quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O homem que pôs um ovo

Um marido tinha uma mulher muito gabola de saber guardar segredo. Vivia dizendo que as outras eram saco rasgado e ninguém podia confiar no juízo dela. Tanto se gabou e se gabou que o marido pensou em fazer uma experiência para ver se a mulher era mesmo segura de língua.

Uma noite, voltando tarde para casa, o homem trouxe um grande ovo de pata, que é muito maior do que os da galinha e deitou-se na cama. Lá para as tantas da madrugada, acordou a mulher, todo assustado e pedindo que ela guardasse todo segredo, contou que acabara de pôr um ovo! A mulher só faltou morrer de admiração mas o marido mostrou o ovo e ela acreditou, jurando que nem ao padre confessor havia de dizer o que soubera.

Ora muito bem. Pela manhã, assim que o marido saiu para o trabalho a mulher correu para a vizinha e, pedindo segredo de amiga, contou que o marido pusera um ovo na cama e estava todo aborrecido com essa desgraça. A vizinha prometeu que ninguém saberia mas passou o dia contando o caso, ao marido, aos vizinhos, aos conhecidos, sempre pedindo segredo.

E como quem conta um conto aumenta um ponto, toda vez que a história passava adiante o ovo ia mudando de número. Primeiro era um, depois dois, depois três. Ao anoitecer já o homem pusera meio cento de ovos. Voltando para casa, o marido encontrou-se com um amigo e este lhe disse que havia novidade naquela rua.

- Qual é a novidade?

- Não soube? Uma cousa esquisita! Imagine que um morador nesta rua pôs, penso eu, quase um cento de ovos, seu mano! Diz que está muito doente e que cada ovo tem duas gemas. É o fim do mundo.

O marido não quis saber quem estava de vigia. Entrou em casa, chamou a mulher, agarrou uma bengala e passou-lhe a lenha com vontade, dando uma surra de preceito, que a deixou de cama, toda doída e com panos de água e sal.

Depois o homem saiu contando como o caso começara e a mulher ficou desmoralizada. Por isso é que os antigos diziam que:

Quem tiver o seu segredo
Não conte a mulher casada
Ela conta ao seu marido
O marido aos camaradas...
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(CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil)

Jane Fonda, a eterna Barbarella

Jane Fonda (Jane Seymour Fonda), atriz, escritora, modelo, ativista política e guru de exercícios físicos, nasceu na cidade de Nova York, EUA, em 21 de dezembro de 1937 e é filha do ator Henry Fonda e da socialite Frances Seymour Ford. Seu pai era descendente de holandeses e o sobrenome "Fonda" é originário de Eagum, uma vila no coração da Frísia, província do norte dos Países Baixos.

Iniciou sua carreira no cinema em 1960 no filme "Tall Story", ao lado de Anthony Perkins. Mais tarde, despontou como sex symbol com os filmes "Cat Ballou" (1965) e "Barbarella" (1968). Em 1971 recebeu seu primeiro Oscar de melhor atriz pelo filme "Klute". Em 1978 repetiria a façanha por "Amargo Regresso".

Em 14 de abril de 1950, quando tinha 12 anos de idade, sua mãe cometeu suicídio após voluntariamente buscar tratamento num hospital psiquiátrico. A ela foi dito que a mãe morrera de ataque cardíaco. As assinaturas de jornais e revistas na mansão dos Fonda foram canceladas e os professores e alunos da escola da jovem instruídos a não discutirem o incidente. Jane descobriria a verdade meses mais tarde, enquanto folheava uma revista de cinema na aula de artes.

Após a morte de Frances, Henry se casou com a também socialite Susan Blanchard ainda em 1950; o casamento acabaria em divórcio de cinco anos depois.

Aos 15 anos, começou a ter aulas de dança em Fire Island Pines, em Nova York. Ela estudou na prestigiada Greenwich Academy, um internato para garotas, em Greenwich, Connecticut.

Antes de dar início à carreira de atriz, foi modelo nos anos 1950, tendo estampado a capa de diversas revistas de moda, entre elas a Vogue. Jane se interessou pela atuação em 1954, após ter atuado com o pai numa produção beneficente da peça The Country Girl no Teatro Comunitário de Omaha. Ela estudou no Emma Willard School em Troy e na Faculdade Vassar em Poughkeepsie, onde foi uma aluna notável.

Após se formar em Vassar, Jane morou em Paris por dois anos para estudar arte. Ao retornar, se encontrou com Lee Strasberg, da renomado Actors Studio, organização que oferece curso preparatório para atores. De acordo com Jane, Strasberg foi a primeira pessoa, com exceção de seu pai, que lhe disse que tinha talento.

Seus trabalhos no teatro no final da década de 1950 estabeleceram os alicerces para sua carreira no cinema na década de 1960. Ela gravou quase dois filmes por ano até o fim da década a partir de "Tall Story" (1960), no qual recriava uma de suas personagens mais famosas da Broadway: uma líder de torcida que perseguia um astro do basquete, interpretado por Anthony Perkins. Logo em seguida estrelou em "Period of Adjustment" e "Walk on the Wild Side", ambos lançados em 1962. Em "A Walk on the Wild Side", pelo papel de uma prostituta, Jane ganhou o Globo de Ouro de atriz novata mais promissora.

