terça-feira, 29 de novembro de 2011

Zulmira e o poeta

A velha ermitã está danada com a bisbilhotice minha, que aliás foi motivada por bisbilhotice maior, do coleguinha Paulo Mendes Campos. Deu-se que eu estava aqui posto em sossego, com a minha possante Telefunken ligada, a ouvir a Sonata para violino em sol menor, de Claude Debussy, na execução de Arthur Grumiaux, acompanhado ao piano por Istvan Hajdu, quando, ainda no primeiro movimento, isto é, o "Allegro vivo", tocou o telefone.

Era o Paulinho Mendes Campos que, logo de saída, veio com uma estranha pergunta:

— Onde estava sua Tia Zulmira em 1911?

Fiz um esforço de memória e respondi: — Estava na Europa, ministrando um curso de francês na Sorbonne e era a vedeta do "Follies Bergère".

Foi então que o Paulinho, do outro lado do fio, permitiu-se uma exclamação de regozijo e me perguntou se eu não achava muito estranha a coincidência, pois mais de uma vez, em seus poemas, o parnasiano Raimundo cita o nome de Zulmira. Aliás, devo explicar aos caros leitores, que era uma velha cisma nossa — minha e do Mendes Campos — achar que a sábia senhora foi cacho do poeta das pombas.

Claro que tia Zulmira sempre negou o fato, quando cuidadosamente inquirida pelo sobrinho dileto, mas nem por isso nossa cisma diminuiu. É só dar uma passada na obra de Raimundo Correia para reparar que há versos e mais versos que só podiam ser inspirados pela ermitã bocadomatense. Senão, vejamos: em "Sonho turco", o poeta mete lá:

"Mulheres e cavalos com fartura, Bons cavalos e esplêndidas mulheres".

Isso só pode ser coisa da velha que nunca escondeu amar nos homens os exageros amorosos. No mesmo poema, inclusive, há  outro verso que cheira a coisa de titia:

"Como polígamo e amoroso galo
A asa arrastando a inúmeras esposas
Nem sabe qual prefira".

É verdade que, na biografia de Zulmira, Raimundo Correia não aparece como um dos seus maridos legais (legais no sentido jurídico da palavra, pois de vários Tia Zulmira tem queixas quanto ao principal), mas já não parece haver dúvida quanto a um caso havido entre os dois, provavelmente num recanto qualquer da Europa: na alegre Paris, na austera Londres, ou na sossegada
Amsterdão.

Vejam esta passagem:

"Que, das três coisas, uma só nos basta: — Tocar viola, fumar cachimbo ou dormir".

E aquele, ainda: "São fidalgos que voltam da caçada" (verso que Zulmira costuma evocar, quando vê os grã-finos bêbados, voltando do "Sacha's"). Ou este outro: "Que o amor não é completamente cego". Ainda mais este: "Que aos tristes o menor prazer assusta".

Todo esse material foi colhido pelo Paulinho para me convencer que Tia Zulmira realmente influenciou Raimundo Correia. Mas agora vinha com a prova definitiva.

Pigarreou no telefone e falou: — Vou te recitar um soneto de Raimundo Correia que acabo de descobrir num livro dele. Tua cara vai cair, companheiro. E lascou esta preciosidade:

Quando Zulmira se casou... Zulmira
Era o mimo, a frescura, a mocidade!
— lânguido gesto, estranha suavidade
Na voz — soluço de inefável lira;
Um candor, que não há quem não prefira
A tudo, e esse ar de angélica bondade,
Que embelece a mulher, mesmo na idade
Em que, esquiva, a beleza se retira.
Não sei porque chorando toda a gente,
Quando Zulmira se casou, estava:
Belo era o noivo... que razões havia?
A mãe e a irmã choravam tristemente;
Só o pai de Zulmira não chorava...
E era o pai afinal quem mais sofria.

Ora, isto é mais definitivo ainda quando se sabe que o pai de titia tinha nela a filha favorita e também quando se sabe que Yayá (irmã de Zulmira) e Vovó Eponina (sua mãe) eram duas manteigas derretidas. Agradeci ao Paulinho a descoberta do soneto. Desliguei o telefone e liguei para Tia Zulmira, recitando-o para ela. Titia ficou muda do lado de lá e se traiu para sempre quando, a uma insinuação minha de que tivera um troço com o "poeta das pombas", exclamou irritada:

— "Ele não era tão das pombas assim como se propala".
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Quanto tempo vive uma tartaruga?

Algumas pessoas bem-humoradas podem dizer que as tartarugas vivem bastante porque são tão lentas que demoram a chegar até o final da vida. Afinal, como diz o ditado popular, "devagar é que se vai longe".

No entanto, o tempo de vida de um quelônio - grupo que reúne os répteis popularmente conhecidos como jabutis, tartarugas e cágados - depende de alguns fatores.

Conforme explica Clóvis Bujes, Coordenador do Projeto Chelonia-RS, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), "o tempo de vida de um quelônio é muito controverso. E vai depender da espécie e do ambiente onde ela ocorre".

As tartarugas-de-Galápagos (Geochelone nigra spp.), endêmicas do arquipélago de Galápagos, localizado a cerca de mil quilômetros da costa do Equador, são a espécie de tartaruga que apresenta maiores dimensões, chegando a medir mais de 1,8 metro de comprimento e pesando cerca de 200 quilos. Um desses répteis, chamado Harriet, viveu aproximandamente 170 anos, morrendo em 2006.

Mas a longevidade não é privilégio das tartarugas. Segundo o professor Clóvis Bujes, "há registros de jabutis centenários, e os cágados brasileiros podem chegar, em média, aos 40 anos".

Fonte: Notícias Terra.

Câimbra ou cãibra

A câimbra, ou cãibra, é um espasmo ou contração involuntária dos músculos, normalmente muito dolorosa, que pode durar de alguns segundos até vários minutos. A câimbra pode atingir um ou mais músculos de uma vez.

Qualquer músculo de controle voluntário pode apresentar essas contrações. Os mais comuns são: panturrilhas ou gemelares (batata da perna); músculos anteriores e posteriores da coxa; pés; mãos; pescoço; abdômen.

Acredita-se que a causa básica da câimbra seja uma hiperexcitação dos nervos que estimulam os músculos. Esta normalmente é causada por:

- Atividade física vigorosa (câimbra pode ocorrer durante ou após o esforço físico).
- Desidratação (importante causa em idosos e em quem usa diuréticos).
- Alterações hidreletrolíticas, principalmente depleção de cálcio e magnésio.
- Gravidez (normalmente a câimbra é secundária a níveis baixos de magnésio).
- Fratura óssea (os músculos ao redor da lesão se contraem involuntariamente).
- Alterações metabólicas como diabetes, hipotireoidismo, alcoolismo e hipoglicemia.
- Doenças neurológicas (Parkinson), do neurônio motor ou dos músculos.
- Insuficiência venosa e varizes nas pernas (varizes)
- Longos períodos de inatividade (ficar sentado em posição inadequada, por exemplo).
- Alterações estruturais, como pé chato e o genu recurvatum (hiperextensão do joelho).
- Hemodiálise.
- Cirrose hepática.
- Deficiência de vitamina B1, B5 e B6.
- Anemia.

Muito se comenta sobre depleção de potássio como causa de câimbras. Na verdade, a hipocalemia (baixos níveis sanguíneos de potássio) pode até causar contrações involuntárias, mas seu principal sintoma é fraqueza ou paralisia muscular. O cálcio e o magnésio são causas mais importantes e comuns de câimbras.

Algumas drogas podem ser a causa das câimbras:

- Diuréticos, principalmente a furosemida.
- Donepezila (usado na doença de Alzheimer).
- Neostigmina (usada na miastenia gravis).
- Raloxifeno (usado para osteoporose e câncer de mama).
- Remédios para hipertensão, principalmente a nifedipina.
- Broncodilatadores para asma como Salbutamol.
- Remédios para colesterol como o clofibrato e lovastatina.

Em pessoas acima dos 60 anos, câimbras frequentes podem ser sinais de aterosclerose, que leva à diminuição da circulação sanguínea para determinado grupamento muscular por obstrução do fluxo por placas de colesterol.

Para se evitar a câimbra deve ser realizada uma boa sessão de alongamento antes e após exercícios, principalmente para sedentários. Também são importantes uma boa hidratação antes, durante e depois do esforço e evitar exercícios físicos em dias muito quentes.

Banana evita câimbras? Essa história da banana é um pouco confusa. A fruta é rica em potássio, carboidratos (glicose) e água. Durante o esforço físico existe uma grande demanda dos músculos por energia (glicose). Depois de algum tempo de exercício o músculo depleta suas reservas de glicose e passa a utilizar outros meios para gerar energia. Uma das causas de câimbras é o acumulo de ácido láctico, que é o "lixo" metabólico após a geração de energia com baixa utilização de glicose. Uma boa hidratação ajuda a "lavar" esse excesso de ácido láctico da circulação e evita as câimbras.

Portanto, teoricamente a banana ajuda porque repõe os níveis de potássio, hidrata e fornece energia (glicose) para os músculos. Isso é verdade para câimbras induzidas por exercício. Porém, essa dica não funciona com muita gente. A resposta parece ser individual, mas como banana não faz mal a ninguém, não custa testar.

Fonte: MD.SAUDE

Marcas da raiva

Era uma vez um garoto que tinha um temperamento muito explosivo.Um dia ele recebeu um saco cheio de pregos e uma placa de madeira.

