Um tradicional conto espanhol explica a origem do ditado “Quem não te conhece que te compre”. O tio Cândido morava na cidade de Carmona e era a pessoa mais inocente e simplória do de toda a Andaluzia. Além disso, tinha ótima índole: generoso, caridoso e afável com todos.
Ele tinha um belo burro, mas, como era bondoso ao extremo, não gostava de cansar o animal. Assim, acostumara-se a andar puxando-o pelo cabresto.
Um dia, uns estudantes arruaceiros o viram passar deste modo e decidiram roubar o burro. Enquanto alguns levavam o animal sem que tio Cândido visse, o mais travesso dos estudantes ficou no lugar do burro, com a mão atada ao cabresto.
Quando tio Cândido viu o rapaz, ficou pasmado achando que o burro tinha se transformado em gente. O estudante mentiu que, no passado, tinha sido brigão, jogador, afeiçoado às mulheres e muito vadio. Por isso, seu pai o amaldiçoara dizendo: “És um asno, e em asno te deverias mudar.” Dito e feito. A maldição fez com que virasse um burro e, por quatro anos, vivera daquela forma. Agora, arrependido de seus pecados, tinha voltado ao normal.
Tio Cândido ficou maravilhado com a história. Teve pena do estudante, não se importou com o dinheiro que estava perdendo sem o burro. Aconselhou-o a ir depressa se apresentar ao pai e reconciliar-se com ele. O estudante, com falsas lágrimas de gratidão nos olhos, foi embora.
Tempos depois, passeando numa feira, tio Cândido ficou assombrado ao ver à venda um burro idêntico ao que tivera. Naturalmente, era o mesmo, mas, ingenuamente, ele concluiu que o estudante tinha voltado à vida de travessuras e que o pai o amaldiçoara de novo.
Aproximando-se do burro, tio Cândido falou-lhe ao ouvido: “Quem não te conhece, que te compre!”
Fonte: http://pt.shvoong.com/books/mythology-ancient-literature/1655914
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