quarta-feira, 20 de julho de 2011

A origem da cachaça


A história da cachaça remonta ao século XVI. O grande português Sá de Miranda já a ela se referia, como na carta versificada ao seu amigo Antônio Pereira: "Ali não mordia a graça / eram iguais os juízes; / não vinha nada da praça, / ali, da vossa cachaça! / ali, das vossas perdizes!"

Sua produção, no Brasil, vem assinalada pelos fins desse mesmo século, pois Gabriel Soares dizia que, na altura de 1584, existiam oito casas de "cozer méis", na Bahia. Em 1648, Margrave e Piso, na História Naturalis Brasiliense (História Natural do Brasil), descreviam o método de fabricação de açúcar em nossos engenhos e mencionavam o fato dessa bebida destilada também ser destinada à alimentação dos animais domésticos.

É como se refere o "Indae ultriusque re et medica" (sobre coisa natural e médica das duas Índias): "Deste sumo, a coagular-se num primeiro tacho, com pouco fogo, de onde se tira uma espuma um tanto feculenta e abundante, chamada de 'cagassa', que serve de comida e bebida somente para o gado".

Existe uma versão, que, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora?

A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando, formando no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça formada que pingava (por isso o nome "pinga").

As gotas, quando batiam nas suas costas marcadas com as chibatadas, ardiam muito, por isso o nome "aguardente". Caindo em seus rostos se escorrendo até a boca, os escravos viram que a tal goteira dava um barato, e passaram a repetir o processo constantemente.

Já no livro de contas do engenho de Serijipe do Conde, engenho esse dos jesuítas e localizado no recôncavo da Bahia, consta, no período de 1622–1653, a água ardente era servida aos escravos, durante o trabalho.

De prazer dionisíaco reservado inicialmente a escravos, a cachaça com o aprimoramento da produção, atraiu outros consumidores e passou a ter importância econômica no Brasil Colônia.

Tal fato traduziu ameaça aos interesses dos portugueses que fabricavam a aguardente metropolitana "Bagaceira". Já em 1635, era proibida a venda de cachaça na Bahia.

Em 1639, deu-se a primeira tentativa de impedir até o fabrico do produto, mas a partir de então, iniciou-se a reação dos interesses locais, formada por senhores de engenho, comerciantes, destiladores, e, assim, enquanto a disputa sofria flutuações, aumentava o fazer e o consumir das "bebidas de vinho de mel, a cachaça".

A metrópole sendo derrotada na luta contra a cachaça brasileira, mudou então de política e, em 1756, o produto já figurava entre os gêneros que, pela tributação, concorriam para a reconstrução de Lisboa, após sua destruição pelo terremoto.

No século XIX, o consumo da cachaça já era alto. Há referências aos sérios problemas de produtividade insuficiente dos engenhos, em decorrência do crescimento de seu consumo, principalmente por negros e irlandeses.

E, no mesmo período, já era também pretexto para exaltação patriótica contra o domínio português. Na região do nordeste, surge o movimento da Confederação do Equador, de aspiração republicana, onde o então coronel José Félix de Azevedo e Sá então vice-presidente da Província do Ceará fazia seus brindes com cachaça ao movimento em referência ao nacionalismo.

Após a derrota do movimento pelas forças mercenárias inglesas em sua maioria e as leais ao Imperador D. Pedro I, o coronel José Félix com seu espírito humanitário, liderança e astúcia, veio ser o interlocutor das duas partes, sendo nomeado por D. Pedro I para Presidente da Província do Ceará por vários mandatos.

Entre os aspectos folclóricos do seu uso, começaram a propagar-se os de natureza medicinal, havendo receitas caseiras muitas elaboradas de remédios à base da cachaça. Também no terreno de superstição, consignam-se procedimentos, tal como o dever de deixar um pouco da bebida no copo, a fim de ser jogada fora, por cima do ombro direito, com vistas a um "ofertório" às almas em geral, em particular às dos bêbados.

