Papisa Joana, como João VII, gravura constante do livro "Crônica de Nurem- berg", de 1493 de Hartmann Schedel. |
A lenda aparece pela primeira vez em documentos do início do século XIII, situando os acontecimentos em 1099. Outro cronista, também do século XIII, data o papado de Joana de até três séculos e meio antes, depois da morte do Papa Leão IV, coincidindo com uma época de crise e confusão na diocese de Roma. Joana ocupou o cargo durante dois ou três anos, entre o Papa Leão IV e o Papa Bento III (anos de 850 e 858).
Versões
A história possui várias versões. Segundo alguns relatos, Joana teria sido uma jovem oriental, nascida com o possível nome de Giliberta, talvez de Constantinopla, que se fez passar por homem para escapar à proibição de estudar imposta às mulheres. Extremamente culta, possuía formação em filosofia e teologia. Ao chegar a Roma, apresentou-se como monge e surpreendeu os doutores da Igreja com sua sabedoria. Teria chegado ao papado após a morte do Papa Leão IV, com o nome de João VII. A mesma lenda conta que Joana se tornou amante de um oficial da Guarda Suíça e ficou grávida.
Outra versão - a de Martinho de Opava - afirma que Joana teria nascido na cidade de Mainz, na Alemanha, filha de um casal inglês aí residente à época. Na idade adulta, conheceu um monge, por quem se apaixonou. Foram ambos para a Grécia, onde passaram três anos, após o que se mudaram para Roma. Para evitar o escândalo que a relação poderia causar, Joana decidiu vestir roupas masculinas, passando assim por monge, com o nome de Johannes Angelicus, e teria então ingressado no mosteiro de São Martinho.
A Papisa Joana é uma das mais controversas figuras da Idade Média, permanecendo até hoje envolta em contornos brumosos e enigmáticos. Ao longo dos séculos muitos negaram a sua existência; contudo é considerável o número de documentos que atestam a sua passagem pelo trono papal.
Histórica ou lendária?
Papisa Joana representada como o Anticristo, montando a Besta do Apocalipse. |
Aprendeu a ler e a escrever muito cedo, ensinada, às escondidas, pelo seu irmão Mateus, rapaz muito inteligente, que morreu ainda criança, e que era ensinado por um tutor. Este, depois da morte do menino, ensinando o outro irmão, João, apercebeu-se de que Joana sabia ler e escrever, tendo esta lhe confessado que fora Mateus que a ensinara.
Com o auxílio do tutor, em breve Joana dominava o latim e o grego. Mas este foi transferido e, com grande desgosto, Joana viu-se de novo a estudar sozinha. À partida o tutor prometeu-lhe não a esquecer, e fazer o possível para ela poder continuar os seus estudos.
De fato, alguns meses depois, o pai recebeu uma carta do bispo, ordenando-lhe que enviasse a menina ao seu palácio. Contrariado, o pai obedeceu ao seu superior.
Chegada ao palácio episcopal Joana é submetida a um exame, já que a escola era freqüentada apenas por rapazes. O reitor mostra toda a sua antipatia e discordância com a idéia dela freqüentar a escola; mas, perante as provas de sabedoria dadas por Joana, e especialmente pela insistência do bispo, o reitor é obrigado a aceitá-la.
Surge o problema do alojamento, já que Joana não poderia ficar instalada junto aos rapazes. Um cavaleiro ruivo, o Conde Geraldo, que se mantivera sempre junto ao bispo, e observara Joana com a maior atenção, ofereceu-se para alojar a criança em sua casa. De dia viria freqüentar a escola.
Joana revelou-se o que todos consideravam um fenômeno. Mas a sua vida não foi fácil. Os rapazes humilhavam-na, chegando a exercer sobre ela violência física, e chamando-lhe “aberração”.
Alguns anos depois de freqüentar a escola, Joana sentiu que nada mais poderia aprender ali. Senhora dum talento extraordinário, e com uma insaciável sede de saber, só nos mosteiros poderia aprofundar os seus estudos.
Conseguindo fugir, de noite, da casa do “cavaleiro ruivo” onde continuava hospedada, assumiu uma identidade masculina e ingressou no Mosteiro de Fulda com o nome de João Anglicus. Ali, com uma biblioteca à sua disposição, aprofundou-se nos estudos religiosos e clássicos, além de interessar-se, também, pelas Ciências. Com o seu intelecto prodigioso, tornou-se extremamente culta. Era uma erudita.
O monge médico, tendo simpatizado com o jovem monge, começou a transmitir-lhe os seus conhecimentos de medicina que, considerando os poucos meios de que se dispunha naqueles tempos, podiam considerar-se bastante grandes. Joana aprendia rapidamente, ávida que estava de saber. Dentro de alguns anos os seus conhecimentos de medicina excediam os do próprio mestre.
Uma ilustração datada de 1560 (aproximadamente) da Papisa Joana com a Tiara Papal, absolvendo um monge em confissão. Acervo da Biblioteca Nacional da França. |
Em 855, com a morte do Papa Leão IV, foi aclamada Papa, com o nome de João VIII. O seu pontificado distinguiu-se pela justiça e defesa dos mais humildes, sendo um Papa discreto e que quase não aparecia em público.
Certo dia, durante uma procissão solene, com toda a pompa e circunstância, montada num cavalo e à frente do cortejo, como era o costume da época, Joana sentiu-se mal e dores violentas fizeram-na cair do cavalo. Ali, entre dores, sangue e lágrimas, deu à luz uma criança. Alguns cardeais, atordoados, ajoelharam-se, exclamando: - Milagre! Milagre!
A partir daí os relatos divergem. Segundo alguns, a multidão reagiu com indignação, apedrejando Joana e a criança até à morte. Para outros foram encerradas no castelo papal, até ao fim dos seus dias. Outra versão seria que ela e a criança morreram de complicações do parto.
Fontes: Wikipédia; História de Encantar (http://mariazita-historiasdeencantar.blogspot.com.br).
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