Em 1963 ela estrelou "Sunday in New York". O jornal Newsday afirmou que Jane se tratava da "mais adorável e talentosa de todas da nossa nova geração de atrizes". Entretanto, Jane também tinha seus depreciadores: no mesmo ano, o Harvard Lampoon a nomeou a pior atriz do ano. O maior avanço da carreira de Jane veio com "Cat Ballou" (1965), em que interpretava uma professora de escola rural que virava fora-da-lei. O filme, uma comédia western, recebeu cinco indicações ao Oscar (venceu o de melhor ator para Lee Marvin) e foi um dos dez filmes de maior bilheteria do ano nos Estados Unidos. Este filme é considerado para muitos o ponto de ruptura na carreira de Jane, trazendo-a para o estrelato aos 28 anos de idade. Após este filme, ela estrelou nas comédias "Any Wednesday" (1966) e "Barefoot in the Park" (1967), a última ao lado de Robert Redford.

Jane Fonda em "Barbarella" (1968) de Roger Vadim, uma paródia da ficção científica.
Em 1968 interpretou o papel-título na paródia de ficção científica "Barbarella", dirigida por seu então marido, o cineasta francês Roger Vadim, que estabeleceu seu status como um dos maiores símbolos sexuais dos Estados Unidos no fim dos anos 1960. Em contraste, atuou no drama "They Shoot Horses", Don't They?" em 1969, papel que consagrou-a como uma das melhores atrizes de sua geração e pelo qual recebeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz. No mesmo período, escolhia cuidadosamente os filmes em que atuaria, rejeitando os papéis principais em "O Bebê de Rosemary" e "Bonnie and Clyde".

Barbarella virou boneca antes da Barbie.
Todo o talento dramático de Jane foi confirmado pela sua atuação nos filmes "Klute", de 1971, onde interpretou uma prostituta perseguida por um assassino psicopata, e "Amargo Regresso", de 1978, uma crítica ácida à Guerra do Vietnã, filmes que lhe valeram dois prêmios Oscar de melhor atriz.

Em 1972, Jane estrelou como uma repórter ao lado de Yves Montand em "Tout va bien", clássico marxista de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin. No mesmo ano, os diretores fizeram um documentário intitulado "Letter to Jane", no qual ficam quase duas horas comentando sobre uma foto da atriz quando de sua visita ao Vietnã do Norte.

Entre "Klute" em 1971 e "Fun With Dick and Jane" em 1977, passou grande parte da primeira metade da década sem um grande sucesso, apesar de ter estrelado em filmes alternativos aclamados como "A Doll's House" (1973), "Steelyard Blues" e "The Blue Bird" (1976), o último, filmado na União Soviética, ao lado de Elizabeth Taylor, Ava Gardner e Cicely Tyson. A partir de comentários atribuídos a ela em entrevistas, alguns consideraram que ela havia sido culpada profissionalmente por suas opiniões políticas. Entretanto, Jane nega as afirmações em sua autobiografia de 2005 "My Life So Far". Para ela, sua carreira floresceu após suas declarações contra a Guerra do Vietnã.

Esse florescimento deu-se, em partes, pela fundação de sua própria produtora, a IPC Films, com a qual fez filmes que a ajudaram a conquistar de volta o estrelato. O filme de comédia de 1977 "Fun With Dick and Jane"" é geralmente considerado seu "retorno" às bilheterias. No mesmo ano, conseguiu boas críticas por sua performace como a dramaturga Lillian Hellman em "Julia", filme pelo qual receberia sua terceira indicação ao Oscar de melhor atriz. Durante o período, Jane anunciou que estrelaria apenas em filmes com temas importantes, razão pela qual rejeitou o papel principal em "An Unmarried Woman". Em 1979 ela estrelou nos sucessos "The China Syndrome", sobre o encobrimento de um acidente nuclear, pelo qual recebeu sua quinta indicação ao Oscar de melhor atriz, e "The Electric Horseman" novamente com Redford.

Jane Fonda fotografada por Peter Basch no começo dos anos 1960.
Em 1980, Jane estrelou em "Nine to Five" ao lado de Lily Tomlin e Dolly Parton. O filme foi um dos maiores sucessos de bilheteria de sua carreira.

Jane estava querendo fazer um filme com seu pai há algum tempo, esperando que a relação entre os dois melhorasse. Ela atingiu à meta quando comprou os direitos de filmagem de "On Golden Pond" (1981). Katharine Hepburn se juntou aos três no elenco principal. O filme rendeu a Jane sua única indicação ao Oscar na categoria de melhor atriz (coadjuvante/secundária) e a Henry seu único Oscar de melhor ator, que Jane aceitou em seu nome, uma vez que ele estava muito doente. henry Fonda morreria cinco meses depois.