O pai dele disse a ele que martelasse um prego na tábua toda vez que perdesse a paciência com alguém. No primeiro dia o garoto colocou 37 pregos na tábua. Já no dia seguinte, enquanto ele ia aprendendo a controlar sua raiva, o número de pregos martelados por dia foram diminuindo gradativamente.

Ele descobriu que dava menos trabalho controlar sua raiva do que ter que pregar diversos pregos na placa de madeira.

Finalmente chegou um dia em que o garoto não perdeu a paciência em hora alguma.

Ele falou com seu pai sobre seu sucesso e sobre como esta se sentindo melhor em não explodir com os outros e o pai sugeriu que ele retirasse os pregos da tábua e que a trouxesse para ele.

O garoto então trouxe a placa de madeira, já sem os pregos, e a entregou a seu pai. Ele disse, "Você está de parabéns, meu filho, mas dá uma olhada nos buracos que os pregos deixaram na tábua, a tábua nunca mais será como antes".

Quando você diz coisas estando com raiva, suas palavras deixaram marcas como essas. Você pode enfiar uma faca em alguém e depois retirá-la. não importa quantas vezes você peça desculpas, a cicatriz ainda continuará lá. Uma agressão verbal é tão ruim quando uma agressão física.

Fonte: Pablo Santurio (Editor OLÁ GUIA)

Gratidão

Uma garotinha aproximou-se de uma loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu brilharam quando viram o objeto. Ela entrou para ver o colar de turquesas azuis.

- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e perguntou-lhe: – Quanto  dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou sobre o balcão e disse feliz: – Isto dá, não dá?

Eram apenas moedas que ela exibia orgulhosa.

- Sabe, eu quero dar este presente para a minha irmã mais velha. Desde que nossa mãe morreu, ela cuida da gente e não tem tempo para si mesma. É aniversário dela e tenho certeza de que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela.

O homem foi para os fundos da loja, colocou o colar num estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço bonito com uma fita.

- Tome! – disse para a garota. – Leve com cuidado. Ela saiu feliz, saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia, quando uma linda jovem de cabelos loiros, e maravilhosos olhos azuis, entrou na loja. A jovem colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho, agora desfeito, e indagou:

- Este colar foi comprado aqui?

- Sim, senhorita.

- E quanto custou?

- O preço de qualquer produto de minha loja é sempre confidencial entre o vendedor e o freguês – falou o dono da loja.

A moça continuou: – Mas minha irmã tinha apenas algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria como pagá-lo.

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem, dizendo: – Ela pagou o preço mais alto que qualquer um pode pagar. Ela deu tudo o que tinha!

O silêncio tomou conta da pequena loja, e duas lágrimas rolaram pela face jovem da moça.

Autor: Pablo Santurio – Editor Olá Guia

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O suicídio de Rosamundo

O Rosa se meteu com uma dessas mulheres para as quais o sentimento de fidelidade vale tanto quanto um par de patins para um perneta. Rosamundo, no começo, não percebeu. Aquela sua vaguidão. Mas os amigos acharam demais. A deslumbrada passava o coitado para trás de uma maneira que eu vou te contar.

Aí os amigos se queimaram na parada, chamaram o Rosa num canto e deram o serviço. Eu não me meti porque acho que ninguém tem o direito de impedir os amigos de amarem errado.

Sou como Tia Zulmira, que considera a experiência pessoal a única coisa intransferível desta vida, tirante, é claro, a ida dos ministérios para Brasília. Se o cara nunca amou errado, tem que amar uma vez, para aprender.

Mas — sinceramente — eu que conheço Rosamundo tão bem, até hoje não sei dizer o que ele é mais: se distraído ou emotivo. Ao reparar que almoça não era merecedora, ficou numa melancolia de pingüim no Ceará. Não comia, não dormia e acabou apelando para a mais amena das ignorâncias, ou seja, o gargalo. Ficou mais de uma semana enchendo a cara. De "Correinha" a "House of Lords", Rosamundo bebeu de tudo.

Como diz aquele sambinha do João Roberto Kelly, "mulher que se afoga em boteco, é chaveco". Em vez de esquecer a infiel, Rosa foi se tornando um escravo dela. Fez até um tango, que começava assim: "Yo sé que tu eres una vaca..." e terminava, como terminam todos os tangos, isto é, plam-plam...

Ontem, ele estava no máximo da fossa. Mais triste que juriti piando em fim de tarde. Sua depressão chegara ao ponto fulminante, se é que depressão culmina. Desolado, foi para casa, tomou mais umas e outras e sentou-se na escrivaninha para escrever um bilhete de suicida.

O bilhete de Rosamundo não diferia muito dos bilhetes de todos os suicidas. Despedia-se da vida, pedia para não culparem ninguém e pedia desculpas aos que lhe queriam bem, pelo tresloucado gesto.

Em seguida foi para o banheiro, forrou o chão com uma toalha, calafetou a porta e a janela, abriu o bico do aquecedor e deitou-se para morrer. Mas Rosamundo e distraído demais.

Acordou de manhã com o corpo todo doído de ter dormido no ladrilho. Como, minha senhora, por que foi que ele não morreu? Era greve do gás, madama.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Julie Adams

Julie Adams (Betty May Adams), atriz de cinema e televisão às vezes também creditada como Julia Adams e Adams Betty, nasceu em Waterloo, Iowa, EUA, em 17 de outubro de 1926. Cresceu em Arkansas e começou sua carreira no cinema em filmes de western classe "B".

Ela usou seu nome real, Betty Adams, até 1949, quando começou a trabalhar para a Universal Pictures. Então se tornou Julia e, eventualmente, Julie Adams. Seu primeiro papel no cinema foi um pequeno papel no "Red, Hot and Blue" (1949), seguido por um papel principal em "The Dalton Gang" (1949).

Seu filme mais famoso acabou sendo "Creature from the Black Lagoon" (O Monstro da Lagoa Negra), de 1954.Mais tarde em sua carreira, fez aparições na TV em séries.

Julie Adams em "Creature from the Black Lagoon", de 1954.

Adams foi casada com o ator e diretor Ray Danton de 1954 a 1981 e eles tiveram dois filhos, Steven Danton e Mitchell Danton. Ela teve um relacionamento com Ronald M. Cohen, um roteirista que faleceu em 1998.

Filmografia

Brasa Viva (1949) (Red, Hot and Blue)
The Dalton Gang (1949)
Hostile Country (1950)
Marshal of Heldorado (1950)
Crooked River (1950)
Colorado Ranger (1950)
West of the Brazos (1950)
Fast on the Draw (1950)
O Anjinho (1950) (For Heaven's Sake)
Luz nas Trevas (1951) (Bright Victory)
Aconteceu em Hollywood (1951)
Império do Pavor (1952) (Horizons West)
The Treasure of Lost Canyon (1952)
Jornada de Heróis (1952) (Bend of the River)
Gatunos Roubados (1952) (Finders Keepers)
Flechas de Ódio (1953) (The Stand at Apache River)
Revolta do Desespero (1953) (Wings of the Hawk)
Sangue Por Sangue (1953) (The Man from the Alamo)
O Aventureiro do Mississipi (1953)
Sob o Signo do Mal (1953) (The Lawless Breed)
Francis Entre Mulheres (1954)
O Monstro da Lagoa Negra (1954)
A Guerra Privada do Major Benson (1955)
Seu Único Desejo (1955) (One Desire)
Os Cinco Desesperados (1955) (The Looters)
A Ponte do Destino (1955)(Six Bridges to Cross)
A Epopéia do Pacífico (1956) (Away All Boats)
Slim Carter (1957)
Slaughter on Tenth Avenue (1957)
Four Girls in Town (1957)
Tarawa Beachhead (1958)
Duelo em Dodge City (1959)
Raymie (1960)
The Underwater City (1962)
Cavaleiro Romântico (1965)
The Last Movie (1971)
McQ - Um Detetive Acima da Lei (1974)
The Wild McCullochs (1975)
Psychic Killer (1975)
The Killer Inside Me (1976)
Goodbye, Franklin High (1978)
The Fifth Floor (1978)
Os Campeões (1984)
Black Roses (1988)
Atraída Pelo Perigo (1990)
Lost (2005)
Lost (2006/I)
World Trade Center (2006)
O Deus da Carnificina (2011)

Fontes: IMDb; Supervideo.   

domingo, 27 de novembro de 2011

Hércules, o Dinamitador

Dono de um canhão no pé esquerdo e de um torpedo no direito. Assim o ponta-esquerda Hércules de Miranda era conhecido e temido pelos adversários. Hércules começou a jogar na várzea paulista, passando em seguida a vestir as camisas do Juventus e do São Paulo da Floresta. Mas a fase mais gloriosa de sua carreira aconteceu no Fluminense, onde se tornou o artilheiro da campanha do tricampeonato de 1936, 1937 e 1938 com 56 tentos. Tudo graças principalmente aos seus gols de falta, cobrados de qualquer lugar do campo. O Dinamitador jogou seis vezes pela Seleção, marcando três gols.

Hércules de Miranda nasceu na cidade mineira de Guaxupé em 02/07/1912, e faleceu no Rio de Janeiro em 03/09/1982. Conhecido  como "O Dinamitador" tinha, segundo o cronista Geraldo Romualdo da Silva, do Jornal dos Sports, "um canhão no pé esquerdo e um míssil no direito".

A torcida carioca o viu pela primeira vez no dia 7 de janeiro de 1934, em São Januário, onde cariocas e paulistas decidiram o título brasileiro e ele fez o gol da vitória paulista na prorrogação, depois do empate por 1 x 1 no tempo regulamentar.

