sábado, 10 de novembro de 2012

A menina que suava em cores

Tínhamos escrito um bem documentado artigo sobre a menina Vera Lúcia, a tal mineirinha que sua colorido. 0 trabalho era muito bem documentado e de grande importância para o estudo do fenômeno que ora preocupa a imprensa carioca e deixa um pouco off side a ciência de um modo geral. Isto porque, sendo um artigo de Stanislaw, já era obra de valor, valor este que aumentava, ao levar-se em conta que somos um dos que mais fizeram mulher suar pela aí.

É lógico que suor colorido para nós também é bossa nova, ainda que não sejamos supersticiosos a ponto de achar que Vera Lúcia é milagrosa. Isto não.

Que nos recordemos assim, a grosso modo, só Primo Altamirando é que, certa vez, começou a suar colorido. Aliás, não era bem colorido. Ele começou a suar numa cor só: o preto — mas Tia Zulmira, com um pouco de água e um pedaço de sabão, acabou com o milagre.

Nosso artigo sobre o suor colorido de Vera Lúcia chamava a atenção dos leitores para a inveja que vinha causando em alguns coleguinhas jornalistas, como o Timbaúba — por exemplo — do "Diário Carioca", que escreveu uma porção de bobagens sobre o que chamou de "literatura química", dizendo que Vera Lúcia suava por causa da reação de certos ácidos etc. etc. E isto é pura inveja do coleguinha porque não existe ninguém mais ácido do que o Dr. José Maria Alkmim e, que saibamos, nunca o ex-Ministro da Fazenda suou em cores.

Dizíamos também que Vera Lúcia poderia ajudar na recuperação do cruzeiro, valorizando a moeda no exterior, ao ser exportada com seu suor em tecnicolor, para Hollywood, onde faria um Metro-musical daqueles bem chatos, com Debbie Reynolds, um irmão do Mário Lanza e a orquestra do Ray Coniff.

Mas nosso artigo não foi publicado, e mesmo assim surgiram logo notícias pessimistas, atribuindo aos pais de Vera Lúcia uma chantagem. Veio um médico para as manchetes dizendo que eles é que davam determinada droga pra moça beber e suar azul de manhã, verde ao entardecer e roxo de noite, com variações coloridas nas horas suplementares, insinuando que os pais de Vera Lúcia são cafiolas de suor. Se assim é, já não está mais aqui quem falou. Mesmo sendo um cidadão useiro e vezeiro em fazer mulher suar, Stanislaw se abstém de opinar.

Felizmente nosso artigo não foi publicado, pois ia suscitar polêmicas. Se o suor de Vera Lúcia é pré-fabricado, já não existe mais a mística em torno de sua transpiração.

E é pena, porque esta seria a segunda Vera Lúcia a fazer milagre, num curto espaço de tempo. A outra é a Vera Lúcia da Rádio Nacional, que conseguiu se eleger "Melhor Cantora de 1959", no suado concurso da "Revista do Rádio".

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

O dedo

Foi em São Paulo num ônibus. Havia um dedo; aliás, como é natural em coletivos, havia diversos dedos. Em coletivos, comumente, acontece mão-boba, quanto mais dedo.

Não. Não era um dedo-bobo, nem pode ser comparado com os demais dedos que viajavam no Santa Clara—Paissandu, da Empresa Vila Paulista Ltda., porque estes estavam em seus respectivos lugares, nas mãos de seus donos, enquanto que o dedo citado estava sozinho, no chão do ônibus, apontando sabe lá Deus para onde.

Dirão vocês: então era um dedo-bobo. Mas nós, mais ponderados pouquinha coisa, explicamos que não era bobo. Era um dedo de responsabilidade, pois portava aliança.

Deu-se que o Senhor Leonel, motorista do veículo, já achara chato quando um passageiro, que talvez fosse Primo Altamirando (Mirinho foi a São Paulo visitar um traficante de cocaína, seu amigo), ao descer do ônibus dissera: "ó meu... deixaram um dedo aqui pra você." Achara chato porque a piada não tinha graça nenhuma.

Mas, pouco depois, um outro passageiro ia saindo, olhou para baixo e viu o dedo. Estava no mesmo lugar que o passageiro anterior indicara, apontando com outro dedo, lá dele. O passageiro, mais minucioso em suas pesquisas, em vez de avisar ao motorista, abaixou-se e pegou o dedo. Era um dedo casado com Dona Paula Yukiawone vai fazer onze anos na próxima segunda-feira.

Como, minha senhora? Como é que chegaram a esta conclusão? Porque o dedo tinha aliança, madame. Tinha aliança e, na aliança, estava escrito "Paula Yukiawone— 25-1-1949". Logo, é elementar, my dear Watson!

Agora, o que se faz com um dedo transviado (e aqui não vai nenhuma insinuação de que o marido de Dona Paula seja lambretista), ninguém sabe.

Carregaram-no para a Delegacia de Homicídios, porque do dedo pra lá não se conhece o dono. A Polícia está na expectativa de que o dono direito do dedo ou Dona Paula, que casou com o dedo e o resto que normalmente acompanha um dedo, venha reclamá-lo. E, enquanto espera, não sabe o que fazer ou como agir.

E é profundamente incômodo para a Polícia ficar olhando aquele dedo que não aponta para lugar nenhum. Mas o jeito é esperar, porque não é provável que seguindo para o lugar que o dedo aponta a Polícia encontre o dono.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

Descoberta nova espécie de dinossauro

Xenoceratops foremostensis era herbívoro e tinha
duas toneladas, diz estudo. Parente do triceratops,
viveu há  cerca de 80 milhões de anos.

Um grupo de cientistas do Canadá descobriu uma nova espécie de dinossauro com chifres. Conhecida como Xenoceratops foremostensis, a espécie foi identificada a partir de fósseis originalmente coletados em 1958.


Medindo aproximadamente 6 metros de altura e pesando mais de duas toneladas, o dinossauro seria, de acordo com os pesquisadores, herbívoro e representa o mais antigo exemplar com chifres do Canadá. A pesquisa foi publicada no periódico Canadian Journal of Earth Sciences.

"Surgidos há 80 milhões de anos, os dinossauros com chifres da América do Norte passaram por uma explosão evolucionária", afirmou o autor do estudo e curador de paleontologia vertebrada no Museu de História Natural de Cleveland, Dr. Michael Ryan. "Xenoceratops nos motra que mesmo os mais antigos ceraptors (grupo de grandes dinossauros) tinham chifres gigantes na cabeça e que a ornamentação do crânio só se tornaria mais elaborada com a evolução de novas espécies", afirma.

O termo Xenoceratops significa "alien de chifre no rosto", referindo-se à incomum distribuição de chifres na cabeça do animal e à escassez de fósseis desses chifres nos registros de material encontrado. O artigo afirma também que o dinossauro possuía um bico semelhante ao de papagaio com dois longos chifres acima dos olhos.

O novo dinossauro foi descrito a partir de fragmentos do crânio de pelo menos três indivíduos que foram coletados na década de 1950, mas não foram estudados anteriormente. Eles estão armazenados no Museu Natural de Ottawa, no Canadá. A descoberta é a última de uma série de resultados encontrados pelos pesquisadores Michael Ryan e David Evans como parte do Projeto Dinossauro da região sul de Alberta, desenvolvido para preencher as falhas no conhecimento de répteis pré-históricos e estudar sua evolução.

"A descoberta de espécies antes não conhecidas ressalta a importância de ter acesso a coleções científicas", afirma Kieran Sheperd, coautor do estudo e curador de paleobiologia no Museu Natural do Canadá. "Essas coleções fornecem potencial para muitas novas descobertas", completa.

Fonte: Terra