terça-feira, 10 de abril de 2012

Os 10 pratos mais exóticos do mundo

Aqui apresentamos guloseimas de todo o mundo: macaco chinês, formiga tailandesa, canguru australiano... Esse banquete de arrepiar qualquer paladar foi elaborado com a ajuda do livro Extreme Cuisine ("Cozinha Extrema"). Vai arriscar uma boquinha?

10. Escorpião frito (Cingapura)

Ué, mas o escorpião não é venenoso? É, sim, mas como o bicho é cozido antes de ser frito em óleo, as altas temperaturas do preparo desencadeiam uma reação química que neutraliza o veneno. Aí, é só deglutir o bichão - inteiro mesmo, das garras até a cauda. A espécie preferida é o escorpião-negro, que é maior e tem menos veneno que o escorpião-marrom.

Curiosidade - O escorpião é um prato admirado pela maioria dos povos asiáticos. Grande parte dos países do continente degusta o pestisco usando hashi, esse par de varetas usado para levar a comida à boca.

Filé de peixe venenoso (Japão)

O tal peixe venenoso é o fugu ou baiacu, que tem muita tetrodotoxina, um veneno dez vezes mais forte que o cianeto. Para que a iguaria não mate ninguém, o chef retira uma bolsa perto das brânquias com o veneno. Depois, ele fura a bolsa e espalha sobre a carne do peixe uma pequena dose da toxina, para provocar um certo "efeito alucinógeno" em quem come!

Curiosidade - Por causa dos riscos da ingestão do alimento, os cozinheiros e chefs de restaurantes são exaustivamente treinados até ganharem o aval para preparar o fugu para consumo. Mesmo assim, cerca de 20 pessoas morrem por ano, intoxicadas pelo veneno do peixe!

8. Farofa de formiga (Brasil)

O inseto aparece no cardápio rural brasileiro em certas áreas do Sudeste. A variedade preferida é o içá ou saúva - uma formiga que, dizem, tem um gosto parecido com amendoim. Além de consumida em farofas, ela também pode ser torrada com tempero ou congelada para comer durante o ano. E faz bem! Como vários outros insetos, as formigas são ricas em proteína, têm baixo teor de gordura e alto teor de fósforo.

Curiosidade - Do outro lado do mundo, os chineses usam formigas para fabricar um vinho que é útil no tratamento de reumatismo e no fortalecimento dos músculos e ossos.

7. Morcego à caçarola (China, Vietnã, sudeste da Ásia)

Os morcegos que fazem parte do cardápio humano são os que se alimentam de frutas. Escolhidos por não serem venenosos e por sua dieta saudável, os morcegos frutívoros têm baixo teor de gordura e uma carne cuja textura é comparada à dos frangos. Além da caçarola (um guisado com carne, vegetais e batatas), outras boas pedidas (quer dizer, boas pelo menos para os povos asiáticos) são a sopa e a lasanha de morcego.

Curiosidade - Os entusiastas da carne de morcego acreditam que ela aumenta a potência sexual masculina e as chances de ter uma vida longa e feliz.

6. Canguru ao vapor (Austrália)

O hábito de comer cangurus começou com os nativos australianos, que cortavam o animal em diversas partes e mandavam ver. Hoje em dia, a carne do bicho é picada e cozida em vapor, com a adição de bacon, sal e pimenta para dar um temperinho. Não sobra nada: até o rabo é aproveitado para fazer sopa! O gosto é comparado ao da carne de avestruz, uma carne vermelha bem forte.

Curiosidade - Os pratos feitos com canguru são vendidos em mais de 900 restaurantes, desde pizzarias até serviços de quarto em hotéis cinco estrelas.

5. Sopa de cachorro (Coréia do Sul, Sul da China, Hong Kong)

Eis o lado polêmico da diversidade cultural: para nós, ocidentais, comer esse prato é uma tremenda cachorrada. Mas, entre os coreanos, o cão é considerado bastante energético e, de acordo com a crença, melhora o desempenho sexual dos homens. Além da carne dos au-aus, a sopa leva legumes e tem um cheiro forte, principalmente por causa do tempero - em geral, especiarias como açafrão, cravo e canela.

Curiosidade - A venda da carne de cachorro já foi proibida por causa de protestos de protetores dos animais. Mas, em países como a Coréia do Sul, a fiscalização é frouxa e muitos restaurantes continuam fornecendo o prato.