Hércules, que tinha passe livre depois que o São Paulo da Floresta se dissolvera, foi então contratado pelo Fluminense. Sua carreira começara na várzea paulista, e de 1930 a 1933 ele jogara no Juventus, de onde Paulo Machado de Carvalho o levou para o São Paulo. Houve a dissolução do clube e Hércules passou a atuar no Independente, time de exibição em São Paulo, ao lado de Friedenreich, Araken e Orozimbo.

Para jogar no Flu, recebeu 10 contos de réis, uma fortuna na época, e passou a formar um grande elenco com Batatais, Ernesto Santos e Machado; Marcial, Brant e Orozimbo; Sobral, Russo, Gabardo e Vicentini.

Propaganda de 1938
O apelido Dinamitador pegou a partir de 1936, quando o chute forte o consagrou definitivamente no Rio de Janeiro, graças a seus gols de falta.

Em 1938, Hércules foi à Copa do Mundo, na França, mas o auge de sua carreira aconteceu no tricampeonato de 1936, 37 e 38, quando se tornou o artilheiro absoluto da campanha com 56 gols (23, em 1936; 23, em 1937; e 10, em 1938). Em 1940, foi de novo o artilheiro do time com 12 gols. Pelo clube fez 164 gols em 176 jogos.

Em 1941, teve seu último ano de glória no Fluminense: surgiu Carneiro, que passou a dividir com ele a ponta-esquerda, e em 1943 Hércules, que encerrou a carreira cinco anos depois, pediu para ser vendido ao Corinthians - onde jogou ao lado de seu amigo Domingos da Guia, um dos zagueiros que mais trabalho tiveram para marcá-lo.

Fontes: Revista Placar; Flumania; Wikipédia.

Sinal vermelho e moça idem

Cronista que escreve sobre o diário não devia ter nunca automóvel. O andar na rua, trafegar em coletivos, ter contato mais direto com a plebe ignara ajuda às pampas. A gente se imiscuindo é que colhe material para estas mal traçadas.

Ontem, por exemplo, estava o neto do Dr. Armindo a aguardar um reparo em seu carro e, enquanto o mecânico mexia os parafusos, ficou Stanislaw na esquina a se distrair com o trabalho do guarda.

Parece que houve um exame de consciência no Serviço de Trânsito e eles puseram guarda nas esquinas, tal como acontece nas cidades civilizadas.

A turma está um pouco desacostumada e — a toda hora — vinha um e desrespeitava o sinal. O guarda apitava, o cara parava, vinha aquela espinafração regulamentar, etc, etc. Foi então que veio uma mocinha e diminuiu a marcha no cruzamento. O sinal estava no maior vermelho, mas ela, depois de olhar para os lados e não ver ninguém, foi em frente. O guarda lascou o apito. Ela se assustou, o carro ziguezagueou um pouco, mas a mocinha não parou.

Fiquei imaginando a raiva do guarda, que logo puxou o caderno e anotou o número dela (isto é, o número do carro dela, bem entendido, que mocinha ainda não está numerada).

Eu até já ia embora, cansado de ver o guarda trabalhar, quando reparei que o carro da mocinha vinha devagarinho, por uma das ruas transversais. Ela encostou no meio fio, saltou e veio falar com o guarda. Só aí deu pra ver que era uma mocinha tamanho universal, dessas de fazer cambono largar o "santo".

Como quem não quer nada, fiquei perto, ouvindo a cantada que ela ia dar no guarda. Primeiro ela perguntou se tinha sido anotada. O guarda disse apenas: "Lógico". Ela aí deu uma arremetida bossa novíssima. Falou assim:

— "Olha aqui, eu costumo desrespeitar o sinal, mas jamais desrespeitaria o guarda". E ficou olhando, para ver o efeito. O guarda nem parecia; continuava a olhar o trânsito. Ela meteu uma segunda na cantada e insistiu:

— "Eu só queria que o senhor soubesse disso. Eu posso desrespeitar o sinal, mas nunca desrespeitaria o guarda. Se eu soubesse que o senhor estava na esquina não teria avançado o sinal".

O guarda olhou para ela sorrindo. Ela suspirou, vitoriosa. E emendou:

— "Vai retirar a multa?"

E o guarda: "Não senhora".

Ela engoliu em seco e ele explicou melhor:

— "Eu não multei a senhora por ter me desrespeitado a mim e sim ao sinal".

Ela percebendo que seu golpe falhara, perguntou, irritada: "O quê??".

E o guarda: — "É isso mesmo, minha filha. Quem estava vermelho era o sinal. Não era eu não".

Ela deu uma rabanada e voltou para seu carro pisando duro, a balançar aquilo tudo.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Jean Peters


Jean Peters (Elizabeth Jean Peters), atriz e modelo, nasceu em Canton, Ohio, EUA, em 15 de outubro de 1926, e faleceu em Carlsbad, Califórnia, em 13 de outubro de 2000. Filha de um gerente de lavanderia, Jean estudava Letras na Ohio State University, quando seus colegas enviaram inscrição e fotos suas para o concurso de Miss Ohio de 1946.

Acabou superando todas as outras onze candidatas e, como maior prêmio, ganhou uma série de testes em Hollywood. Acabou contratada pela 20th Century-Fox, que a escalou para contracenar com Tyrone Power no sucesso "O Capitão de Castela" (Captain from Castile, 1947).

A seguir, brilhou em "Clube das Moças" (Take Care of My Little Girl, 1951), de Jean Negulesco, "Viva Zapata" (Viva Zapata!, 1952), de Elia Kazan, ao lado de Marlon Brando e Anthony Quinn, "Torrentes de Paixões" (Niagara, 1953), de Henry Hathaway, onde contracenou com Joseph Cotten e sua grande amiga Marilyn Monroe e nos faroestes "O Último Bravo" (Apache, 1954), de Robert Aldrich, com Burt Lancaster e "A Lança Partida" (Broken Lance, 1954), de Edward Dmytryk, estrelado por Spencer Tracy.

Jean afastou-se do cinema após casar-se com o milionário texano Stuart W. Cramer III, a quem conheceu enquanto filmava "A Fonte dos Desejos" (Three Coins in the Fountain, 1954) em Roma.

Em 1957, já divorciada, uniu-se ao produtor Howard Hughes, dele também se divorciando em 1971. Nesse mesmo ano, casou-se novamente, agora com o executivo da Fox Stanley Hough, que viria a falecer em 1990.

Jean reencontrou-se com as câmeras em 1973, no telefilme "Winesburg, Ohio", baseado no livro de contos de Sherwood Anderson. Encerrou a carreira em um episódio da série Murder, She Wrote em 1988.

Faleceu na antevéspera de completar setenta e quatro anos, de leucemia. Não deixou filhos.

Filmografia


1947 O Capitão de Castela (Captain from Castile)
1948 Órfãos do Mar (Deep Waters)
1949 Todas as Primaveras (It Happens Every Spring)
1950 Gosto Deste Bruto (Love That Brute)
1951 Clube de Moças (Take Care of My Little Girl)
1951 Sempre Jovem (As Young as You Feel)
1951 A Vingança dos Piratas (Anne of the Indies)
1952 Viva Zapata (Viva Zapata!)
1952 Cavalgada de Paixões (Wait 'Til the Sun Shines)
1952 Um Grito no Pântano (Lure of the Wilderness)
1953 Torrentes de Paixões (Niagara)
1953 Anjo do Mal (Pickup on South Street)
1953 Um Plano Sinistro (Blueprint for Murder)
1953 Sombras da Loucura (Vicki)
1954 A Fonte dos Desejos (Three Coins in the Fountain)
1954 O Último Bravo (Apache)
1954 A Lança Partida (Broken Lance)
1954 Para Todo o Sempre (A Man Called Peter)
1973 Winesburg, Ohio; TV
1976 Os Banqueiros (The Moneychangers); minissérie TV
1981 Pedro e Paulo (Peter and Paul); TV

Fonte: Wikipédia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pepe, o Canhão da Vila

O Santos estava perdendo por dois a zero para o Milan, da Itália, no Maracanã, na decisão do bicampeonato mundial interclubes em 1963. Ao Peixe não restava outra opção que não fosse a vitória, pois já havia sido derrotado na primeira partida. Para piorar, não contava com Pelé, machucado. Mas o Santos tinha José Macia, o Pepe, dono de uma bomba no pé esquerdo. E ele fez a diferença naquele jogo histórico, no qual o Santos virou a partida para quatro a dois, com dois gols de falta de Pepe. Ponta esquerda goleador, é o segundo maior artilheiro da história do Santos, com 405 gols em 25 jogos. Só perde mesmo para o Rei.  O Canhão da Vila Belmiro marcou 22 gols em quarenta jogos com a camisa amarela.

José Macia nasceu na cidade de Santos, SP, em 25 de fevereiro de 1935 e é um ex-jogador e técnico de futebol. Com 405 gols marcados em 750 partidas, é o segundo maior artilheiro da história do Santos, perdendo apenas para Pelé. Ele alega ser "o maior artilheiro humano da história do Santos - porque Pelé veio de Saturno". Em 15 anos de clube (1954 a 1969), ganhou o apelido de "Canhão da Vila", por seu fortíssimo chute de esquerda. Também ganhou duas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962.

Pepe é considerado um dos maiores ponta-esquerda da história do futebol. Mesmo jogando com artilheiros natos como Pelé e Coutinho, conseguiu marcar 405 gols com a camisa do Santos. Para se ter uma idéia, tirando Pelé, apenas dois jogadores marcaram mais gols que Pepe por um único clube: Roberto Dinamite pelo Vasco da Gama marcou 620 gols e Zico pelo Flamengo que marcou 500 gols.