A produção dessa bebida destilada não é mais realizada nos antigos engenhos, nas atuais usinas de fabrico de açúcar, mas sim nos alambiques em pequenas propriedades e atualmente, é exportada para vários lugares do mundo.

Fontes: http://www.cambeba.com.br/origem.html; http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=330

Grande Edgar

Já deve ter acontecido com você.

— Não está se lembrando de mim?

Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele esta ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, antecipando sua resposta. Lembra ou não lembra?

Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir.

Um, curto, grosso e sincero.

— Não.

Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos entre pessoas educadas. Você deveria ter vergonha. Passe bem. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem. Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da dissimulação.

— Não me diga. Você é o... o...

"Não me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com sua agonia. Ou você pode dizer algo como:

— Desculpe, deve ser a velhice, mas...

Este também é um apelo à piedade. Significa "não tortura um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!". É uma maneira simpática de você dizer que não tem a menor idéia de quem ele é, mas que isso não se deve a insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua.

E há um terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.

— Claro que estou me lembrando de você!

Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas estatísticas de que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:

— Há quanto tempo!

Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.

— Então me diga quem sou.

Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, e falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:

— Pois é.

Ou:

— Bota tempo nisso.

Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem será esse cara meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas no meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância com frases neutras como jabs verbais.

— Como cê tem passado?

— Bem, bem.

— Parece mentira.

— Puxa.

(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu Deus?)

Ele esta falando:

—Pensei que você não fosse me reconhecer...

—O que é isso?!

—Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.

—E eu ia esquecer de você? Logo você?

—As pessoas mudam. Sei lá.

— Que idéia. (é o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!" e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?)

— É incrível como a gente perde contato.

— É mesmo.

Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.

— Cê tem visto alguém da velha turma?

— Só o Pontes.

— Velho Pontes! (Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)

— Lembra do Croarê?

— Claro!

— Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.

— Velho Croarê. (Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)

— Rezende...

— Quem?

Não é ele. Pelo menos isto esta esclarecido.

— Não tinha um Rezende na turma?

— Não me lembro.

— Devo esta confundindo.

Silêncio. Você sente que esta prestes a ser desmascarado.

Ele fala:

— Sabe que a Ritinha casou?

— Não!

— Casou.

— Com quem?

— Acho que você não conheceu. O Bituca. (Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador . Você esta tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?)

— Claro que conheci! Velho Bituca...

— Pois casaram.

É a sua chance. É a saída. Você passou ao ataque.

— E não avisou nada?

— Bem...

— Não. Espera um pouquinho. Todas essas acontecendo, a Ritinha casando com o Bituca, O Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?

— É que a gente perdeu contato e...

— Mas meu nome tá na lista meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar um convite.

— É...

— E você acha que eu ainda não vou reconhecer você. Vocês é que se esqueceram de mim.

— Desculpe, Edgar. É que...

— Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam. ( Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele esta na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!".)

— Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?

— Certo, Edgar. E desculpe, hein?

— O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.

— Isso.

— Reunir a velha turma.

— Certo.

— E olha, quando falar com a Ritinha e o Manuca...

— Bituca.

— E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?

— Tchau, Edgar!

Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?" não dirá nem não. Sairá correndo.
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Por: Luís Fernando Veríssimo

Texto extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 13.

Albert Camus e o sentido da vida


Em seu esforço para encontrar um sentido para a vida humana sem recorrer ao dogmatismo nem a falsas esperanças, Albert Camus foi muitas vezes mal compreendido mas influenciou decisivamente sua geração intelectual e a seguinte.

Albert Camus nasceu em Mondovi, Argélia, em 7 de novembro de 1913. Com a morte do pai na batalha do Marne, durante a primeira guerra mundial, passou por sérias dificuldades econômicas junto com a família. Conseguiu, no entanto, estudar filosofia na Universidade de Argel e exerceu várias profissões até se formar.

