sábado, 7 de janeiro de 2012

Romário, o homem-gol

Dono de um toque de bola genial e de uma língua tão afiada como navalha, Romário foi um goleador raro. Afinal, se tornou artilheiro por todo lugar que passou. A começar do Vasco da Gama, onde conquistou os campeonatos e a artilharia de 1987 e 1988, com vinte e dezesseis gols respectivamente. Depois, continuou a marcar goIs e encabeçar a lista de goleadores no PSV Eindhoven, da Holanda, e no Barcelona, da Espanha. Pela Seleção Brasileira, conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de 1988, quando se tornou artilheiro da competição. Na Copa de 1994, tornou-se a maior estrela da Seleção e do Mundial.

Como Maradona em 1986 e Garrincha em 1962, ganhou uma Copa do Mundo praticamente sozinho. Foi a dos Estados Unidos, em 1994, o tetra do Brasil, quando deixou sua marca de artilheiro em cinco das sete partidas. Isso já diz um bocado a respeito de Romário. Mas é pouco. Com seu 1,69m, marrento e fantástico goleador, o Baixinho é uma lenda do futebol mundial.

Romário de Souza Farias nasceu em Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, em 29/01/1966. Apareceu no Vasco em 1985, aos 19 anos, para compor dupla de ataque com Roberto Dinamite. No mesmo ano, estreava na seleção brasileira júnior aprontando das suas, para variar.

Era presença certa no Mundial da categoria na União Soviética. Mas seu nome sumiu da lista meses antes, depois do Campeonato Sul-Americano. Tudo porque sua maior diversão na concentração era ficar na sacada do hotel urinando na cabeça de quem passava lá embaixo. Corte na certa.

Polêmico fora de campo (cobrou dívidas em público e já bateu boca com Zico e Pelé), dentro dele Romário e suas pernas curtas protagonizaram alguns dos momentos mais belos e inesquecíveis da história do futebol.

Seu habitat natural é a grande área. Dos zagueiros do tipo guarda-roupa, ele se livra com um simples gingado, um imprevisível drible de corpo; e dos goleiros bem colocados, com um totó de bico de chuteira.

Em 1999, a revista Trip lhe perguntou sobre Maradona. A resposta veio seca: "Eu fiz mais gols do que ele, ganhei mais do que ele. No futebol moderno dos últimos 15 anos, Maradona só perde para mim".

Assumido admirador das noitadas e incorrigível gazeteiro de treinos, Romário sempre teve problemas com técnicos. Um deles foi Carlos Alberto Parreira, que comandou a seleção brasileira na Copa de 1994. Durante as eliminatórias, o treinador já havia dado a entender que o craque-problema era carta fora do seu baralho. Mas com o titular Müller contundido, não havia parceiro para Bebeto no ataque.

Contra o Uruguai, no Maracanã, a classificação do Brasil estava em jogo. Parreira ponderou e achou melhor recorrer ao Baixinho, que estava barbarizando na Espanha pelo Barcelona. Resultado: Brasil 2 x 0, dois gols de Romário. Depois do show particular, ele ainda prometeu: conquistaria o tetra para o Brasil.

A Copa dos Estados Unidos viria a ser o seu segundo Mundial. Em 1990, na Itália, viu contundido do banco de reservas o fiasco do selecionado de Sebastião Lazaroni. Também por contusão foi cortado do terceiro, na França, às vésperas da estreia. Por mais que prometesse se recuperar a tempo, Romário não teve chance. Voltou para o Rio de Janeiro e trabalhou como comentarista de uma rede de televisão durante o torneio.

A pergunta jamais vai calar: "E se ele estivesse naquela decisão contra os franceses? O Brasil teria voltado para casa sem o penta?" Amado por muitos, odiado por poucos, Romário é unanimidade entre quem realmente entende de bola.

Em 2000, teve um dos melhores anos de sua carreira ao marcar 67 gols somente com a camisa do Vasco, que lhe permitiram quebrar um recorde histórico de Roberto Dinamite, até então o maior goleador do clube em uma temporada (62 gols em 1981).

