quinta-feira, 25 de abril de 2013

Peixe ainda tem baixo consumo no Brasil


Seja em casa ou no restaurante, o consumidor brasileiro não tem o hábito de comer peixe. Diversas pesquisas já realizadas apontam que o consumo está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, ainda que seja de conhecimento geral que o alimento é uma ótima fonte de ácido graxo ômega 3 e traga dezenas de benefícios para o organismo humano. O que influencia o baixo consumo deste alimento?

Foi em busca de respostas que a nutricionista Izabella Tesoto Loscalzo realizou entrevistas com 199 pessoas, procurando saber quais atributos de qualidade são levados em consideração para a ingestão do peixe pelo consumidor de Campinas (SP). Uma resposta obtida é que os voluntários levam em consideração o sabor, o aroma, a textura e a aparência do peixe na hora de consumir.

"Fora o período em que os cristãos celebram a Semana Santa, o peixe não costuma estar presente na mesa do consumidor. É comum imaginarmos que a procedência poderia ser um aspecto relevante, por se tratar de um alimento perecível e de fácil contaminação. Mas fato é que o consumidor leva em conta muito mais os quesitos sensoriais, como aparência, sabor e aroma do que aqueles relacionados com a origem do pescado", destaca a nutricionista.

Apresentada na FEA (Faculdade de Engenharia de Alimentos), a pesquisa de mestrado teve orientação da professora Elisabete Salay. Para a nutricionista, os resultados podem servir de referência para que os restaurantes e a indústria de alimentos proponham alternativas atrativas ao consumidor e, assim, conseguir uma maior aceitação do peixe. "Um exemplo seria o de sugerir receitas saborosas e criativas. O restaurante também pode informar o cliente sobre os cuidados higiênicos tomados durante o preparo, por meio de selos de qualidade. Talvez essas informações pudessem despertar o interesse e estimular o consumo", sugere a nutricionista.

Entretanto, a responsabilidade pela baixa aceitação deste alimento não pesa apenas sobre os restaurantes. Na opinião de Izabella Loscalzo, o setor público poderia programar campanhas visando ensinar o brasileiro a identificar um bom peixe, bem como outras maneiras de preparo. "Seria interessante destacar a qualidade nutricional, mas também esclarecer as particularidades quanto a contaminantes, de modo que auxilie no aumento do consumo saudável do produto", defende.

Índices preocupantes

Segundo a pesquisadora, o peixe assado foi a forma de consumo mais indicada nas entrevistas. Mas, de maneira geral, a frequência de consumo tanto em casa como no restaurante se manteve muito baixa, confirmando resultados de outros estudos: apenas 7% dos indivíduos comem peixe duas ou mais vezes por semana em casa e 4% em restaurantes. Os índices de quem nunca ou raramente consome peixe são ainda mais preocupantes: 39,7% dos frequentadores de restaurantes e 32,6% dos que fazem as refeições em casa.

O estudo também apontou que as mulheres dão mais atenção à qualidade do peixe, em comparação aos homens. Outro dado é que quanto maior a faixa etária, maior relevância é dada ao seu valor nutricional. Segundo a nutricionista, esses dados mostram que a percepção da qualidade pode variar conforme as características socioeconômicas e demográficas dos indivíduos. Isso foi possível perceber pelo fato de a pesquisa ter sido realizada com funcionários de uma empresa, com diversos perfis, desde trabalhadores da produção até aqueles em cargo de diretoria.

Izabella Loscalzo faz questão de lembrar os benefícios que os peixes oferecem para a saúde humana, por conterem um conjunto de minerais e vitaminas essenciais, proteínas de melhor digestibilidade e baixo teor de gordura e colesterol, além de apresentarem uma composição graxa beneficiada, graças à presença de ácidos graxos essenciais polinsaturados. "Por estes e por muitos outros motivos, o consumo deve ser incentivado na população brasileira", conclui.

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Fonte: Jornal da Unicamp / Uol

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