Tuberculoso, não pôde trabalhar como professor e resolveu abraçar a carreira literária, que iniciou como jornalista e fundador do Théâtre du Travail. As agruras desses anos se refletem em suas primeiras obras, as coletâneas de ensaios L'Envers et l'endroit (1937; O avesso e o direito) e Noces (1938; Bodas).

Depois de romper com o Partido Comunista, após vários anos de militância, Camus mudou-se em 1940 para Paris, que teve que abandonar ante a invasão alemã. Pouco depois regressou à França e aderiu à resistência, como diretor da revista Combat.

Em plena guerra mundial publicou uma série de obras que tornariam célebre seu nome: o romance L'Étranger (1942; O estrangeiro), o ensaio Le Mythe de Sisyphe (1942; O mito de Sísifo) e duas peças de teatro, Le Malentendu (1944; O mal-entendido) e Calígula (1945). Em todas Camus apresentava uma visão desesperançada e niilista da condição humana, que pode ser resumida nas palavras postas na boca do imperador romano Calígula: "Os homens morrem e não são felizes." A clara e perfeita linguagem de Camus era veículo apropriado para a expressão de suas idéias.

Era difícil, no entanto, conciliar a postura solidária e progressista do combatente da resistência com tal negativismo. Por isso, em suas obras posteriores Camus tendeu a elaborar um pensamento em que o niilismo constituísse "um ponto de partida" para uma sociedade mais livre e humana. Exemplo disso foi o romance La Peste (1947), narrativa simbólica da luta de um médico contra uma epidemia em Oran. Por trás dessa trama simples se percebia, no entanto, a sombra do nazismo e da ocupação alemã, bem como um apelo à dignidade humana. Temática muito semelhante aparece na obra L'État de siège (1948; O estado de sítio).

A postura ideológica de Camus aparece com nitidez em L'Homme révolté (1951; O homem revoltado), longo ensaio de caráter metafísico no qual ele analisou a ideologia revolucionária e escreveu palavras reveladoras: "O rebelde rechaça, portanto, a divindade, para compartilhar as lutas e o destino comum." O ensaio, no entanto, não foi bem recebido pelos círculos esquerdistas, que viam nele um pensamento demasiadamente individualista e retórico. Camus, que jamais quis aderir ao existencialismo, rompeu com o líder do movimento, Jean-Paul Sartre, atacando as idéias marxistas deste, que já criticara sutilmente na obra dramática Les Justes (1950; Os justos).

Durante a década de 1950, Camus enfrentou um conflito entre suas idéias progressistas e a explosão da revolução na Argélia, diante da qual, fundamentalmente por razões sentimentais, se colocou do lado da França. Tais contradições internas resultaram em duas obras importantes, o romance La Chute (1956; A queda) e a coletânea de contos -- vários deles situados na Argélia -- L'Exil et le royaume (1957; O exílio e o reino). O mundo que surge em seus contos já não é tão absurdo como o de suas primeiras obras, um inferno caótico e irreal, fruto talvez da sensação de isolamento do autor, que não diminuiria com a conquista do Prêmio Nobel em 1957.

Albert Camus morreu em 4 de janeiro de 1960, num acidente de automóvel perto de Sens, na França. Sua obra, apesar de polêmica e contraditória, constitui uma das grandes realizações da literatura francesa e foi a expressão de um homem que sempre agiu com honestidade em sua busca de justiça.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Agatha Christie

Nascida Agatha Mary Clarissa Miller em Torquay, condado de Devonshire, Inglaterra, a 15 de setembro de 1890. Filha de uma casal tipicamente vitoriano, mesmo sendo o pai, Frederick Miller, americano, foi criada segundo a melhor tradição européia. Seus pais tudo fizeram para que ela seguisse uma carreira de cantora lírica ou pianista. Mas Agatha Christie preferia passar o tempo escrevendo poemas e contos.

