O primeiro monstro sagrado que o futebol brasileiro produziu era um mulato claro, de olhos verdes, filho de alemão com brasileira. Chamava-se Arthur Friedenreich e, de acordo com as estatísticas, teria feito mais gols que Pelé. Precisamente 1.329 gols, o que dá a média de um gol por semana durante os seus 26 anos de carreira.
Arthur nasceu no bairro da Luz, São Paulo, em 18/7/1892, e faleceu na mesma cidade, em 6/9/1969. Filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra brasileira aprendeu a jogar bola com bexiga de boi. Poucos anos depois de Charles Miller chegar ao país, em 1894, trazendo o futebol como novidade, o Brasil revelou seu primeiro ídolo.
Começou a jogar futebol ainda adolescente na cidade de São Paulo, nos clubes Germânia (atual Pinheiros), Mackenzie, Ypiranga e o Paulistano, que hoje são apenas clubes sociais e já não atuam no futebol profissional. Destacou-se pela imaginação, técnica, estilo e pela capacidade de improvisar. O apelido de "El Tigre" foi dado pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, atual Copa América.
A sua posição de origem foi a de centroavante. "El Tigre" acabou introduzindo novas jogadas no ainda menino futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo. Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também atuou pelo São Paulo Futebol Clube, conquistando mais um campeonato paulista em 1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por "Esquadrão de Aço", e era formado por Nestor; Clodô e Bartô; Mílton, Bino e Fabio; Luizinho, Siriri, Araken e Junqueirinha.
Depois de ter jogado em 1917 no Flamengo Friedenreich volta ao Rio na década de 30 para de novo jogar pelo Flamengo. Clube onde ele afirmava ter orgulho de jogar e onde fez seu gol mil até o 1.046.
Era considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e como ia marcar um gol.
Nos dias atuais, ainda é considerado um dos maiores centroavantes que o Brasil já teve. No ano de 1925, voltou da Europa como um dos "melhores do mundo", depois de vencer, pelo Paulistano, nove dos dez jogos disputados.
Um de seus mais incríveis feitos, ocorrido em 1928, foi a marca de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Ele jogava pelo Paulistano e o resultado final foi de 9 a 0, no dia 16 de setembro; a curiosidade fica por conta do pênalti perdido por Fried. Encerrou a carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade. Depois de abandonar os gramados, viveu na pobreza um bom tempo até morrer em 6 de setembro de 1969, em uma casa cedida pelo São Paulo.
Seleção Brasileira
Sua estréia na seleção se deu no ano de 1912 em um amistoso contra a seleção paulista, quando o escrete brasileiro venceu por 7 a 0 com dois gols de "Fried". Sua despedida aconteceu em 1935, em um jogo contra o River Plate no dia 23 de fevereiro, no qual o Brasil ganhou por 2 a 1. Friendenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols.
No ano de 1914 ganhou o primeiro título do Brasil na história: a Copa Roca, taça amistosa realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Outras conquistas importantes que conseguiu foram os sul-americanos de 1919, marcando o gol do título na prorrogação contra os uruguaios, e 1922, primeiras conquistas relevantes da Seleção Brasileira.
Fontes: Wikipedia; Revista Placar.
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