Jane continuou a aparecer em filmes de destaque na década de 1980, mais notavelmente como a Dr. Martha Livingston em "Agnes of God" (1985). Um ano antes recebeu seu único prêmio Emmy pelo filme feito para a televisão "The Dollmaker". Jane receberia sua sexta e última indicação ao Oscar de melhor atriz pelo thriller "The Morning After" de 1986, no qual interpreta uma alcóolatra suspeita de assassinato.

Em abril de 1991, após três décadas de carreira no cinema, Jane Fonda anunciou que estava se aposentando da indústria cinematográfica e não tinha intenções de voltar a atuar. Em maio de 2005, entretanto, ela retornou às telas com o sucesso de bilheteria "Monster-in-Law", em que contracenou com Jennifer Lopez. Em 2007 ela estrelou em "Georgia Rule" de Garry Marshall, ao lado de Felicity Huffman e Lindsay Lohan.

A linda senhora Jane Fonda sempre com aquele corpo e rostinho de boneca. Exercícios só fazem bem.
Em 2009, Jane retornou aos palcos da Broadway, em sua primeira performance desde 1963, em "33 Variations" de Moises Kaufman. Pelo papel, ela recebeu uma indicação ao Tony de melhor atriz.

De 14 de agosto de 1965 a 16 de janeiro de 1973, Jane foi casada com o cineasta francês Roger Vadim, que a dirigiu em Barbarella. Com ele teve Vanessa (n. 1968), também atriz.

Em 1973 Jane casou-se com o então ativista político e depois senador Tom Hayden, um dos ícones da nova esquerda, e envolveu-se inteiramente com as questões políticas de seu país, combatendo a Guerra do Vietnã e a política externa do país, chegando a ir a Hanói e posado para fotografias sentada num canhão de defesa antiaérea da cidade, o que lhe valeu a ira do governo Nixon e dos conservadores, além do apelido de "Hanói Jane", que lhe persegue até os dias de hoje, pelos direitistas mais radicais e pelos veteranos de guerra. Com Hayden, Jane teve Troy Garity (n. 1973), também ator. Os dois também adotaram Mary Luana Williams.

Após seu casamento, em 21 de dezembro de 1991, com o empresário das comunicações e milionário Ted Turner, então dono da rede de televisão a cabo CNN, Jane decidiu se aposentar da carreira de atriz e passou a se dedicar exclusivamente a produzir vídeos sobre ginástica aeróbica e preparação física que se tornaram um grande sucesso. O primeiro deles, produzido em quando ainda era atriz, em 1982, vendeu 17 milhões de cópias apenas nos EUA. O casamento duraria até 22 de maio de 2000. Apesar do divórcio, Jane ainda vive em Atlanta, no estado da Geórgia.

Principais prêmios e indicações


Oscar

1970: Melhor atriz principal – A Noite dos Desesperados (indicada)
1972: Melhor atriz principal – Klute - O Passado Condena (vencedora)
1978: Melhor atriz principal – Julia (indicada)
1979: Melhor atriz principal – Amargo Regresso (vencedora)
1980: Melhor atriz principal – Síndrome da China (indicada)
1982: Melhor atriz (coadjuvante/secundária) – Num Lago Dourado (indicada)
1987: Melhor atriz principal – A Manhã Seguinte (indicada)

Globo de Ouro

1962: Melhor revelação feminina (vencedora)
1963: Melhor atriz em filme cômico ou musical – Period of Adjustment
1966: Melhor atriz em filme cômico ou musical – Dívida de Sangue (indicada)
1967: Melhor atriz em filme cômico ou musical – Qualquer Quarta-Feira (indicada)
1970: Melhor atriz em filme dramático – A Noite dos Desesperados (indicada)
1972: Melhor atriz em filme dramático – Klute - O Passado Condena (vencedora)
1973: Prêmio Henrietta de atriz favorita do mundo (vencedora)
1978: Melhor atriz em filme dramático – Julia (vencedora)
1979: Melhor atriz em filme dramático – Amargo Regresso (vencedora)
1979: Prêmio Henrietta de atriz favorita do mundo (vencedora)
1980: Melhor atriz em filme dramático – Síndrome da China (indicada)
1980: Prêmio Henrietta de atriz favorita do mundo (vencedora)
1982: Melhor atriz (coadjuvante/secundária) – Num Lago Dourado (indicada)
1985: Melhor atriz em minissérie ou filme feito para a TV – The Dollmaker (indicada)

Filmografia principal

La Ronde (1964) | Cat Ballou (1965) | Any Wednesday (1966) | Barefoot in the Park (1967) | Barbarella (1968) | They Shoot Horses, Don't They? (1969) | Klute (1971)  | A Doll's House (1973)  | Fun with Dick and Jane (1976) | Julia (1977) | Coming Home (1978) | California Suite (1978) | The China Syndrome (1979) | The Electric Horseman (1979) | Nine to Five (1980) | Rollover (1981) | On Golden Pond (1981) | Agnes of God (1985) | The Morning After (1986) | Old Gringo (1989) | Stanley & Iris (1990) | Monster-in-Law (2005) | Georgia Rule (2007).

Fonte: Wikipédia.