Um dos seus pontos fortes eram suas cobranças de falta que o colocam entre os maiores cobradores de falta de todos os tempos. Exímio cobrador ficou conhecido por derrubar seus adversários que se arriscavam formando barreiras. Pepe tinha tamanha precisão nas cobranças de falta que, em 1963, na final do Mundial de Clubes contra o Milan, marcou duas vezes em tiros livres no segundo jogo da decisão.


Era para ser o titular da Seleção Brasileira nas campanhas de 1958-1962, mas por duas vezes sofreu contusões às vésperas da Copa e foi substituído por Zagallo. Da primeira vez, sofreu uma pancada no tornozelo num amistoso na Itália. Na segunda, teve uma torção no joelho num jogo amistoso no Morumbi.

Recordes

Pepe é o maior vencedor do Campeonato Paulista com 13 títulos conquistados; Segundo jogador que mais atuou com a camisa do Santos Futebol Clube com 750 jogos; Segundo maior artilheiro do Santos Futebol Clube com 405 gols; Quarto maior artilheiro dos clubes brasileiros ficando atras de Pelé com 1091, Roberto Dinamite com 620 e Zico com 500 gols; Vigésimo terceiro maior artilheiro da Seleção Brasileira de Futebol com 22 gols; Décimo quinto maior artilheiro da história do Torneio Rio-São Paulo.

Artilharia

Mundial de Clubes: 1963; Torneio Rio-São Paulo: 1961

Títulos

Como jogador:

Santos - Copa Intercontinental: 1962 e 1963; Libertadores da América: 1962 e 1963; Recopa Sul-Americana: 1968; Recopa Mundial: 1968; Taça Brasil - Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965; Torneio Roberto Gomes Pedrosa - Campeonato Brasileiro: 1968; Torneio Rio-São Paulo: 1959, 1963, 1964 e 1966; Campeonato Paulista: 1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969.

Seleção - Copa do Mundo: 1958 e 1962; Copa Rocca: 1957 e 1963; Taça Bernardo O'Higgins: 1961; Taça do Atlântico: 1956 e 1960; Taça Oswaldo Cruz: 1961 e 1962.

Como treinador:

Fortaleza - Campeonato Cearense: 1985.

Internacional de Limeira - Campeonato Brasileiro Série B: 1988; Campeonato Paulista: 1986.

Santos - Campeonato Paulista: 1973.

São Paulo - Campeonato Brasileiro: 1986.

Verdy Kawazaki - Campeonato Japonês: 1991-92.

Atlético Paranaense - Campeonato Brasileiro Série B: 1995.

Fontes: Revista Placar; Wikipédia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Garoto linha dura

Deu-se que o Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.

Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse o seu crime.

O pai chamou Pedrinho e perguntou: — Quem quebrou o vidro, meu filho?

Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima idéia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.

Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo:

— Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? — e, ante a negativa reiterada do filho, apelou: — Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.

Diante disso, Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou:

— Quem quebrou foi o garoto do vizinho.

— Você tem certeza?

— Juro.

Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso.

Apenas — quando o pai fez ameaça — Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.

Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e — já chateadíssimo, rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha idéias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:

— Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender a porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975

Vendedor interiorano

Um garotão inteligente, vindo da roça, candidatou-se a um emprego numa grande loja de departamentos da cidade. Na verdade, era a maior loja de departamentos do mundo, tudo podia ser comprado ali.

O gerente perguntou ao rapaz: - Você já trabalhou alguma vez?

- Sim, eu fazia negócios na roça.

O gerente gostou do jeitão simples do moço e disse: - Pode começar amanhã. No fim da tarde venho ver como se saiu.

O dia foi longo e árduo para o rapaz.. Às 17h30 o gerente se acercou do novo empregado para verificar sua produtividade e perguntou:

- Quantas vendas você fez hoje?

- Uma!

- Só uma? A maioria dos meus vendedores faz de 30 a 40 vendas por dia. De quanto foi a sua venda?

- Dois milhões e meio de reais.

- Como conseguiu isso?

- Bem, o cliente entrou na loja e eu lhe vendi um anzol pequeno, depois um anzol médio e finalmente um anzol bem grande. Depois vendi uma linha fina de pescar, uma de resistência média e uma bem grossa. Para pescaria pesada. Perguntei onde ele ia pescar e ele me disse que ia fazer pesca oceânica. Eu sugeri que talvez fosse precisar de um barco, então o acompanhei até a seção de náutica e lhe vendi uma lancha importada, de primeira linha. Aí eu disse a ele que talvez um carro pequeno não fosse capaz de puxar a lancha e o levei à seção de carros e lhe vendi uma caminhoneta com tração nas quatro rodas.

Perplexo, o gerente perguntou: - Você vendeu tudo isso a um cliente que veio aqui para comprar um pequeno anzol?

- Não senhor. Ele entrou aqui para comprar um pacote de absorventes para a mulher, e eu disse:

"Já que o seu fim de semana está perdido, por que o senhor não vai pescar?"...

Fonte: mais um e-mail de amigos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Gato pingado

A expressão "gato pingado" é geralmente usada para designar pequena quantidade de pessoas. Seguidamente, inclusive, usa-se também para dizer que um pequeno público compareceu a um estádio para assistir a um jogo de futebol.

Segundo informa o professor Ari Riboldi no seu livro O Bode Expiatório, a expressão estaria vinculada a uma prática de tortura, no Japão, em que se derramava óleo fervente em criminosos ou animais, sendo os gatos as maiores vítimas. Poucas pessoas assistiam a macabra tortura, restando apenas os gatos pingados com óleo no local.

O cartunista Henfil até criou o Gato Pingado, simbolizando a torcida do América, sempre muito reduzida nos estádios.

Origens de outras expressões:

O pior cego é o que não quer ver - Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D´Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.

Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

Anda à toa - Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio à toa vai onde o navio que o reboca determinar.

Nhenhenhém - Nhee, em tupi, quer fizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, não entendiam e ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.

Fonte: Guia da Família e do Lar. Dez/09 e Jan/10.

Pão francês

Como é chamado o nosso pão francês na França?

Segundo Cuilliot Guillaume, proprietário de duas padarias no norte da França, o pãozinho francês que aqui conhecemos não está entre os mais populares de seu país. “Posso afirmar, inclusive, que dificilmente alguém encontrará um pão desses em uma padaria francesa”, garante Guillaume.

Segundo ele, esta versão de pão é comum apenas nos restaurantes e, provavelmente, um brasileiro que tomou contato com o produto gostou e passou a produzi-lo no Brasil com este nome.

O padeiro francês vai além, contando que em seu país o pão mais tradicional e de maior saída nas padarias é a baguette; o nosso pãozinho francês, por sua vez, é chamado lá de pistolle (pistola).

Fonte: Guia da Família e do Lar. Jul/10

Ovelha negra

A ovelha negra é aquele cuja conduta inadequada destoa da família ou de um grupo social. Normalmente, a pessoa tem um comportamento desagragador ou desajustado.

Segundo o professor Ari Riboldi, no seu livro – O Bode Expiatório – a expressão tem origem no fato de que “nas religiões pagãs antigas, todo animal preto era visto como força das trevas”.

Muitas vezes, inclusive, os animais dessa cor eram sacrificados em homenagem aos deuses.

Além disso, os pastores preferiam as ovelhas brancas porque sua lã podia ser tingida ao contrário das da cor preta. Por não servir para o tingimento de sua lã, os animais da cor negra tinham menor valor no mercado.

Fonte: Guia da Família e do Lar. Jul/10

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A origem da maionese

A maionese é um dos mais importantes molhos da cozinha clássica e um dos acompanhamentos mais pedidos na hora dos lanches. Pode ser utilizada para acompanhar uma grande variedade de alimentos, de ovos cozidos e vegetais a peixes, camarão e frango, entre outros.

A maionese foi criada em 1756 pelo chef francês do duque de Richelieu. Enquanto o duque derrotava os ingleses no Porto Mahon, o chef criava uma festa vitoriana que incluía um molho feito de creme de ovos. Quando o chef percebeu que não havia mais creme na cozinha, improvisou, substituindo-o por óleo.

Nascia, então, uma nova técnica culinária e o chef chamou-a de 'mahonnaise' em homenagem à vitória do duque. Em 1905, um imigrante alemão, Richard Hellmann, foi aos EUA levando a receita de maionese e abriu uma delicatessen em Nova Iorque. Sua esposa utilizava a receita em saladas vendidas na loja.

A maionese ficou tão popular que começou a ser comercializada em potes acondicionados em caixas de madeira. No início, eram vendidos dois tipos de receitas e, para diferenciar as duas, eles utilizavam um laço azul em uma das receitas. Como havia uma demanda muito grande pela receita "do laço", em 1912 Hellmann batizou seu produto de "A Maionese do Laço Azul", símbolo que acompanha até hoje a marca Hellmann's.

O sucesso foi tanto que, em pouco tempo, o negócio se expandiu. Assim, a maionese passou a ser produzida em pequenas fábricas e distribuída por uma frota de caminhões até que, em 1962, Hellmann's chegou ao Brasil revolucionando o mercado.

Fonte: Guiame

Alecrim

O alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto comum, preferencialmente em solos de origem calcária. Devido ao seu aroma característico, os romanos designavam-no como rosmarinus, que em latim significa orvalho do mar.