4. Omelete de larva do bicho-da-seda (Tailândia, China)

Na China, as larvas são fritas com cebola cortada e um molho grosso ou misturadas em omelete com ovos de galinha. Se você não curtir a textura tenra do recheio, também dá para comer a crisálida, a "embalagem" da larva, que parece uma casquinha crocante tipo um salgadinho.

Curiosidade - Na Tailândia, depois de ser incluída na lista de comidas locais, em 1987, a crisálida do bicho-da-seda passou a ser adicionada às sopas na alimentação de crianças nas escolas tailandesas.

3. Cérebro de macaco (África)

Séculos antes do Indiana Jones, os africanos já cultivavam o costume de deglutir miolos de primatas. Anote o modo de preparo: primeiro, lave o cérebro (do bicho, claro) com água fria. Depois, acrescente vinagre ou suco de limão, retirando membranas e vasos sanguíneos da camada mais superficial. Conserve em salmoura e, finalmente, ponha a iguaria para cozinhar. Em todas as espécies de macaco, o órgão é rico em fósforo, proteínas e vitaminas.

Curiosidade - Prefere outros cérebros? Tente o de gorila, considerado afrodisíaco. Na áreas rurais da Europa, fazem algum sucesso os cérebros de porco, de cordeiro e de carneiro...

2. Caldo de turu (Brasil)

O turu é um molusco de cabeça dura e corpo gelatinoso, tem a grossura de um dedo e vive em árvores podres, caídas. Consumido na ilha de Marajó e no interior da Amazônia vivo e cru, em caldo com farinha ou em moquecas, o bichinho é rico em cálcio e tido como afrodisíaco. O gosto é semelhante ao dos mariscos.

Curiosidade - O macaco-do-mangue também é um apreciador de turu. Os caçadores sabem disso e abusam, passando pimenta no molusco. Quando o macaco come o bicho, o ardor da pimenta desorienta o primata, tornando-o presa fácil dos caçadores.

1. Caranguejeira frita (América do Sul, sul da África, Austrália)

É preciso muita coragem para mandar esse bichão peludo para dentro, certo? Mas no caso da caranguejeira ou tarântula, as aparências enganam. Apesar de pavorosa, a espécie não é venenosa - e é a mais consumida no mundo por ser maior que as outras aranhas. A parte mais cobiçada é o abdômen do aracnídeo. É lá que fica a maior parte da carne - na cabeça estão as vísceras e no restante do corpo não há muito mais o que comer.

Curiosidade - Os maiores consumidores de caranguejeira são os índios na América do Sul e os aborígenes na Austrália.

Fonte: Mundo Estranho

As meias mais fedidas da Europa

Quando o assunto são meias, as dos franceses e suíços são mais fedidas do que as dos alemães ou britânicos.

Um estudo feito pela empresa suíça Blacksocks revela que apenas 66% dos homens franceses trocam as meias diariamente, enquanto somente sete em cada 10 suíços calçam um par limpo todos os dias.

Na outra ponta da escala de higiene, estão os alemães e britânicos. Um total de 78% deles dizem que trocam as meias diariamente, segundo a pesquisa, que ouviu 3.000 pessoas em seis países europeus.

No geral, 77% dos homens e mulheres pesquisados trocam as meias todos os dias, enquanto 11%, a cada dois dias. Outros 4% vestem um par limpo a cada três dias, e 1% só trocam as meias uma vez por semana.

A frequência de mudança das meias pode estar relacionada ao número de pares que a pessoa possui. Os alemães são os que têm mais pares: 24, em média. Os austríacos vêm em seguida, com 23 pares, antes dos suíços, com 22.

Os franceses são os que possuem menos pares, em média 17, o que poderia explicar por que eles trocam menos as meias do que os outros europeus.

Fonte: Folha

Propaganda subliminar

Propagandas subliminares são chamadas as mensagens de persuasão feitas para serem percebidas apenas no subconsciente.

A primeira experiência do gênero foi realizada em 1956, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, pelo publicitário Jim Vicary. Durante a projeção de um filme, ele inseriu a frase "Beba Coca-Cola" numa velocidade tão rápida - aparecendo com apenas 0,003 segundo de duração - que ela passava desapercebida.