Ela foi educada em casa, onde estudou piano e canto, até que se casou em 1914, com o coronel Archibald Christie, cujo sobrenome adotaria até o final da vida. Quando começa a Primeira Guerra Mundial, ela se alista como voluntária no Exército da Cruz Vermelha.

Atuando como enfermeira na Inglaterra, aceita um desafio da irmã: escrever uma história policial em que o leitor não pudesse descobrir a identidade do assassino antes do final da narrativa. Daí surgiu O Misterioso Caso de Styles, que tinha como protagonista um belga chamado Hercule Poirot, inspirado nos vários políticos belgas que se refugiaram na Inglaterra naquela época. Hercule Poirot seria ainda protagonista de uma série de outros livros, se consagrando como um dos maiores detetives já criados.

Mas só em 1926 ela conseguiu chamar a atenção do público com O Assassinato de Roger Ackroyd. Algum tempo depois do lançamento deste, Agatha Christie desapareceu misteriosamente. Como em suas histórias, deixou rastros efêmeros, pistas difusas, confundindo toda a polícia inglesa, e provocando sérias suspeitas de estar à procura de promoção de publicidade para uma carreira mal começada.

Em 1930, já divorciada e romancista de sucesso, casa-se novamente. Desta vez com Max Mallowan, arqueólogo, com quem viaja pelo Oriente. É dessas viagens que ela tira inspiração para vários livros de sucesso como: Morte no Nilo, Intriga em Bagdá e outros.

Criou também outros personagens, como Miss Jane Marple, uma simpática velhinha profunda conhecedora da natureza humana, moradora da pequena Saint Mary Mead. A estréia de Miss Marple ocorreu no livro Assassinato na Casa do Pastor.

Seus mais de 80 livros publicados venderam mais de 1 trilhão de cópias em todo o mundo, fazendo de Agatha Christie a maior escritora de romances policiais de todos os tempos. Agatha Christie morreu no dia 12 de Janeiro de 1976 e seu marido 2 anos depois.

Curiosidade: O livro Cai o pano foi escrito em 1940 e publicado em 1975.

Obra

O Misterioso Caso de Styles (1920) , O Inimigo Secreto (1922), Assassinato no Campo de Golfe (1923); O Homem do Terno Marrom (1924), Poirot Investiga (1924), O Segredo de Chimneys (1925), O Assassinato de Roger Ackroyd (1926), Os Quatro Grandes (19270, O Mistério do Trem Azul (1928), O Mistério dos Sete Relógios (1929), Sócios no Crime (1929), Assassinato na Casa do Pastor (1930), O Misterioso Sr. Quin (1930), O Mistério de Sittaford (1931), A Casa do Penhasco (1932), Os Treze Problemas (1932), Treze à Mesa (1933), Por Quê Não Pediram à Evans? (1934), Assassinato no Expresso do Oriente (1934), O Detetive Parker Pyne (1934), Tragédia em Três Atos (1935), Morte nas Nuvens (1935), Os Crimes ABC (1936), Morte na Mesopotâmia (1936), Cartas na Mesa (1936), Poirot Perde uma Cliente (1937), Morte no Nilo (1937), Assassinato no Beco (1937), Encontro com a Morte (1938), O Natal de Poirot (1938), É Fácil Matar (1939), O Caso dos Dez Negrinhos (1939), Um Acidente e Outras Histórias (1939), Cipreste Triste (1940), Uma Dose Mortal (1940), Morte na Praia (1941), M ou N? (1941), Um Corpo na Biblioteca (1942), A Mão Misteriosa (1942), Os Cinco Porquinhos (1943), Hora Zero (1944), E no Final a Morte (1945), Um Brinde de Cianureto (1945), A Mansão Hollow (1946), Os Trabalhos de Hércules (1947), Seguindo a Correnteza (1948), A Casa Torta (1949), Os Três Ratos Cegos e Outras Histórias (1949), Convite Para um Homicídio (1950), Intriga em Bagdá (1951), A Morte da Sra. McGinty (1952), Um Passe de Mágica (1952), Cem Gramas de Centeio (1953), Depois do Funeral (1953), Um Destino Ignorado (1954), Morte na Rua Hickory (1955), A Extravagância do Morto (1956), A Testemunha Ocular do Crime (1957), Punição Para a Inocência (1958), Um Gato Entre os Pombos (1959), A Aventura do Pudim de Natal (1960), O Cavalo Amarelo (1961), A Maldição do Espelho (1962), Os Relógios (1963), Mistério no Caribe (1964), O Caso do Hotel Bertram (1965), A Terceira Moça (1966), Noite sem Fim (1967), Um Pressentimento Funesto (1968), Noite das Bruxas (1969), Passageiro para Frankfurt (1970), Nêmesis (1971), Os Elefantes não Esquecem (1972), Portal do Destino (1973), Os Primeiros Casos de Poirot (1974), Cai o Pano (1975), Um Crime Adormecido (1976)

