sexta-feira, 6 de julho de 2012

Salomé Parísio

Salomé Parísio
Salomé Parísio nasceu em 3 de junho de 1921 em Bonito -PE. Seu nome de batismo é Dulce de Jesus Oliveira, mas resolveu adotar o nome da mãe para entrar no meio artístico. Começou a carreira cantando na Rádio Clube de Pernambuco. A partir daí fez shows em cassino até ser levada para o teatro de revista.

A mulher com as mais belas pernas, como ficou conhecida, foi descoberta por Chianca de Garcia, um famoso empresário teatral. A comediante Celeste Aída enviou uma foto de Salomé para o empresário que imediatamente pediu que ela embarcasse rumo ao Rio de Janeiro. Chegando ao aeroporto, Chianca, com um forte sotaque português, lhe disse: "É a mulher que eu quero".

Sua estreia foi no espetáculo "Um Milhão de Mulheres", ao lado de Colé e Celeste Aída. Já começou como vedete e estrela do espetáculo. Do Rio foi para São Paulo, onde atuou em "Eu Quero é me Badalar"; "Cai cai Balão"; "É com Essa que eu Vou", entre outras. Trabalhou em filmes do Mazzaropi, voltou a fazer parceria com Colé e trabalhou ao lado de Virgínia Lane.
 
Em 1950, Salomé Parísio foi para Portugal. Estreou "Saias Curtas", espetáculo que fez enorme sucesso no Cassino do Estoril. Em 1955, a Argentina se rendeu aos encantos e às pernas de Salomé. Foi outra temporada grandiosa.

Mas Salomé estava prestes a receber o maior convite de sua vida: substituir Carmen Miranda nos Estados Unidos. Tudo começou   quando o famoso arquiteto Oscar Niemeyer, fã confesso da vedete, levou o empresário Carlos Machado para assistir a um show de Salomé. Machado, conhecido como o rei da noite, era produtor de musicais de revista. Seus espetáculos faziam sucesso na alta sociedade brasileira. Só que ele já havia produzido três espetáculos nos Estados Unidos que não tinham agradado o público. Por isso, o empresário americano que o contratara veio ao Brasil escolher os artistas pessoalmente para seu próximo show. O americano, encantado com Salomé, exclamou: "She’s wonderful!"

E lá foi Salomé, com Nelson Gonçalves, estrelar o show Extravagância Brasileira na Radio City Music Hall, em NovaYork, em 1960. O espetáculo foi um estouro. Havia sessenta mulheres no palco e de repente entrava Salomé Parísio, de costas, cantando: "Soca, soca, soca pilão, Abana sinhá, peneira na mão". O público delirava com o rebolado da morena. O maestro, sem entender a letra da música, pedia para ela entrar de frente, não de costas.

Ele falava: "Miss Salame (era assim que os americanos pronunciavam), please, look for me". E ela falava: Não!Tem que ter o re-bo-la-do. O maestro ficava hipnotizado com o requebrado da vedete e acelerava a música de acordo com o balanço do quadril de Salomé, deixando doidos os músicos da orquestra.
 
O plano do empresário americano era ensaiar Salomé Parísio para substituir a estrela internacional Carmen Miranda. O projeto contava até com um filme em Hollywood para o lançamento da artista. Mas Salomé não viveu o seu sonho. Sua mãe sofreu uma fratura no fêmur e Salomé abandonou o trabalho para cuidar da mãe.

De volta ao Brasil, foi trabalhar com Walter Pinto. Com o declínio do  teatro de revista, continuou a fazer shows como cantora, foi contratada pela Tupi e fez "Almoço com as Estrelas", com Airton Rodrigues. Também participou do "Clube dos Artistas", com Lolita Rodrigues, depois foi para a Record e Bandeirantes.Trabalhou com Dercy Gonçalves no Esplanada, no Rio de Janeiro, e com vedetes como Anilza Leoni, na revista "Chica da Silva 65", em que interpretava a personagem-título.

O ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, dizia que ia ao teatro só para ver a pinta da perna de Salomé Parísio e exclamava: "Você é a número 1". 

Se os Estados Unidos escolheram Marilyn Monroe para cantar para seus soldados antes de ir à guerra, o Brasil preferiu Salomé Parísio. A artista foi convidada a cantar para os pracinhas brasileiros antes da partida deles para a Itália, na Segunda Guerra Mundial. 

Salomé também participou da lendária montagem de "Macunaíma", dirigida por Antunes Filho. Em novelas trabalhou em "Sangue do meu Sangue" de Vicente Sesso, em 1969, ao lado de Fernanda Montenegro, Tônia Carrero, Sadi Cabral e Armando Bógus, e fez uma participação na primeira versão de "Mulheres de Areia", em 1973, na TV Tupi.

Na década de 1980 participou das peças "Violinista no Telhado", "Dilúvio" e "Aí vem o Dilúvio".
 
Salomé Parísio vive hoje em São Paulo e continua a cantar, a fazer shows e programa festejar seus 60 anos de carreira com um grande espetáculo. Em suas aparições ainda  canta uma marchinha que sempre fez sucesso: "Beata, ta, beata, ta, / Este coco saboroso / Você come / E não me dá...".  

 Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.

Mara Rúbia, a vedete imbatível

Mara Rúbia nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, em 3/2/1918. Chamava-se Osmarina Lameira Cintra (ela odiava esse nome). Casou-se aos 17 anos, teve três filhos, separou-se do primeiro marido e foi viver no Rio de Janeiro. Depois de algum tempo na Capital Federal, leu que a Companhia de Walter Pinto anunciava: "precisa-se de girls para se apresentarem no Teatro Recreio. Mara não conhecia palavra girl, nem tinha a menor ideia que ofício era esse. 

O que lhe interessava era o ordenado: um conto e oitocentos. A diferença de seiscentos mil réis do salário de seu emprego anterior, numa firma de corretagem, lhe permitiria buscar seus dois filhos, Therezinha e Birunga, que haviam ficado com os avós, em Belém. Mara trouxera para o Rio apenas Ronaldo, o primogênito. E foi essa diferença que fez a nortista entrar para o teatro.

Mara Rúbia não começou no teatro de revista como simples bailarina, e sim como soubrette, nome designado às girls que já tinham algum destaque, graças a um número que Geysa Bôscoli havia criado especialmente para ela. Em 1944, estreia na revista Momo na Fila. O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la para o estrelato.

Transformou-se em grande vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.

Em 1946 já estrelou com sucesso a revista Não Sou de Briga, ano em que foi eleita Rainha das Atrizes pela primeira vez. Com Walter Pinto, Mara fez oito espetáculosnesse período. Entre seus enormes e inesquecíveis sucessos estão Bonde da Laite (1945); Canta, Brasil! (1945); Rabo de Foguete (1945); Carnaval da Vitória (1946); Não Sou de Briga (1946) – nestas três últimas, Mara já era a segunda figura do elenco, estrelado por Renata Fronzi – e ainda Nem te Ligo (1946); Vamos pra Cabeça (1949) – quando chegou ao estrelato com o empresário – e Está com Tudo e não Está Prosa (1949) – no auge de sua carreira, quando dividiu o estrelato com Virgínia Lane.

Em 1950 foi eleita, novamente, Rainha das Atrizes. Durante vários anos, Mara Rúbia se instalou como a grande vedete da PraçaTiradentes. Com enorme carisma e espontaneidade, dividiu os palcos cariocas com outras celebridades, entre elas Dercy Gonçalves, Renata Fronzi, Oscarito e Grande Otelo. Em 1950 foi convidada pela grande Bibi Ferreira para dividir o estrelato na peça Escândalos de 1950, feito que se repetiria em Escândalos de 1951.

Um dado interessante na trajetória dessa estrela, é que foi a única vedete do teatro de revista que saiu da PraçaTiradentes para oTeatro Municipal. Em 1947, foi convidada pela inesquecível Dulcina de Moraes a participar de duas peças no Teatro Dramático: A Filha de Iório, de Gabriel Dannunzio, e Já é Manhã no Mar, de Maria Jacynta. E atuou ao longo de sua carreira em outros tantos trabalhos no teatro de comédia.

Mara também fez televisão na década de 1950 (na antiga TV Tupi), além de shows de boates, uma ramificação da revista. Em cinema, participou dos filmes Fantasma por Acaso (1946) e É com Esse que eu Vou (1948), todos com Oscarito; protagonizou a comédia Não é Nada Disso (1950) e o drama policial Brumas da Vida (1952), no qual atuava ao lado de sua filha,Therezinha. Em Os Deuses e os Mortos (1970), ganhou a Coruja de Ouro como melhor coadjuvante. 

Descoberta pela turma do cinema, fez diversos filmes como O Casamento (1975); Dona Flor e seus Dois Maridos (1976).  Seu último filme foi Bububu no Bobobó (1980), em que interpretava a si mesma, num enredo que contava a decadência do teatro de revista. 

Na Rede Globo, fez as novelas Pulo do Gato; Sinal de Alerta e Feijão Maravilha, todas no final da década de 1970. 

As duas maiores Grandes Vedetes do Brasil foram Mara Rúbia e Virgínia Lane. Fizeram juntas, em 1952, Eu Quero é Sassaricá!, o espetáculo antológico considerado como uma das melhores revistas de todos os tempos. 

A vedete imbatível nos números de plateia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de maio de 1991.

 Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.