Originária da região mediterrânea é cultivada em quase todos os países de clima temperado. Usado na forma de chá e condimento, ele chegou ao Brasil por volta do século XVI e se deu muito bem.

Possui ação expectorante, diurética, desintoxicante, anti-inflamatória. Seus efeitos positivos estão relacionados a males cardiovasculares, hipertensão, arterial, diabetes e câncer. Tudo por conta de uma substância chamada tanino que elimina os radicais livres causadores do envelhecimento precoce das células.

Já as saponinas são fitoquímicos que no sangue inibem a produção de células câncerígenas.

Os antigos queimavam o alecrim em escolas e universidades procurando trazer inspiração aos estudantes. Quando inalados, os óleos essenciais de alecrim aliviam dores garganta e congestão pulmonar

Dicas:

Um ramo fresco pode ser colocado entre as roupas para afastar as traças. a erva é recomendada para afastar olho gordo, inveja, mágoa e tristeza. Atrai o amor, a fidelidade e a alegria de viver. Por isso tenha sempre em casa um vaso com flores e alecrim, ele emanará energia para a casa toda.

Um ramo da erva colocado dentro do travesseiro irá garantir um sono tranquilo, sem sobressaltos.

Contra-indicação:

Se utilizado por longo período ou em doses excessivas, pode causar irritação renal e gastro-intestinal. Não é recomendado para gestantes e pessoas com diarréia.

Fonte: Jornal Bem Estar/maio/11

domingo, 20 de novembro de 2011

Salvo pelo gongo

Qual seria a origem da expressão “Salvo pelo Gongo”? Existem várias versões para explicar a origem dessa expressão de quando alguém consegue se livrar, no último instante, de alguma situação.

A mais difundida (e a mais terrível) está ligada aos casos de pessoas enterradas vivas com catalepsia, o distúrbio que impede o doente de se movimentar.

Para evitar uma tragédia, as famílias na Europa amarravam uma cordinha no pulso do defunto, prendendo-a a um sino que ficava do lado de fora do túmulo. Se não estivesse morta, a pessoa seria literalmente salva pelo gongo.

Já o pesquisador Marcelo Duarte afirma, no livro Guia dos Curiosos Língua Portuguesa, que a frase surgiu em Londres, no século 17. Um guarda do palácio de Windsor acusado de dormir no posto alegou que estava tão acordado que tinha ouvido o sino da igreja tocar 13 vezes naquela noite.

Fonte: Guia da Família e do Lar. Out/10

Culinária bizarra

Na África do Sul, cérebro de macaco (foto) é um prato comum. É rico em fósforo, proteínas e vitaminas. O do gorila tem um atrativo especial, pois é considerado afrodisíaco.

Intestino cru de foca é ingerido por esquimós no Alasca.

O macaco-prego é servido cozido nas regiões mais remotas da Amazônia, apesar da proibição.

No Canadá, o churrasco também inclui carne de alce.

A China é pródiga em comidas consideradas estranhas para os ocidentais: espetinho de escorpião, barata frita, feto de avestruz cozido, sopa de cachorro e pênis de cobra.

Nas Filipinas, é possível encontrar embrião de pato cru, temperado apenas com sal e vinagre.

Iguanas são cozidas e acompanhadas de feijão nas Honduras.

Barbatana de tubarão grelhada faz parte da culinária de Hong Kong.

Pênis de tigre é considerado uma iguaria afrodisíaca na Tailândia e em Taiwan.

Vietnamitas comem coração de cobra.

Um dos pratos típicos da Islândia é o "hákarl", feito de carne de tubarão apodrecida. A espécie do animal usada no prato, o chamado Tubarão da Groenlândia, é venenosa.

O baiacu, peixe venenoso encontrado em água japonesas, é o principal ingrediente do "fugu". Apesar de o veneno ser letal para humanos, o prato mantém uma pequena quantidade dele - o suficiente apenas para deixar a boca dormente. Por isso, desde os anos 1950 é necessária uma licença especial do governo japonês para servir o prato. Vai que o chef erra na mão...

Fonte: Guia dos Curiosos

Algumas invenções da hora

Algumas das últimas invenções que chegaram para dar uma mãozinha e melhorar muito a nossa vida:

Teflon: acabou com a palhaçada de não conseguir tirar a craca que não quer sair. Perfeito para solteiros, ou cozinheiros de finais de semana!

Câmeras digitais: ah.. férias… Fotografou e descobriu que não saiu nada ou perdeu os filmes? Acabou com a invenção das digitais. Fotografou? Vê como ficou, apaga, tira outra e pronto!

Internet: compras sem sair de casa, conversar com os amigos, pagar contas, e ver mulher pelada sem precisar passar por tarado pra tia da banca, agradeça isso à internet!

Computação gráfica: não tem mais mulher feia. Com o domínio da tecnologia dá uma “photoshopada” que o dragão fica princesa!

Pizza com borda recheada: convenhamos, o cara que teve essa idéia deveria ser imortalizado com estátuas e monumentos mil. O fim do desperdício de bordas. Hoje, pode-se dizer que aproveita-se tudo da pizza, menos a caixa. Um divisor de águas na história da humanidade!.

Fonte: Guia da Famíliae do Lar. Out/10

Careca, o craque mundial

Careca fez parte daquela linhagem de centroavantes técnicos que conjugavam o excelente domínio de bola com um estupendo faro de gol. Por isso, era considerado um dos mais habilidosos artilheiros do futebol brasileiro em todos os tempos. Sua sina de marcar gols se fez presente logo na estréia profissional, em 1978, quando, com apenas 17 anos, conquistou o Campeonato Brasileiro pelo Guarani, inclusive marcando o gol da vitória na decisão contra o Palmeiras. Passou pelo São Paulo, conquistando mais títulos, sendo artilheiro do Brasileiro de 1986, com 23 gols. Deixou o país e formou a dupla infernal com Maradona no Napoli da Itália. Jogou as Copas de 1986 (eleito o melhor centro-avante) e 1990.

Antonio de Oliveira Filho, mais conhecido como Careca, nasceu em Araraquara, SP, em 5 de outubro de 1960 e atualmente é comentarista esportivo da RedeTV. A razão do seu apelido é que ele era fã do palhaço Carequinha.

Começou sua história em sua cidade natal, no interior de São Paulo. Da geração de Lavinho, Carlos Henrique, Peligão, e tantos outros nomes de respeito no futebol amador de Araraquara, foi ganhando respeito por sua qualidade acima da média em fazer gols.

Logo chamou atenção dos grandes de São Paulo, e foi aí que iniciou sua carreira. O Guarani, de Campinas, em 1978, abriu as portas para o atacante. Foi campeão brasileiro no mesmo ano, tendo marcado o gol do título. Com sua velocidade e sua habilidade de finalização, rapidamente firmou-se como um dos melhores jovens artilheiros do país. Foi contratado pelo São Paulo em 1983 para substituir Serginho Chulapa, após ter se recuperado de uma contusão que o fez perder a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Foi durante a Copa do Mundo de 1986, no México, que Careca realmente se estabeleceu no futebol mundial. Ele terminou o torneio, durante o qual o Brasil foi eliminado pela França nas quartas-de-final, com cinco gols, colocando-o em segundo no ranking da Chuteira de Ouro, atrás de Gary Lineker, da Inglaterra, com seis. Também durante 1986, Careca liderou o São Paulo na conquista do Brasileiro, batendo seu antigo clube, o Guarani, na final — e marcando o gol que levou a decisão para a disputa de penalidades. Com vinte e cinco gols, foi artilheiro e eleito o melhor jogador do campeonato.

Em 1987, depois de cento e noventa e um jogos e cento e quinze gols pelo São Paulo, foi contratado pelo então campeão italiano Napoli, onde foi companheiro de Maradona. O time já o cobiçava desde 1979, quando seu então treinador, o brasileiro Luís Vinícius de Menezes, disse estar entusiasmado pelo atacante, que ainda defendia o Guarani. Na primeira temporada no Napoli não teve sucesso, apesar de seus treze gols: o time foi batido na primeira fase da Copa dos Campeões pelo Real Madrid e perdeu o título italiano nos últimos jogos da temporada. Contudo, o ano seguinte foi muito melhor. O time ganhou a Copa da UEFA, com Careca fazendo um gol na final, e terminou em segundo na Série A do italiano.

Em 1990, finalmente Careca ganhou o scudetto com o Napoli, no que acabou por ser efetivamente a última temporada de Maradona com o clube (ele foi suspenso por quinze meses por ter sido pego em um exame antidoping). Careca ficaria ainda mais três anos com o Napoli, estabelecendo parceria com Gianfranco Zola, mas o Napoli não conseguiria ganhar mais nenhum troféu.

Em 1993 Careca deixou a Itália para jogar pelo Kashiwa Reysol, novo time japonês da J. League. Ficou quatro anos com o time e ajudou-o a subir à primeira divisão do campeonato em 1994. Depois se transferiu para o Santos, seu clube do coração, onde defendeu o clube em apenas nove jogos (com dois gols), no Campeonato Paulista de 1997.

Em 1999, o jogador transferiu-se para o São José de Porto Alegre, onde disputou algumas partidas no Campeonato Gaúcho

Em agosto de 2010 firmou contrato com a emissora brasileira de televisão RedeTV, para comentar partidas de futebol. Ao lado de Silvio Luiz, forma a dupla titular da emissora.

Títulos

Guarani - Campeonato Brasileiro: 1978; Campeonato Brasileiro Série B: 1981.