Outros livros de Agatha Christie da coleção Record/Altaya:

A Morte do Almirante (1931), A Ratoeira e Os Dez Indiozinhos (1954/1944), Encontro com a morte e O Refúgio (1945/1952), Testemunha da Acusação e A Hora H (1954/1944), Desenterrando o Passado (1946), Veredicto e Retorno ao Assassinato (1958/1960), A Mina de Ouro (1971), O Mundo Misterioso de Agatha Christie (1975), Autobiografia (1977), O Cadáver Atrás do Biombo e Um Furo Jornalístico (1983). 

O eterno Drácula

Bela Lugosi (Bela Ferenc Dezsõ Blaskó), nasceu em Lugoj, em 20 de Outubro de 1882, e faleceu em Los Angeles, EUA, em 16 de Agosto de 1956. Foi um ator húngaro nascido no então Império Austro-Húngaro, na região do Banat.

O mais jovem dos quatro filhos de um banqueiro, Bela Lugosi começou a sua carreira nos palcos da Europa em várias peças de William Shakespeare. Mas no entanto tornou-se famoso pelo seu papel de Drácula numa encenação da clássica história de vampiro de Bram Stoker, e teve como especialidade os filmes de horror.

Fugiu de casa com 11 anos, abandonou a escola e engajou-se no trabalho de mineração. Na adolescência começou a atuar em pequenas companhias teatrais. O caminho mais comum o guiou do teatro para o cinema mudo húngaro, atuando com o nome artístico de Arisztid Olt. Porém, teve que interromper seu início de atividades no cinema graças à Primeira Guerra Mundial. Há boatos de que ele tenha sido ferido três vezes, assim causando sua futura dependência em morfina para aliviar as dores que seguiram por sua vida inteira. Há também uma versão que diz que ele conseguiu ser liberado do serviço se passando por louco.

Ao ser liberado do serviço militar, teve uma vida conturbada. Fez cerca de 12 filmes, casou-se pela 1ª de cinco vezes e saiu da Hungria por conta das suas opiniões políticas. Ele se refugiou na Alemanha, mas passou pouco tempo no país e foi para o país onde conseguiu alcançar a fama: os Estados Unidos. Bela participou do teatro na comunidade húngaro-americana, e após algum tempo ganhou a oportunidade de interpretar Drácula numa adaptação teatral escrita por John Balderston.

Sua interpretação única e assustadora nesta peça foi que abriu as portas para seu estrelato no cinema. O diretor Tod Browing descobriu e o chamou para interpretar o vampiro em sua versão cinematográfica de Drácula. Este papel deu estrelato a Lugosi, mas ao mesmo tempo o marcou como "um ator de um só papel".

Bela fez vários outros filmes de horror,como também de outros gêneros. Dentre os de horror, merecem destaque Murdes In The Rue Morgue, The Raven, Mark of Vampire, dentre outros. Porém,o ator não conseguiu estabilidade no cinema, e passou a partir de meados da década de 30 a atuar em filmes baratos.