O olho humano só capta imagens que duram no mínimo 0,02 segundo, mas, de acordo com Vicary, as mensagens ficavam gravadas na mente das pessoas - tanto que, no intervalo do filme, as vendas do refrigerante aumentaram 60%.

Ele repetiu a experiência com a mensagem "coma pipoca" e obteve o mesmo resultado. Também é possível fazer propaganda subliminar com sons. "Uma técnica comum é usar batidas de coração como ruído de fundo para propaganda política.

O som fica quase imperceptível, principalmente se misturado à trilha sonora ou à fala do candidato, mas passa uma sensação de calma e segurança. O expediente já foi utilizado por políticos como Covas e Maluf, e nas propagandas de carro da Chevrolet", afirma o publicitário Flávio de Alcântara Calazans, professor da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo.

O caso mais famoso aconteceu no Japão, em 1997, quando mais de 700 crianças tiveram ataque epiléptico por causa do desenho Pokemón. A animação trazia um estímulo luminoso - flashes coloridos imperceptíveis - que deveria causar uma sensação agradável, mas que provocou curto-circuito no cérebro das crianças.


"Propaganda subliminar é crime em países como Estados Unidos e França, mas aqui no Brasil não existe uma legislação específica sobre isso - embora o Código de Defesa do Consumidor deixe claro que esse tem o direito de saber quando está diante de uma mensagem, publicitária", diz Flávio.

Fonte: Mundo Estranho.

Prefeito proíbe moradores de morrer

O prefeito da cidade de Falciano del Massico, no Sul da Itália, proibiu os moradores de morrer, porque o cemitério local chegou ao limite de sua capacidade.

De acordo com o prefeito Giulio Cesare Fava, a situação teve sua origem em 1964, quando Falciano se emancipou do município vizinho de Carinola. A cidade vizinha permaneceu, no entanto, administrando o cemitério, que ainda abriga os mortos das duas cidades. Mas elas divergem quanto à expansão do cemitério atual.

Diante do impasse, o prefeito decidiu criar o que chamou de uma medida "provocativa", na qual afirma ser "proibido para os moradores ir além das fronteiras da vida terrestre e passar para o além".

Fonte: Jornal Agora - 15/03/2012.

Rapunzel carioca

A carioca Natasha Moraes, de 12 anos, nunca cortou os cabelos desde que nasceu e virou notícia até na mídia internacional. O comprimento dos fios, que chega a 1,58 metro, está atrapalhando sua vida, por isso, ela pensa em cortá-los e vendê-los por aproximadamente 10 mil reais. As informações são do site britânico do Daily Mail.

Mesmo com o calor típico do Rio de Janeiro, a família de Natasha não pode sequer ter um ventilador em casa, porque os cabelos da menina poderiam enganchar no aparelho. Mergulhos, nem pensar: o sal do mar levaria horas para ser removido dos fios no banho.

A pré-adolescente também não é capaz de praticar esportes, principalmente natação. Quando caminha, tem de erguer os cabelos, evitando que eles se arrastem pelas ruas. Sem contar os custos de manter o comprimento das madeixas: só computando os gastos com xampu, são mais de mil reais por mês.

A mãe de Natasha, Catarina de Andrade, percebeu que a vida da menina está limitada por causa do tamanho do cabelo e aconselhou a garota a cortá-lo. Até a escola onde ela estuda já fez essa recomendação. Pelo jeito, em breve, ela não vai mais escutar as crianças na rua, gritando: “Jogue seus cabelos, Rapunzel!”.

Fonte: Globo.com

A sentimental e lírica modinha

A modinha é uma canção lírica, sentimental, derivada da moda portuguesa. Nos fins do século XVIII, em Portugal, a palavra moda tomou sentido genérico e com ela se designavam árias, cantigas ou romances de salão.

A voga que essa música vocal de salão adquiriu no reinado de Maria I se traduziu no trocadilho que se tornou de uso comum entre cronistas da época, “era moda, na corte de Maria I, cantar a moda”, cujos autores eram músicos de escola formados na Itália: João de Sousa Carvalho, Leal Moreira e Marcos Portugal

Quebrando o formalismo dessas modas cortesãs, surgiu nos serenins dos palácios de Bemposta, de Belém ou de Queluz, Portugal, a figura do brasileiro Domingos Caldas Barbosa (?1740—1800), poeta e tocador de viola. Protegido dos marqueses de Castelo Melhor, Caldas Barbosa, o Lereno da Nova Arcádia, sofreu a reação violenta dos poetas e escritores portugueses da época, principalmente Bocage, Filinto Elísio e Antônio Ribeiro dos Santos, que chegou a considerar sua presença como indício da dissolução dos costumes da corte portuguesa.

