.

A atividade de Baudelaire se dividiu entre a poesia, a crítica literária e de arte e a tradução. Seu maior título são Les Fleurs du mal, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além da celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado por muitos como um subproduto degenerado do romantismo.

Tanto Les Fleurs du mal como os Petits poèmes en prose (1868; Pequenos poemas em prosa), depois intitulados Le Spleen de Paris (1869) e publicados em revistas desde 1861, introduziram elementos novos na linguagem poética, fundindo o grotesco ao sublime e explorando as secretas analogias do universo. Para fixar a nova forma do poema em prosa, Baudelaire usou como modelo uma obra de Aloïsius Bertrand, Gaspard de la nuit (1842; Gaspar da noite), se bem tenha ampliado em muito suas possibilidades.

Crítica de arte e traduções

Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salon de 1845 (Salão de 1845) e o Salon de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de L'Art romantique (1868; A arte romântica) e Curiosités esthétiques (1868; Curiosidades estéticas). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Extensão da atividade crítica e criadora de Baudelaire foram suas traduções de Edgar Allan Poe. Dos ensaios críticos de Poe, sobretudo "The Poetic Principle" (1876; "O princípio poético"), Baudelaire tirou as diretrizes básicas de sua poética, voltada contra os excessos retóricos: a exclusão da poesia dos elementos de cunho narrativo; e a relação entre a intensidade e a brevidade das composições.

Ainda um outro Baudelaire é o revelado em suas obras especulativas e confessionais. É o caso de Les Paradis artificiels, (1860; Os paraísos artificiais, ópio e haxixe), especulações sobre as plantas alucinó opium et haschischgenas, parcialmente inspiradas nas Confessions of an English Opium-Eater (1822; Confissões de um comedor de ópio) de Thomas De Quincey; e de Journaux intimes (1909; Diários íntimos) -- que contém "Fusées" (notas escritas por volta de 1851) e "Mon coeur mis a nu" ("Meu coração desnudo") --, cuja primeira edição completa foi publicada em 1909. Tais escritos são o testamento espiritual do poeta, confissões íntimas e reflexões sobre assuntos diversos.

Quer pelo interesse inerente a sua grande poesia, quer pelos vislumbres que essas confissões propiciam, Baudelaire se destaca entre os poetas franceses mais estudados por ensaístas e críticos. Jean-Paul Sartre situou-o como protótipo de uma escolha existencial que teria repercussões no século XX, enquanto a crítica centrada nas relações históricas, como a de Walter Benjamin, dedicou-se a examinar sua consciência secreta de uma relação impossível com o mundo social.

Após uma existência das mais atribuladas, Baudelaire morreu de paralisia geral em Paris em 31 de agosto de 1867, quando mal começava a ser reconhecida sua influência duradoura sobre a evolução da poesia.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.