Ainda conseguiu papéis bons como em Son of Frankenstein, The Ghost of Frankenstein, The Corpse Vanishes, etc... Porém, estereotipado como "Drácula", e seguindo o mesmo declínio do gênero na década de 40, no qual os monstros clássicos protagonizavam filmes em que se enfrentavam ou comédias, Bela ficou desempregado.

Foi descoberto por Ed Wood, que gravou alguns filmes com Bela (inclusive Ed Wood arcou com vários custos de internação de Bela, consumido pelo vício em morfina).

O último filme de Bela Lugosi foi Plan 9 from Outer Space, de Ed Wood. Porém Bela filmou somente uma semana, falecendo no dia 16 de agosto de 1956. Bela foi sepultado com o traje de Drácula (sendo este seu último desejo). Assim, o horror perdeu um de seus maiores ícones.

Mas Bela Lugosi continua vivo na memória dos fãs do gênero, tendo sido interpretado por Martin Landau, ganhador do Oscar por este papel, no filme Ed Wood de Tim Burton. Bela Lugosi sempre será o eterno Drácula das telonas, independente de ser esta associação positiva ou negativa.



Filmografia

* 1917 Az Ezredes
* 1923 The Silent Command
* 1924 The Rejected Woman
* 1925 Midnight Girl
* 1925 Daughters Who Pay
* 1928 How to Handle Women
* 1928 The Veiled Woman
* 1929 Prisoners
* 1929 The Thirteenth Chair
* 1930 Viennese Nights
* 1930 Such Men Are Dangerous
* 1930 Wild Company
* 1930 Oh, for a Man
* 1930 Renegades
* 1931 The Black Camel
* 1931 Women of All Nations
* 1931 Drácula
* 1931 Fifty Million Frenchmen
* 1931 Broadminded
* 1932 Chandu the Magician
* 1932 Murders in the Rue Morgue
* 1932 White Zombie
* 1932 Island of Lost Souls
* 1933 International House
* 1933 Night of Terror
* 1933 The Devil's in Love
* 1933 The Death Kiss
* 1933 The Whispering Shadow
* 1934 Chandu on the Magic Island
* 1934 Gift of Gab
* 1934 The Return of Chandu
* 1934 The Black Cat
* 1935 The Best Man Wins
* 1935 The Mysterious Mr. Wong
* 1935 The Raven
* 1935 Mark of the Vampire
* 1935 Murder by Television
* 1935 Phantom Ship
* 1936 The Invisible Ray
* 1936 Postal Inspector
* 1936 Shadow of Chinatown
* 1936 Dracula's Daughter
* 1937 S.O.S. Coast Guard
* 1939 Son of Frankenstein
* 1939 The Phantom Creeps
* 1939 The Human Monster
* 1939 The Gorilla
* 1939 Ninotchka
* 1940 The Saint's Double Trouble
* 1940 Saturday Night Serials
* 1940 You'll Find Out
* 1940 Black Friday
* 1941 The Wolf Man
* 1941 The Black Cat
* 1941 Spooks Run Wild
* 1941 The Devil Bat
* 1941 The Invisible Ghost
* 1942 Black Dragons
* 1942 Dick Tracy, Detective / The Corpse Vanishes
* 1942 Frankenstein Meets the Wolfman
* 1942 Bowery at Midnight
* 1942 Dick Tracy vs. Cueball / Bowery at Midnight
* 1942 The Corpse Vanishes
* 1942 Night Monster
* 1942 The Ghost of Frankenstein
* 1943 The Return of the Vampire
* 1943 The Old Dark House
* 1943 The Ape Man
* 1943 Ghosts on the Loose
* 1944 Matinee Double Feature
* 1944 Return of the Ape Man
* 1944 Zombies on Broadway
* 1944 One Body Too Many
* 1944 Voodoo Man
* 1945 The Body Snatcher
* 1946 Genius at Work
* 1947 Scared to Death
* 1947 Dick Tracy Meets Gruesome
* 1948 Abbott and Costello Meet Frankenstein
* 1952 Bela Lugosi Meets a Brooklyn Gorilla
* 1952 Old Mother Riley Meets the Vampire
* 1953 Glen or Glenda
* 1955 Bride of the Monster
* 1956 The Black Sleep
* 1956 Plan 9 from Outer Space

Fonte: Wikipédia.