Domingos Caldas Barbosa deixou o Brasil em 1770. Só cinco anos depois, já investido de ordens menores, apareceram suas primeiras obras e por elas se verifica que o padre mulato, cobrindo-se com a batina para disfarçar o fator adverso da cor, não se deixou atingir pelos apodos virulentos dos seus rivais. Músico sem conhecer música, cantor sem haver estudado canto, Caldas Barbosa substituiu o cravo e o pianoforte pela viola de arame e com ela granjeou a simpatia dos áulicos e das açafatas da rainha.

Não se conhecem documentos que atestem a existência da modinha antes da apresentação de Caldas nos saraus lisboetas de 1775. Historiadores brasileiros mencionam os nomes de Gregório de Matos (1633—1696), Antônio José da Silva, o judeu (1705—1739) e Tomás Antônio Gonzaga (1744—?1808) como precursores da modinha. A documentação pesquisada não confirma a suposição desses historiadores.

O próprio Caldas Barbosa, evitando a designação de moda, usada pelos compositores eruditos, intitulou de cantigas as canções enfeixadas no seu Viola de Lereno: coleção das suas cantigas, oferecidas aos seus amigos (volume 1: Oficina Nunesiana, Lisboa, 1798; volume II: Tipografia Lacerdina, Lisboa, 1826). No texto de uma dessas cantigas, refere-se às suas modas, palavra que, por modéstia ou humildade, preferiu usar no diminutivo modinhas, criando assim o gênero poético-musical que iria converter-se na “mais rica das formas por que se manifesta a inspiração poética do nosso povo” (José Veríssimo).

É numerosa a bibliografia dos fins de setecentos e começos de oitocentos relativa à modinha, e nela é manifesta a primazia que escritores e viajantes dão à modinha brasileira, em confronto com a modinha portuguesa. O depoimento de William Beckford (1760—1844), datado de 1787, não deixa dúvida quanto à prioridade da modinha brasileira sobre a portuguesa. Teófilo Braga não hesita em afirmar a procedência brasileira da modinha.

Já a documentação musicográfica sofre a contingência de não ter tido o Brasil uma imprensa que documentasse a produção musical da época. Os mais antigos documentos saíram das oficinas e tipografias de Lisboa e Coimbra. Merece menção o Jornal / de / Modinhas / com acompanhamento de cravo / pelos melhores autores / dedicado / A Sua Alteza Real / Princesa do Brasil / por P. A. Marchal Milcent / no primeiro dia e no quinze de cada mez, sairá / uma modinha nova / Preço 200 Rs / Lisboa. Esse jornal foi editado a partir de 1792 e nele aparecem modinhas de Caldas Barbosa, cujo sucesso se refletiu no Brasil nas modinhas de Joaquim Manuel, outro mestiço brasileiro que teve a honra de ser editado em Paris, em 1824, num álbum de vinte modinhas harmonizadas por Sigismund Neukomm, o discípulo preferido de Joseph Haydn (1732—1809) que morou no Rio de Janeiro de 1816 a 1821.

Embora cultivada em Lisboa como música da aristocracia, foi no Brasil que a modinha se enraizou. Floresceu no I Reinado na obra de Cândido Inácio da Silva, Gabriel Fernandes da Trindade, padre José Maurício Nunes Garcia, padre Teles, Leal e outros. No II Reinado, a produção modinheira se enriqueceu com poemas dos melhores poetas, como Gonçalves Dias, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Casimiro de Abreu.

Musicalmente, porém, as edições brasileiras de então traziam o nome de compositores estrangeiros, que, atrelados ao estilo e ao gosto da ária da ópera italiana, não afinavam com o caráter nacional que a modinha já adquirira. Só nos fins do Império e começos da República, a modinha, já inteiramente aculturada, reflete a sensibilidade e o gosto do povo brasileiro.