Com a crise técnica pela qual passava a seleção, o Baixinho voltou a ser convocado para os jogos da equipe nas eliminatórias da Copa. Logo em seu primeiro jogo, contra a Bolívia, no Maracanã, em setembro de 2000, marcou três gols na vitória por 5 a 0. Porém ficou sabendo nesta mesma semana que o técnico Vanderlei Luxemburgo havia vetado a sua participação nas Olimpíadas de Sydney.

Romário continuou com prestígio na seleção mesmo após a demissão de Luxemburgo e a chegada de Émerson Leão ao time. Porém, a situação começou a mudar quando Luiz Felipe Scolari foi escolhido para assumir a equipe.

Inicialmente, Felipão cogitou manter o "Baixinho" na equipe. Mas mudou de ideia quando Romário pediu dispensa da Copa América da Colômbia, em 2001. O atacante alegou que precisava submeter-se a uma intervenção cirúrgica em seus olhos, mas seguiu com o Vasco para uma série de amistosos no México.

Preterido por Felipão, ele caiu de rendimento e acabou por rescindir seu contrato com o Vasco. Sondado por clubes como Palmeiras, Santos, Corinthians e Flamengo, acabou optando por defender o Fluminense no Brasileiro de 2002, ano do centenário da equipe carioca. Em 2003, jogou no Al-Sadd - ficou pouco tempo - e retornou às Laranjeiras.

E, de volta ao clube carioca, Romário reservou mais uma encrenca. Com apenas cinco gols marcados durante o Brasileirão e enfrentando nova série de contusões, o jogador direcionou sua fúria ao técnico interino Alexandre Gama depois de ser barrado do time. Desta vez, porém, perdeu a briga e deixou o clube, para ao final de 2004, revelar que estava sem vontade, anunciando o fim de sua carreira.

Em 2005, beirando os 40 anos, Romário conseguiu uma das maiores façanhas de sua carreira, ao marcar 22 gols e se tornar o artilheiro do Campeonato Brasileiro. Isso, com a camisa do Vasco da Gama.

Já "quarentão", Romário partiu para aventura nos Estados Unidos em 2006, defendendo o Miami FC em uma liga secundária do país. Lá, fez sucesso e foi artilheiro do campeonato.

Depois disso, transferiu-se para o mineiro Tupi, onde não conseguiu atuar sequer em uma partida por problemas burocráticos. Então, transferiu-se para o Adelaide United, da Austrália para alcançar a sonha marca dos mil gols. Mas só balançou a rede uma vez na Oceania.

Até que voltou ao Rio de Janeiro, para vestir novamente a camisa do clube que o revelou, novamente sob a batuta de Eurico Miranda. Com moral em São Januário, ele chegou à marca comemorativa (segundo suas contas) e até virou treinador. Mas uma desavença com o presidente do clube e o crescente descontentamento com a diretoria forçaram sua saída.

Em evento comemorativo no Rio de Janeiro, Romário anunciou definitivamente sua aposentadoria dos gramados no dia 14 de abril. Após quase um ano de férias, porém, o ex-jogador voltou ao futebol, mas não dentro de campo. A pedido do presidente do América, Ulisses Salgado, Romário assumiu como homem forte do futebol rubro, no dia 17 de março de 2009.

Ainda fora das quatro linhas, Romário continuou sendo assunto. Porém, desta vez, não no América, mas na Justiça. O ex-jogador foi preso (passou cerca de 18 horas na cadeia) por não pagar a pensão alimentícia dos filhos Moniquinha e Romarinho, em ação movida pela ex-mulher Mônica Santoro.

Em 2009, anunciou sua entrada na política, filiando-se ao PSB, sendo eleito em sexto lugar deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2010.

Clubes

Vasco (RJ): 1985-1988; PSV Eindhoven (HOL): 1988-1993; Barcelona (ESP): 1993-1995; Flamengo (RJ): 1995-1996; Valencia (ESP): 1996; Flamengo (RJ): 1996-1997; Valencia (ESP): 1997; Flamengo (RJ): 1997-1999; Vasco (RJ): 1999-2002; Fluminense (RJ): 2002-2003; Al-Saad (CAT): 2003; Fluminense (RJ): 2003-2004; Vasco (RJ): 2005-2006; Miami FC (EUA): 2006; Adelaide United (AUS): 2006; Vasco (RJ): 2007; América (RJ): 2009.

Fontes: Revista Placar; UOL Esporte; Wikipédia.

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