Hitchcock, o mago do suspense

Apelidado de "mago do suspense", Hitchcock se tornou um dos mais conhecidos e bem-sucedidos cineastas do mundo, gênero a que dedicou quase todos seus filmes.

Alfred Hitchcock nasceu em Londres em 13 de agosto de 1899. Estudou engenharia e começou a trabalhar no cinema em 1920, como criador de letreiros de filmes mudos e depois como roteirista.

Dirigiu o primeiro filme em 1925 e no ano seguinte iniciou, com The Lodger (1926), a série de películas de suspense que o fariam famoso. Blackmail (1929; Chantagem), seu primeiro filme sonoro, alcançou grande sucesso.

Depois de um período britânico, com filmes como The Thirty-nine Steps (1935; Os trinta e nove degraus) e The Lady Vanishes (1938; A dama oculta), Hitchcock prosseguiu a carreira nos Estados Unidos, onde sua primeira película, Rebecca (1940; Rebeca, a mulher inesquecível), ganhou o Oscar da Academia para melhor filme.

Posteriormente, realizou Suspicion (1941; Suspeita), com uma inesquecível cena final centrada sobre um copo de leite presumivelmente envenenado, e Notorious (1946; Interlúdio).

Na década de 1950, aperfeiçoou ao máximo suas técnicas de suspense em filme como Strangers on a Train (1951; Pacto sinistro), Rear Window (1954; Janela indiscreta), The Wrong Man (1959; O homem errado) e Vertigo (1959; Um corpo que cai), este último, na opinião de alguns críticos, sua obra-prima.

Hitchcock experimentou mais tarde novos recursos dramáticos e expressivos. Assim, por exemplo, em Psycho (1960; Psicose), o espetacular assassinato da protagonista ocorre logo no início do filme; em The Birds (1963; Os pássaros), o clima de terror é provocado por aves que, inexplicavelmente, começam de repente a atacar as pessoas. Em Torn Curtain (1966; Cortina rasgada) e Topaz (1969; Topázio), histórias convencionais de espionagem, expôs uma clara divisão maniqueísta entre o bem e o mal.

Hitchcock tornou-se uma figura familiar ao grande público ao apresentar na televisão, nas décadas de 1950 e 1960, relatos breves de suspense. Era costume do diretor fazer em seus filmes aparições fugazes, que podiam ir desde subir num trem com um violoncelo até cruzar a tela passeando com um cachorro. Morreu em 29 de abril de 1980 em Bel Air, Califórnia.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

O analfabeto e a professora

Foi quando abriram a escolinha para alfabetização de adultos, ali no Catumbi, que a Ioná resolveu cola­borar. Essas coisas funcionam muito na base da boa von­tade, porque alfabetizar adultos, nunca preocupou muito o Governo.

No Brasil, geralmente, quando o camarada che­ga a um posto governamental, acha logo que todos os problemas estão resolvidos, sem perceber que — ao ocu­par o posto - os problemas que ele resolveu foram os dele e não os do País. Mas isto deixa pra lá.

Eu falava no caso da Ioná. Quando inauguraram o curso de alfabetização de adultos no Catumbi, os bene­méritos fundadores andaram catando gente para ensinar, e entre os catados estava um padre, que era muito bonzinho e muito amigo da família da Ioná. O piedoso sacerdo­te sabia que ela tinha um curso de professora tirado na PUC, e só não professorava porque tinha ficado noiva.