São Paulo - Campeonato Paulista: 1985, 1987; Campeonato Brasileiro: 1986

Napoli - Copa da UEFA: 1989; Campeonato Italiano: 1990; Supercopa Italiana: 1990

Artilharia

São Paulo Campeonato Paulista: 1985 - 23 gols (São Paulo); Campeonato Brasileiro: 1986 - 25 gols (São Paulo).

Fontes:Revista Placar; Wikipédia.

sábado, 19 de novembro de 2011

O homem que se viciou em galo

Tinha resolvido que este ano a família iria veranear! Alugou uma casa em Petrópolis e levou todo mundo, inclusive os brinquedos das crianças, a geladeira — porque a desgraçada da senhoria escondera a dela num galpão do fundo do quintal, que ficou trancado a sete chaves — cobertores, a rede (para armar na varanda), enfim, fez uma mudança legal.

Instalou a família e desceu novamente para o Rio. Ele, coitado, não podia gozar as delícias do clima da serra. Escravo do padrão ouro, teria que ficar cá em baixo, trabalhando, mas subiria às sextas-feiras, para descansar um bocado. E precisava mesmo: sabem como é; com a família fora, enveredou para o perigoso caminho da galhofa e toda noite caía na maior baderna.

Às vezes, quando chegava com o dia clareando, ao se lembrar que dali a horas teria de estar na cidade, enfrentando o trabalho, sorria só de pensar na casa que alugara no fresquinho. Era uma casa acolhedora, simpática mesmo, e tão calma! Ainda mais porque a casa ao lado — informaram-no ao alugar — estava praticamente abandonada, uma vez que seus proprietários raramente subiam para ocupá-la. E ele então suspirava, pensando no regalo que ia ter.

Na primeira sexta-feira, lá se foi serra acima, com o carro cheio de frutas, biscoitos, essas bossas. Chegou de noitinha, beijou as crianças, a esposa e até a sogra (que subiu para dar uma mãozinha) e depois de jantar regaladamente, meteu-se debaixo das cobertas, dos tépidos lençóis cheirando a coisa lavadinha. Num minuto roncava toda a sua canseira de trabalhos e prevaricações cariocas.

Foi quando o galo cantou. Bateu asas e meteu um pungente co-co-ró-có que veio ferir seus ouvidos e acordá-lo de estalo. "Oh diabo... pensou, ferrei no sono mesmo. Os galos já estão cantando... deve ser de madrugada". Virou para o lado e já estava quase dormindo, quando o galo meteu outro canto. Remexeu-se na cama e achou que aquele galo era um chato. Podia perfeitamente parar de cantar. Mas qual, o galo cantou a segunda, a terceira, a quarta vez... não parou mais de cantar.

Levantou-se estremunhado, pensando em fazer um café.

Acordar cedinho era bom para a saúde — lembrou-se ele, só para se consolar. Mas quando passou pela sala rumo à cozinha e viu no relógio que eram 11 e meia, correu sobressaltado ao relógio de pulso em cima da mesinha de cabeceira, em busca de confirmação. Tava lá: 11 e meia. Galo desgraçado.

Desistiu do café e voltou para a cama. Só que praticamente não dormiu mais. Quando já estava quase, naquele período entre semiconsciente e o semidormido, o galo lascava o canto outra vez.

De manhã, de cara murcha, disse para a mulher:

— Mata o galo para o almoço.

— Que galo? — estranhou a distinta dama.

— Esse galo que cantou a noite inteira e não me deixou dormir.

Aí a senhora explicou que também sofria insônias por causa do galo, mas acontece que o galo era do vizinho: pertencia ao caseiro da casa ao lado, a tal que vivia fechada porque os proprietários não subiam nunca. Ele coçou a cabeça e coçando a cabeça ficou durante toda a noite de sábado, pois o galo era um chato e cantava sem parar até mesmo de dia, como ficara provado durante as 12 horas que precederam a sua segunda noite em claro.

De manhã estava doido para comer um "coc au vin". Mais por vingança do que por apetite. Saiu de sua casa e foi bater na do vizinho. Veio o caseiro e propôs a compra do galo. O caseiro estranhou; pois se havia uma quitanda na esquina, com um monte de galos para vender, por que o cavalheiro queria comprar o seu?

Como? Para comer? Ora essa... e o caseiro sentiu-se ofendido. Aquele galo era de estimação, criara o bichinho desde que era pinto.

— Mas ele canta sem parar, pombas! Sim, de fato cantava, concordou o caseiro, com um certo orgulho, e — por isso mesmo — não vendia de jeito nenhum. Ele apreciava um canto de galo assim, na calada da noite. O homem ofereceu três contos, subiu para cinco e chegou a querer pagar dez, mas o caseiro deu uma bela prova de bom caráter, ao dizer que o galo valia muito menos, mas para matar não vendia.

Na semana seguinte subiu de novo e tornou a viver o drama do galo. O pior de tudo continuava a ser aquela insônia por motivos galináceos. Já nem estava fazendo as farras que programara no Rio, por causa daquele maldito galo. Gastara um dinheirão para alugar a casa e poder ficar solto no Rio e via tudo ir por água abaixo por causa de um simples co-co-ró-có.

Naquele domingo fez uma inspeção por cima do muro e reparou que o caseiro do lado não tinha nem criação de galinhas. Era só aquele maldito galo.

Voltou a bater no portão do vizinho. O caseiro veio e ele o recebeu com um sorriso:

— Se é pra vender o galo não adianta, doutor. Eu jurei que não vendo e sou muito religioso. Não. Não queria mais comprar o galo... mas estivera pensando. Quem sabe o galo não cantava assim por falta de galinha? Estivera inspecionando também e notara que o caro amigo só tinha de si, no quintal, aquele galo. Se o amigo não levasse a mal, traria umas galinhas de presente para ele.

— Ou melhor — emendou — para o seu galo.

O caseiro concordou. Não estava em situação de recusar presentes e, já na outra semana, quando ele subiu de novo, trazia quatro belas galinhas de presente para o vizinho. A mulher até bronqueou, pois ele prometera trazer um pernil e o dinheiro não chegara: em vez de trazer o pernil pra família, trazia aquelas galinhas para o galo do vizinho. Ridículo.

Encurtando conversa: as galinhas foram soltas no quintal, segundo relato fiel do caseiro, mas de noite foi a mesma coisa. O galo nem se importou com as galinhas. Cantou desbragadamente, de cinco em cinco minutos. Não queria nada com as galinhas, ele queria era cantar. Foi aí, aliás, que passou a chamar o galo de Cauby — numa homenagem.

E assim foi até o período do carnaval. Quando subiu na última sexta-feira em que tinha direito à casa, para passar os dias de carnaval (logo depois teria que entregar as chaves porque o aluguel acabava ali), chegou a Petrópolis mais triste que um tango de arrabalde.

No entanto, o caseiro não foi mais incomodado com reclamações. O caseiro até estranhou, quando, na quarta-feira de cinzas, com a família e todos os trens aboletados no carro, ele lhe deu um cumprimento efusivo. O caseiro respondeu, deu de ombros e esqueceu o temporário vizinho.

Mas estranhar mesmo o caseiro estranhou quando — passada uma semana — ouviu baterem palmas no portão. Foi ver quem era e era o cara que quis comprar o seu galo. Deu bom dia e teve o desprazer de ouvir nova proposta:

— Meu amigo, eu subi a Petrópolis especialmente para comprar seu galo.

— Mas doutor... eu já não disse que não vendo? Sim, dissera, mas isso foi quando ele confessou que queria matar o galo. Agora era diferente: vinha comprar o galo para levar pro Rio, onde — jurava — seria bem tratadíssimo.

O caseiro arregalou os olhos, incrédulo. Palavra de honra, não tinha a menor intenção de matar o galo. Pelo contrário.

— Se o senhor não quer matar o galo, por que faz tanta questão de comprar?

— Porque nenhum canta tanto quanto ele — informou o comprador em potencial.

— Eu sei disso — tornou o porteiro, novamente orgulhoso.

— Por isso eu quero comprá-lo — e, visivelmente encabulado, esclareceu: — Fiquei viciado. Não consigo mais dormir sem galo cantando.

E agora Cauby (o galo) canta a noite inteira na área de um edifício de Copacabana, chateando 48 condôminos que, por sua vez, de cinco em cinco minutos, telefonam para o síndico perguntando quem é o dono do bicho, e quanto quer para silenciá-lo. Mas a ave é de estimação, para matá-la o dono não vende.

Dizem até que — para o Cauby cantar mais — ele está misturando bolinha no milho do galo.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975 

O hábito faz o amante

Ele trabalhava num horário meio esquisito. Entrava na redação do jornal às 6 da tarde e largava aí por volta das 10 da noite. Mas, por causa da outra, dizia à esposa que ficava lá embaixo, nas oficinas, fazendo revisão da matéria até às 4 da madrugada.

Assim, quando eram mais ou menos 11 horas, estava chegando à casa da outra, onde fazia uma refeição ligeira e ficava até umas 4 ou 4 e meia da manhã.

O perigo era dormir demais. Esta possibilidade o trazia sempre apavorado. Sente o drama, vá! Se dormisse direto acordaria já de dia e não teria explicação nenhuma para dar à esposa, cuja já implicava às pampas com seu horário de trabalho. Depois, sabem como é, caranguejo velho não sai da toca com maré baixa. Se desse margem para a esposa ficar mais descontente ainda, acabava tendo que largar a boca rica.

E era aquele drama de sempre. Chegava na casa da outra, aquele papinho e coisa e tal, um drinquezinho de vez em quando e o resto da noite era de sobressaltos, com o medo de dormir e perder a hora.

