O bar Shirley tem um feijão legal que alimenta mais o proletariado do que todos os pelegos juntos, do antigo e do atual Governo: que este, apesar da banca que bota, também tem pelego.
Mas vamos ao flagrantezinho carioca. O crioulo entrou no Bar Shirley, chegou perto do balcão e, mostrando-se crioulo extravagante, berrou:
— Bota um limão.
Antigamente, quem botava limão era limoeiro, mas a plebe ignara tem preguiça de falar e vai diminuindo o nome de tudo.
Batida-de-limão agora pede-se assim:
— Bota um limão aí.
Puseram e o crioulo começou a beber. Largou umas gotinhas pro santo e vapt... virou a cachaça.
Foi aí que passou a mulatinha na rua. Era dessas de andar raçudo, muito bem encadernada e ia pisando legal; calando conversa.
O crioulo saiu do bar e ficou espiando a coisinha fofa até a mulata dobrar lá na Avenida Atlântica. Suspirou, voltou para junto do balcão e falou:
— Deus faz, a natureza "creia" e eu "apreceio". Me bota aí outro limão.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
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