Mas depois — isto eu estou contando pra vocês porque todo mundo sabe, portanto não é fofoca não — a Ioná desmanchou o noivado. Ela era uma moça moderna e viu que o casamento não ia dar certo; o noivo era muito qua­drado, embora para certas coisas fosse redondíssimo.

Enfim, a Ioná tinha o curso mas não usava pra nada, e aí o padre perguntou se ela não queria ser também pro­fessora no Curso de Alfabetização de Adultos do Catum­bi. Ela topou a coisa, e as aulas começaram.

No início eram poucos alunos, mas depois houve muito analfabeto interessado, e o curso se tornou bem mais animado. Uns dizem que esse aumento de interesse foi por causa da administração bem feita, outros - mais realistas, talvez - acharam que o aumento de interesse foi por causa da Ioná, que também era muito bem feita.

Professora certinha tava ali. Tamanho universal, sem­pre risonha, corpinho firme, muito afável, e um palmo de rosto que a gente olhando de repente lembrava muito a Cláudia Cardinale. Além disso, ela ensinava mesmo. Seus alunos, para impressioná-la, caprichavam nos estudos, e sua turma tornou-se em pouco tempo a mais adiantada de todas.

Só um aluno era o fim da picada. Sujeito burro e duro de cabeça. Era um rapaz até muito bem apessoado, alto, louro, que trabalhava numa fábrica de tecidos. Chamava-se Rogério, era esforçado, educado, mas não conseguia ler a letra "o" escrita num papel. A turma se adiantando e ele ficando para trás. Ioná tinha pena dele, mas não sabia mais o que fazer, até que uma noite (os cursos eram no­turnos) ela fez ver ao Rogério que assim não podia ser, e ele ficou tão triste que a Ioná sentiu pena e perguntou se ele não queria que ela lhe desse umas aulas particulares.

— Seria bom sim - ele falou. E, então, sempre que terminavam as aulas, aluno e professora seguiam para  a casa dela para repassarem os estudos da noite. Era um caso curioso o desse aluno, que se mostrava tão esperto, tão comunicativo, mas que não conseguia vencer as li­ções da cartilha. O livro aberto na frente dele e ele sem saber se foi Eva que viu a uva ou se foi vovô que viu o ovo.

Mas, justiça se faça, com as aulas particulares Rogé­rio melhorou um pouquinho. Não o suficiente para acompanhar o adiantamento da turma, mas — pelo menos — já soletrava mais ou menos.

Nesta altura o CAAC — Curso de Alfabetização de Adultos do Catumbi — já progredira a ponto de se tornar uma escola oficializada, e a Ioná estava tão interessada no Rogério que tinha noite até que ele ficava pra dormir.

Quando chegou o dia das provas e iam lá o inspetor de ensino e outras autoridades pedagógicas, Ioná foi informada do evento e ficou nervosíssima. Disse para o seu aluno favorito que era preciso dar um jeito, que ele ia ser a vergonha da turma, etc. Ele pegou e falou pra ela que pra decorar era bonzinho e, se ela fosse lendo para ele, decoraria tudo.

Claro que a Ioná não levou muita fé no arranjo, mas como era o único, aceitou. Na noite das provas o Rogério esteve brilhante e parecia mesmo que decorara aquilo tudo. Ela ficou orgulhosíssima e, mais tarde, já em casa, enquanto desabotoava o vestido, perguntou:

— Puxa, como é que você conseguiu decorar aquilo tudo, querido, tendo trabalhado na fábrica o dia inteiro?

— Eu não trabalhei não. Eu telefonei para o meu pai e disse que não ia.

— O quê ??? Seu pai é o presidente da fábrica?

— E eu sou o vice.

Ela ficou besta: - Quer dizer que você já sabia ler... escrever...

— Desde os cinco anos, neguinha!
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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. —  Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.