Até que, naquela noite, não foi. Deu-se que a outra ia ser operada. Coisa sem importância. Um quistozinho, mas que precisava ser extirpado. A outra dormiria de véspera no hospital, acompanhada de uma irmã. E ele, quando acabou o serviço na redação, re¬solveu ir para casa direto. Diria à esposa que sentira uma tonteira e pedira para sair mais cedo.

Foi o que fez. Chegou, beijou, desculpou-se e foi dormir. Até houve o detalhe: antes de adormecer pensou que, afinal, ia poder dormir bastante. Mas o homem põe e Deus dispõe. Dormiu direto, mas, aí pelas 8 da manhã, o sol começou a bater no seu rosto. Foi esquentando, esquentando e... de repente, ele acordou estremunhado, olhou para a janela, viu aquela bruta luz e levantou-se de um salto. Na sua mente só passava a idéia de que perdera a hora de voltar para casa. Estava enfiando as calças, quando a esposa acordou tam¬bém e perguntou:

— Mas o que é isso???

Só então, caiu em si. Mas já era tarde. Não havia explicação cabível. Disse apenas que precisava fazer um negócio qualquer na cidade e foi se sentar num banco da praça, para fazer hora.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Por que se boceja?

Por que bocejamos? Mania de imitar os outros, ninguém sabe ao certo porque basta ver alguém bocejar para a gente fazer o mesmo.

Pode ser um reflexo primitivo – se o líder de um bando, ancestral do homem, bocejava, então os outros se sentiam seguros para dormir também. Mas, claro, essa é só uma especulação. Bocejamos porque:

Sem ar – se alguém está muito cansado ou entediado mesmo, o ritmo da respiração diminui. Daí os alvéolos_ minúsculos sacos pulmonares que se enchem de ar e jogam oxigênio para o sangue ficam quase vazios.

Tempo de despertar – a massa cinzenta, mais especificamente o tronco cerebral, interpreta a queda na taxa de oxigênio como o risco de a pessoa cair no sono fora de hora. Por isso, manda uma mensagem para o nervo trigêmeo.

Conversa nervosa - o nervo trigêmeo, que coordena os movimentos da face, faz a boca se abrir exageradamente. Também é comum a pessoa se espreguiçar nessas horas.

Ligado novamente – o movimento da boca mais aquela espreguiçada, que aumenta a capacidade torácica, favorece a entrada de muito ar nos pulmões. Então, o tronco cerebral recupera o estado de alerta.

Fonte: Ideal Dicas.

Lady Gaga leiloa seu penico

Lady Gaga leiloou um penico - formalmente chamado de urinol - autografado por ela, por US$ 480 mil - em torno dos R$ 850 mil.

O objeto foi usado pela cantora em uma sessão de fotos para a revista Vogue Homme Japão, e tem o seguinte texto: "Não é deitado como o de Duchamp, mas adoraria urinar com você", frase que a artista escreveu em referência à obra de Marcel Duchamp.

Segundo o jornal espanhol El País, este não é o único objeto que a excêntrica cantora está leiloando.

A intérprete americana também está vendendo uma peça de latão que usou em seu cabelo para a gravação do clipe de Bad Romance, por US$ 24 mil, e um vestido branco que usou durante a gravação do curta Puke on Gaga, pelo mesmo preço.

O dinheiro arrecadado deve ir a algumas obras beneficentes, apoiadas pela cantora.

Fonte: Folha do Fora - Sex, 11 de Novembro de 2011.

Linguagem corporal

A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos gestuais e de postura que fazem com que a comunicação seja mais efetiva. A gesticulação foi a primeira forma de comunicação.

Com o aparecimento da palavra falada os gestos foram tornando se secundários, contudo eles constituem o complemento da expressão, devendo ser coerentes com o conteúdo da mensagem.

A expressão corporal é fortemente ligada ao psicológico, traços comportamentais são secundários e auxiliares. Geralmente é utilizada para auxiliar na comunicação verbal, porém, deve se tomar cuidado, pois muitas vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

Influências

A linguagem corporal não é única e numerável, ou seja, ela sofre influências culturais, estaduais, sociais e ambientais.

Nível cultural

O nível cultural influencia em três fatores predominantes, postura física, movimento físico, senso de espaço onde o nível cultural torna mais suave ou não influenciado pelo nível cultural físico (local) ou pelo nível cultural comportamental e psicológico (pessoal ou influenciado por uma segunda ou terceira pessoa).

Classe social

A classe social influencia em quatro fatores predominantes: valores financeiros; exibicionismo; vaidade pessoal; autoconfiança.

Ela limita ou acentua fatores chaves. Por exemplo: pode inibir um indivíduo, intimidando-o pela sua classe social.

Fonte:Wikipédia

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

História do Selo Brasileiro

Olho de boi de 30 réis - 1843
No Brasil, a lei que instituía o selo foi votada em 1841. Um ano depois, foram estabelecidos os valores dos selos; 30,60 e 90 réis, para qualquer carta dentro do país. E 90 réis, para qualquer carta para o exterior.

A confecção do selo demorou, porque a Casa da Moeda não dispunha das máquinas adequadas. E também porque não foi decidido o desenho do selo.

Uma coisa se sabia: o selo não teria o retrato do Imperador, para evitar que 60qualquer funcionário dos Correios pudesse apor, sobre a sua soberana face, o carimbo que lhe destruísse as feições. Por isso foi decidido que o selo seria constituído apenas de um cifrão. Nem sequer o nome do país. A efígie do Monarca e a palavra BRASIL (que aliás, naquele tempo, se escrevia com Z) só deveriam constar dos “objetos perduráveis e dignos de veneração”.

O selo, de acordo com este parecer, não merecia tal distinção. Na verdade, o Imperador ficou entusiasmado com a idéia do selo. Ela colocava o Brasil no rol das nações mais desenvolvidas do mundo. E mandou imprimir pelo menos oito milhões de selos, em papel branco fino.

Na realidade, foram impressos mais de 1.500.000 selos de 60 réis, quase 1.150.000 selos de 30 réis e apenas quase 350.000 selos de 90 réis. E assim mesmo ainda sobraram 466.711 selos.

Em 1844, quando outra série já estava circulando, estes selos, que não chegaram a ser vendidos, foram simplesmente queimados.

Pelo jeito, escrevia-se pouco no Brasil imperial E não se previa a futura raridade do “olho de boi”. Depois, veio um série chamada “inclinados”. É muito menos famosa e talvez muito menos vistosa, mas assim mesmo bastante cobiçada. Principalmente os valores de 180, 300 e 600 réis, cuja tiragem foi de 50.000, 40.000 e 20.000 respectivamente.

Seguiram-se-lhes duas outras séries denominadas pitorescamente “olhos-de-cabra” e “olhos-de-gato” (coloridos).

Só em 1866 apareceu no selo do Brasil o nome do país e o retrato de D. Pedro II. Foi tirado de uma fotografia que um fotógrafo americano veio fazer, num evento que se comentava nas altas rodas sociais da Capital do Império. Pois “posar” para a fotografia era algo de excepcional naqueles tempos.

Estes selos forma impressos nos Estados Unidos e deveriam ser definitivos. A tiragem do selo de 10 réis chegou, por exemplo, a 34.600.000 exemplares! Estes eram também os primeiros selos picotados do Brasil. Até então, o funcionário do Correio destacava o selo recortando-o da folha com tesoura.

Em 1878 sai o primeiro selo brasileiro em duas cores: verde e amarelo. Só podia ser. A impressão de duas cores num pequenino selo foi considerado uma façanha tipográfica, pois naqueles tempos poucos países imprimiam selos em cor. Em geral, todo selo era preto, como os selos brasileiros até a série “olho-de gato”.

Estes selos, com duas cores – um vermelho, outro amarelo- começaram a embelezar os envelopes das cartas.

Outro selo em duas cores foi o primeiro da República. Representava a cabeça feminina com barrete frígio, que é o símbolo do regime republicanos.

Em 1990, sai a primeira série comemorativa do Brasil. Festejava o quarto centenário do Descobrimento. E foi comentadíssima. Pela primeira vez, um simples recibo de taxa paga ao Correio começava a comunicar.

Fonte: Proença, Antônio Carlos. Lago, Samuel Ramos. História do Brasil. Vol2.p.96. IBEP

O delicioso abacate

O abacate, é o pseudofruto comestível do abacateiro (Persea americana), uma árvore da família da laureáceas nativa do México ou da América do Sul, hoje extensamente cultivada em regiões tropicais. Era amplamente cultivado antes da conquista espanhola, mas só mereceu a atenção dos horticultores no século XIX. O nome nahuatl (asteca) do fruto é ahuacatl (o qual significa testículo - analogia com a sua forma), que originou, em espanhol, a palavra aguacate.

É um fruto arredondado ou piriforme, de peso médio de 500 a 1500g. Sua casca varia, em colorido, do verde ao vermelho-escuro, passando pelo pardo, violáceo ou negro. As suas duas principais variedades são a Strong (cor verde) e a Hass (cor roxa). A árvore, o abacateiro, atinge até 15 ou 20 m e cresce melhor em climas quentes.

Supera a própria banana e a uva em valores nutritivos. É a única fruta que contém todas as vitaminas (A, B, C. D e E ) em conjunto. É riquíssima em sais minerais e hidratos de carbono. O seu valor calórico é de 204, 235, enquanto a mais nutritiva das bananas, a banana ouro, apresenta apenas 159.