A modinha se populariza. Deixa o recinto fechado dos salões e se expande nas ruas, ao relento, nas noites enluaradas, envolta nos acordes do instrumento que, no Brasil, se tornou o seu companheiro inseparável — o violão. É a fase em que pontificam Laurindo Rabelo, Xisto Bahia, Melo Morais Filho, Catulo da Paixão Cearense.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - São Paulo - 1998.

Aimée, o demoninho louro

Henrique Fleiuss, caricaturista da revista Semana Ilustrada, sobre a passagem da vedette e atriz francesa pelo Brasil. Desta vez ela é uma cadela que sai do Alcazar perseguida por inúmeros cães.

A mais famosa das vedettes do Alcazar Lyrique foi Mademoiselle Aimée que, segundo revistas da época, era uma mulher provocante, de olhos cintilantes, nariz fino, boca pequena, pernas perfeitas, boa voz e muito inteligente.

Aimée brilhou no Rio de Janeiro durante quatro anos, entre 1864 e 1868, e foi a primeira grande estrela do Alcazar. Por causa dela, o policiamento do Alcazar foi reforçado e um comerciante português matou, a tiros, um soldado da polícia.

Pelo que se sabe, ela voltou rica para a França, levando jóias e mais de um milhão e meio de francos, que teria recebido como presente de seus fiéis admiradores brasileiros.

No dia em que ela foi embora, centenas de mulheres correram para a Praia de Botafogo comemorando e soltando fogos. Elas festejavam enquanto olhavam o vapor contornar o Pão de Açúcar e sumir no horizonte com aquele diabo loiro que havia seduzido seus maridos e lhes causado tantas tristezas e tanta choradeira.

Uma revista da época chamada Semana Ilustrada dedicou uma página inteira ao acontecimento descrevendo a situação em que se encontravam: "Mulheres ajoelhadas, agradecidas pelos céus; padres que voltavam tranqüilamente a rezar as suas missas; roceiros que regressavam às suas lavouras; empregados públicos que iam, de novo, assinar o ponto nas repartições; casais que se reconciliavam; estudantes que prosseguiam nos estudos; soldados que se lembravam de seus quartéis".

Mesmo depois da partida, Aimée continuou nos jornais, sendo protagonista de outros escândalos e histórias. Seus objetos pessoais foram leiloados e dizem que alguns alcançaram preços altíssimos, como um famoso criado-mudo que foi vendido por cem mil réis.

Até Machado de Assis acabou se rendendo ao seu fascínio e publicou, no dia 3 de julho de 1864, o seguinte texto: "Demoninho louro – uma figura leve, esbelta, graciosa – uma cabeça meio feminina, meio angélica – uns olhos vivos – um nariz como o de Safo – uma boca amorosamente fresca, que parece ter sido formada por duas canções de Ovídio, enfim, a graça parisiense, toute pure..".

O mesmo Machado, ainda escrevendo sobre o significado de seu nome, romantizou poeticamente: "...uma francesa que em nossa língua se traduzia por amada, tanto nos dicionários como nos corações".

Mas os méritos de Aimée se deram, não só pela beleza e pelas diabruras, mas também, por sua brilhante atuação no palco. Cantora lírica e dançarina, ela interpretou os grandes papéis femininos das operetas de Offenbach. Foi Eurydice em Orphée aux Enfers; foi Hélène em La Belle Hélène; fez Boulette em Barbe Bleue e foi Penélope em Le Retour d’Ulysse. A todas essas personagens ela sabia dar o tom brejeiro e malicioso, acompanhado de muito talento, técnica vocal e corporal.

Aimée ficou imortalizada nas cartas de seus admiradores, nas crônicas da época e nas palavras depreciativas dos juízes e guardiões da moral. Instalou-se no imaginário carioca como a bela francesa que associou a graça e a alegria de viver ao trabalho competente e profissional.

Ao lado de Aimée, a primeira grande estrela, outras francesas agitaram as noites cariocas e continuaram no Alcazar até 1886, quando foi fechado após um incêndio. De um jeito ou de outro, essas graciosas atrizes realizaram, alimentaram e estimularam sonhos eróticos masculinos. Mais: foram invejadas e admiradas pelas mulheres, no Rio de Janeiro do século XIX. Pois, como boas francesas, eram também elegantes e lançavam modas a ser copiadas.

O Alcazar apontou, ao teatro nacional, um rumo a seguir, despertando na sociedade carioca o gosto pelo mundo colorido e sensual do teatro ligeiro.

Fonte: As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano