Uma das primeiras montagens de Walter Pinto - Teatro Recreio - Rio de Janeiro, anos 40. |
O Teatro de revista é um gênero de teatro musicado caracterizado por passar em revista os principais acontecimentos do ano. A encenação é feita numa sucessão de quadros onde os fatos são revividos com intenção e humor. Tudo em meio a muitas danças, canções e outros números musicais.
Surgido no Rio de Janeiro em 1859, com a revista de Justino de Fiqueiredo Novais intitulada As surpresas do Sr. José da Piedade, relacionada ao ano de 1858 em dois atos e quatro quadros. Essa revista foi estreada no Teatro Ginásio, dia 15 de janeiro de 1859. Esse novo gênero de teatro com música firmou-se definitivamente a partir da década de 1880, com o aparecimento do magnifico Artur de Azevedo que se tornou o maior nome do teatro musicado brasileiro em todos os tempos.
No início, as revistas brasileiras sofreram a influência das revistas européias, até 1887, com a encenação da revista La gran via, por uma companhia espanhola. Nessa revistas as coristas cantavam em coro e não se movimentavam pelo palco. As revistas brasileiras inovaram e ganharam estilo próprio mesmo antes do final da década de 1880 quando passou a lançar músicas de sucesso popular.
O tango Araúna ou Xô, araúna, da revista Cocota, de Artur Azevedo, encenada em 1885, é considerada como a primeira música que saiu do palco para as ruas, para o domínio popular. Depois veio a cançoneta A missa campal, de Oscar Pederneiras, 1888, cantada, também, na revista de Oscar pederneiras. Em seguida vieram outras composições que fortificaram ainda mais esse tipo de teatro musicado.
Entre as mais famosas da época, tivemos o tango As laranjas da Sabina, com letra de Artur de Azevedo, que foi lançado pela soprano italiana Ana Manarezzi na revista A República, de Artur e Aluízio Azevedo, em 1890; o lundu Mugunzá, de F. Carvalho, lançado em 1892 na revista portuguesa Tim-tim por tim-tim, e o tango brasileiro Gaúcho, de Chiquinha Gonzaga, tocado pela primeira vez na revista Zizinha Maxixe, de autoria do ator Machado Careca, em 1897, que se tornou um dos maiores sucessos da música popular brasileira de todos os tempos, sob o nome de Corta-jaca.
Além de veículo da popularização de canções populares, o teatro de revista abrigou e deu nome a uma série de maestros-compositores, como a própria Chiquinha Gonzaga, Paulino Sacramento, Nicolino Milano, Bento Mossurunga, Antonio Sá Pereira, Sofonias Dornelas, Adalberto Gomes de Carvalho.
A partir da década de 1920, o teatro de revista sofreu a influência do cinema e seu tempo foi diminuído e passaram a concorrer, também, com os mágicos o que conduziu o gênero para o show, cuja tendência aumentou na década de 1930 com os espetáculos internacionais dos cassinos. Em 1935, foi encenada no Teatro Recreio, a revista de Freire Junior, intitulada Bailarina do cassino. Dessa forma a importância do teatro musicado passou para os shows de boate ou de teatros com o objetivo de atender a um público mais exigente.
O teatro de revista dando sucesso às músicas populares
Até o começo dos anos 20, o teatro de revista que se fazia no Brasil ainda era rudimentar, sem muita preocupação com guarda-roupas, cenários e mesmo com os próprios espaços onde era encenado. Naqueles momentos, aportam no Rio de Janeiro duas companhias européias que iriam ditar a mudança completa do comportamento do gênero, tanto no palco como fora dele.
Salvyano Cavalcanti de Paiva conta, no livro Viva o rebolado, como foi a reação nacional à presença da companhia francesa Ba-Ta-Clan: “Despertaram interesse, surpresa e sensação a saúde e a marcação das coristas, de corpo escultural, a música viva e funcional, os cenários magnificentes, a movimentação de luzes e cores que ampliava os efeitos estéticos e cenográficos e, em especial, o apelo erótico alcançado mediante a mostra generosa do nu feminino – que a Censura, no primeiro momento, não ousou proibir para não parecer matuta... Isto chocou mais aos empresários que ao público; verificaram, por fim, o acanhado das suas realizações. A conseqüência mais imediata foi a supressão das meias e das grosseiras roupas de malha das coristas. E tentativas de melhorar, enriquecer, as apoteoses: isto representou mudança radical na cenografia e nos figurinos e a introdução de uma coreografia consciente nos números de dança coletiva, até então executados na base do improviso”.
As observações se prestam também à companhia madrilense Velasco, que junto com a francesa trouxeram a feérie para o público carioca. Foi tal o impacto das mulheres européias no país que, em São Paulo, um jovem tentou suicidar-se, saltando do viaduto do Chá, por amor a uma das francesinhas, e Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco, casou-se com a corista belga Marie Stevens.
A primeira revista brasileira não chegou a ficar em cartaz uma semana, por falta de público e proibição da censura, após a estréia. Denominava-se As surpresas do Sr. José da Piedade e foi encenado no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro, em 1859. A segunda tentativa foi em 1875, com a A Revista do Ano de 1875, escrita por Joaquim Serra, mas que acabou fracassando por excesso de sátiras políticas. Ainda nesse ano, do mesmo Serra, Rei morto, rei posto dá sinais de que público começava a aceitar o novo tipo de teatro.
O grande sucesso brasileiro apareceria em 1883, com o O Mandarim, espetáculo de Artur Azevedo e Moreira Sampaio, com a participação do cançonetista e compositor Xisto Bahia, considerado um dos maiores artistas populares de sua época e, segundo o próprio Artur Azevedo, “o ator mais nacional que tivemos”. Como revista inteiramente brasileira, a primeira carnavalesca a ser montada intitulava-se O Boulevard da Imprensa de Oscar Pederneiras.
Portugal nos manda, em 1892, suas cançonetistas da revista Tintim por tintim, com bastante êxito. A revista como balanço do ano desaparece no início do século. É o momento em que a música começa a tomar espaço maior no palco e o Carnaval a ser um dos seus principais motes, envolvendo-se o teatro de revista com as grandes sociedades carnavalescas, como os clubes dos Fenianos, Tenentes do Diabo, dos Democráticos e outros.
Na revista O Maxixe, em 1906, é lançado Vem cá mulata (Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre), no mesmo ritmo do título. Vira grito de guerra dos Democráticos nos carnavais seguintes, tal êxito que foi no palco. É um dos primeiros exemplares do teatro de revista como lançador de músicas que o povo adotaria de imediato. A fase das revistas do ano ficara para trás. O público crescente deixava-se seduzir por um tipo de teatro que alcançava uma estrutura tipicamente brasileira, mais que isso, carioca, e a revista assumia agora o papel que cumpriria nos anos seguintes, de lançadora de sucessos da música popular brasileira.
Cidade essencialmente musical, mesmo assim, o Rio de Janeiro só veria o prestígio do teatro de revista consolidado, nos últimos anos da década de 10 e nos primeiros da de 20. Assumida inteiramente a função de vitrine, abriria os palcos para compositores populares, que os levariam à celebridade, transformaria vedetes-cantoras nas mulheres mais desejadas e cobiçadas do país. Desejo e cobiça que, muitas vezes eram orientados para diferentes finalidades, visto que, na realidade, os compositores as desejavam como intérpretes de seus sambas nos palcos revisteiros e cobiçavam o resultado financeiro que, certamente, adviria de um lançamento feito por uma daquelas deusas.
Até o começo dos anos 20, o teatro de revista que se fazia no Brasil ainda era rudimentar, sem muita preocupação com guarda-roupas, cenários e mesmo com os próprios espaços onde era encenado. Naqueles momentos, aportam no Rio de Janeiro duas companhias européias que iriam ditar a mudança completa do comportamento do gênero, tanto no palco como fora dele.
Salvyano Cavalcanti de Paiva conta, no livro Viva o rebolado, como foi a reação nacional à presença da companhia francesa Ba-Ta-Clan: “Despertaram interesse, surpresa e sensação a saúde e a marcação das coristas, de corpo escultural, a música viva e funcional, os cenários magnificentes, a movimentação de luzes e cores que ampliava os efeitos estéticos e cenográficos e, em especial, o apelo erótico alcançado mediante a mostra generosa do nu feminino – que a Censura, no primeiro momento, não ousou proibir para não parecer matuta... Isto chocou mais aos empresários que ao público; verificaram, por fim, o acanhado das suas realizações. A conseqüência mais imediata foi a supressão das meias e das grosseiras roupas de malha das coristas. E tentativas de melhorar, enriquecer, as apoteoses: isto representou mudança radical na cenografia e nos figurinos e a introdução de uma coreografia consciente nos números de dança coletiva, até então executados na base do improviso”.
As observações se prestam também à companhia madrilense Velasco, que junto com a francesa trouxeram a feérie para o público carioca. Foi tal o impacto das mulheres européias no país que, em São Paulo, um jovem tentou suicidar-se, saltando do viaduto do Chá, por amor a uma das francesinhas, e Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco, casou-se com a corista belga Marie Stevens.
A primeira revista brasileira não chegou a ficar em cartaz uma semana, por falta de público e proibição da censura, após a estréia. Denominava-se As surpresas do Sr. José da Piedade e foi encenado no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro, em 1859. A segunda tentativa foi em 1875, com a A Revista do Ano de 1875, escrita por Joaquim Serra, mas que acabou fracassando por excesso de sátiras políticas. Ainda nesse ano, do mesmo Serra, Rei morto, rei posto dá sinais de que público começava a aceitar o novo tipo de teatro.
O grande sucesso brasileiro apareceria em 1883, com o O Mandarim, espetáculo de Artur Azevedo e Moreira Sampaio, com a participação do cançonetista e compositor Xisto Bahia, considerado um dos maiores artistas populares de sua época e, segundo o próprio Artur Azevedo, “o ator mais nacional que tivemos”. Como revista inteiramente brasileira, a primeira carnavalesca a ser montada intitulava-se O Boulevard da Imprensa de Oscar Pederneiras.
Portugal nos manda, em 1892, suas cançonetistas da revista Tintim por tintim, com bastante êxito. A revista como balanço do ano desaparece no início do século. É o momento em que a música começa a tomar espaço maior no palco e o Carnaval a ser um dos seus principais motes, envolvendo-se o teatro de revista com as grandes sociedades carnavalescas, como os clubes dos Fenianos, Tenentes do Diabo, dos Democráticos e outros.
Na revista O Maxixe, em 1906, é lançado Vem cá mulata (Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre), no mesmo ritmo do título. Vira grito de guerra dos Democráticos nos carnavais seguintes, tal êxito que foi no palco. É um dos primeiros exemplares do teatro de revista como lançador de músicas que o povo adotaria de imediato. A fase das revistas do ano ficara para trás. O público crescente deixava-se seduzir por um tipo de teatro que alcançava uma estrutura tipicamente brasileira, mais que isso, carioca, e a revista assumia agora o papel que cumpriria nos anos seguintes, de lançadora de sucessos da música popular brasileira.
Cidade essencialmente musical, mesmo assim, o Rio de Janeiro só veria o prestígio do teatro de revista consolidado, nos últimos anos da década de 10 e nos primeiros da de 20. Assumida inteiramente a função de vitrine, abriria os palcos para compositores populares, que os levariam à celebridade, transformaria vedetes-cantoras nas mulheres mais desejadas e cobiçadas do país. Desejo e cobiça que, muitas vezes eram orientados para diferentes finalidades, visto que, na realidade, os compositores as desejavam como intérpretes de seus sambas nos palcos revisteiros e cobiçavam o resultado financeiro que, certamente, adviria de um lançamento feito por uma daquelas deusas.
Fonte: http://teatrobr.blogspot.com
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