O abacate é saboroso ao natural e sob a forma de creme, de sorvete e até em saladas. Receita para o "Abacate Alasca":

Ingredientes:

    2 abacates
    3 colheres (sopa) de manteiga
    2 colheres (sopa) de farinha de trigo
    2 1/3 xícaras de leite
    3 ovos
    Sal
    Pimenta-do-reino
    100 gr de queijo prato ralado
    Manteiga para untar a forma

Modo de Preparo:

Descasque e pique os abacates em pedaços pequenos. Derreta 1 colher (sopa) de manteiga e coloque os pedaços de abacate, em fogo brando. Retire a panela do fogo, deixando-a em lugar quente. Em outra panela, derreta o resto da manteiga e junte a farinha, mexendo com colher de pau. Acrescente o leite pouco a pouco, para não empelotar. Cozinhe durante 2 ou 3 minutos em fogo brando, até formar um creme borbulhante. Ligue o forno na temperatura média. Quebre os ovos, separando as gemas. Bata-as como para omelete. Junte-as ao creme, fora do fogo. Acrescente o queijo ralado, o abacate, o sal e a pimenta. Adicione as claras em neve e mexa delicadamente. Coloque em fôrma refratária untada, leve ao forno e deixe por 25 a 30 minutos. Sirva quente.

Fontes: Wikipédia; Enciclopédia de Arte Culinária. Ed.  Globo.

Como ocorre a toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.

A infecção nos humanos é assintomática em 80 a 90 % dos casos, isto é, não causa sintomas, e pode passar desapercebida naqueles pacientes cuja imunidade é normal. As defesas imunológicas da pessoa normal podem deixar este parasita “inerte” no corpo (sem causar dano algum) por tempo indeterminado.

Ela ocorre pela ingestão dos ovos do protozoário, liberados nas fezes dos gatos (assim, quem transitar por onde há o animal precisa tomar muito cuidado para não colocar a mão suja na boca); ingestão de carne crua ou malpassada de animais infectados; ingestão de alimentos contaminados, como frutas, legumes e verduras mal lavados; pode haver transmissão da mãe para o feto; pelo transplante de órgãos contaminados ou pela transfusão de sangue contaminado.

Quem está com a saúde frágil pode ter cegueira danos cardíacos e cerebrais.

Nas gestantes o feto pode desenvolver infecção na retina; infecção generalizada do feto; comprometimento do fígado e do baço do feto; no início da gestação, pode causar má-formação grave e até aborto. Os sintomas são: febre, mal estar e discreta vermelhidão no corpo.

Como se proteger: tome apenas água filtrada; evite carne crua; só coma verduras e frutas bem lavadas em água corrente; evite contato com fezes de gato

Tratamento: a confirmação é feita por exame de sangue. Gestantes, recém-nascidos e pacientes com baixa imunidade são tratados com antibióticos.

Fontes: Ideal Dicas; ABC da Saúde.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Água virtuosa...

Nhô Thomé está bem disposto. Hoje deu para bulir com os pretos, agradando os piazinhos que rodeiam o fogo em suas tripeças.

- Dito! – perguntou ele a um dos crioulinhos de seus doze anos – ocê sabe porque é que os home e as muié não tem a mesma cor?

- Nha- não.

- Puis eu vô contá; botem bem o sentido...

No escuro, deitado na rede, descanço, a ver as sombras bailando nas paredes, ao labaredear do fogo aos estalos, escutando a "história".

- Puis é. Nosso Sinhô, despois de criá tudas as coisa, garrô num pelote de barro e garrô damninhá, por não ter o que fazê. Damninhô, damninhô, e feis um home chamado Adão; deu um assopro e ele virô gente.

Despois Adão garrô a ficar esquisito: hora tava triste, ora tava assanhado, cantadô divirtido e contente. Deus pensô: "Tudas as coisa tem muié... Chamô Adão:

- Venha aqui!

Grudô e rancô u’a costela dele e feis Eva p’ra casá co’ele. Ante de Adão e Eva já tinha gente, mais não erum fios de Deus, porque eles não forum assoprado co Esprito Santo e quem soprô eles foi o Cuzarruim – e é purisso que hai gente rúim na terra; são os tar que não recebero o Esprito-Bão. – Mais isso ocês num intende.

Adão casô cum Eva e nascero os fio e crescero e acharo muié e casaro e o mundo umentô in quistan de pocos anno. Moravum tudo no mesmo sítio, um lugá como num hai de havê otro iguá; só no céo. O sítio chamava Paraízo. Naquele tempo tudos os home e muié erum preto...

Neste ponto Nhô Thomé descreveu a vida de então. Adão, depois do casamento, perdeu a alegria: tornou-se ajuizado, pois entendia que ser alegre e brincalhão como em solteiro não era próprio de homem casado... É um descrédito ser divertido e alegre.

A vida era fácil: frutas por toda a parte sazonavam o ano inteiro, ora esta, ora aquela, sem ser preciso plantar e tudo era "reiuno", não pertencendo a ninguém e a todos pertencendo.

- Ocês num vê que ninguém prantô fruitêra no mato? E ótras fruita? Ponhema, guabiroba, pitanga, jaracatiá, arixicú, vapacary, amora, cambucy, joá, jovéva, cabeça-de-negro, castanha-de-ioçá, figo-manso, caju, banana, coquinho...

- Mandioca tamém é fruita ? – interroga um dos pequenos.

- É... – responde bonachão e sossegado o velho.

- I batata-doce? – perguntou outro.

- Tamêm...

- I batata-roxa?

- Tamem... tamêm... Mais iscuitem!...

Despois o Cuzarruim botô veneno nu’a proção de culidade de fruita, p’ra judiá de nóis; mas Deus, que é muito bão, deferençô u’a das ôtra e criô os passarinho p’ra insiná nóis a quar que não fais mar. O Cuzarruim intãoce inxeu a cabeça de uns home e de u’as muiá, insinô p’re’eles os venenoso e eles viraro fiticêro, esses praga que custumum a botá as coisa-feita nos ôtro.

Eu, na rede, espero ansioso a explicação sobre as diversidades de cores nos homens, mas Nhô Thomé, como todos os contadores de histórias para crianças, parece "não ter fim".

- Mais, cumo ia dizeno, Nosso Sinhô garrô a repará: puis sa as fror, as arve, os alimar, os passarinho, a terra, o céo, tudo tinha cor deferente um dos ôtro, mórde o quê que os home e as muié só havéra de sê preto, tudo preto, sem graça, iguá, pareio, que inté injuava a vista?

Intãoce Deus mandô pubricá p’ro mundo intero, que era o Sítio, que quem fosse se lavá nu’a lagoa, ficava branco. Aquilo foi um corre-corre que Deus nos acuda!

Animou-se o pé-do-fogo! Curiosos os pretos arregalam os olhos e os mulatinhos ficam de "olhos compridos" no velho.

- Os mais ligêro, mais vivo, mais ladino, avuaro p’ra lá. Um bando de homes e muié, na correria, da desparada, p’ra chegá premêro, machucava e matava os que ascançava:

- Os premêro chegado ficaro arvo – são os alamão.

- Os seguinte acharo aua meio sujo – são os branco.

- Os ôtro acharo aua turva – são os moreno.

- Ôtros acharo aua escura, a lagoa tava secano – são os triguêro.

- Ôtros acharo um fiapico d’aua vermeia misturada cum táuá – são os cabocro.

- E os turco? – interrompeu o Dito.

- Isso mêmo... Isso... Eles garraro a brigá e gritá tudo no mermo tempo e é purisso que eles faum tudo trapaiado.

Não me seguro... Solto uma gargalhada gostosa!

- Uéi! Pensei que mecê tava drumino... Tô contano aqui u’as patacuada p’ros crioulinho...

- Continue, Nhô Thomé: estou gostando.

- Intãoce os turco sujaro demais o restico d’aua e levantô um tijuco mais escuro e a aua garrô minguá tanto, que os ôtro que chegaro naquele mingau, sahiro mulato, cumo ocês tão sahino.

- E os ôtro?

- Os ôtro, os priguiçoso, os bobo, os durminhoco que vivia cuchilano no pé-do-fogo e no sór e arguns que num tivero jeito de chegá mórde os da frente, esses quano chegaro acharo sú um tiquinho de umidade, que mar deu p’ra moiarem as sola dos pé e as parma da mão... Arreparem nas mão de Tia Pulicena e de suas mãe...

E os pequenos, de boca aberta, assustados, exclamam uns em seguida aos outros, olhando para as mãos de Tia Polycena que, bondosa e sorridente, as mostra.

- É meeeeemo!!!

- Os que ficaro preto num desanimaro e é purisso que preto num póde vê biquinha d’aua nem tornera, nem reberão, que não vá ligêro lavá as mão, a cara, o pescoço e os pé, que dão sempre na vista.

Depois, Nhô Thomé, chegando o "isqueiro" ao cigarro, tosse e termina, malicioso:

- Ocêis sabe mórde o que que ocês tão sahino tudo mulatinho? É que Chica, Zabé e Chistina custumum lavá rôpa lá no reberão craco do Manéco Portuguêis...

P’ra mim aquela aua é virtuosa...

- Aá... Maria credo! Sinhô tem cada lembrança! – bradou Tia Polycena, rindo, enquanto a Chica, a Zabé e a Christina correm para a cozinha. E, daqui da rede, depois de esplêndidas gargalhadas, ouço-as comentando:

- Sinhô tem cada uma! O moço tá lá na rede que num pode mais de tanto sirri...
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Fonte: Jangada Brasil - (Pires, Cornélio. Conversas ao pé do fogo).